quarta-feira, 19 de maio de 2010

DOCUMENTÁRIO INÉDITO SOBRE OS "ROLLING STONES"

"Stones in exile' foi exibido em Cannes na presença de Mick Jagger. Filme inclui cenas de 'Cocksucker blues', registro não-autorizado pelo grupo.
Diego Assis Do G1, em Cannes

O roqueiro Mick Jagger foi a Cannes nesta quarta-feira (19) apresentar "Stones in exile", novo documentário sobre os Rolling Stones exibido pela primeira vez na Quinzena dos Realizadores.

Dirigido por Stephen Kijak sob encomenda do próprio Jagger, o filme foca o período das gravações do álbum "Exile in Main St.", mítico álbum duplo da banda lançado em maio de 1972, período em que os Stones se submeterem a um exílio forçado por estarem devendo mais em impostos no Reino Unido do que tinham em dinheiro para pagar.

Enquanto Jagger mudou-se para Paris e casou-se com Bianca, Richard alugou uma mansão paradisíaca no sul da França e o local acabou servindo de estúdio para gravação de boa parte do álbum.

"Nós éramos jovens, bonitos e estúpidos. Agora somos só estúpidos", brincou Jagger antes do início da exibição,lembrando do início da década de 1970. "Nixon estava na casa Branca, a Guerra do Vietnã acontecia, e nós não sabíamos nada disso porque estávamos trancados naquela casa fazendo esse disco."

Cena de 'Exile on Main Street'.

Com apenas 61 minutos de duração e estreia marcada para 10 junho deste ano na TV francesa, "Stones in exile" é composto de três fontes principais: entrevistas com os músicos e amigos da banda hoje, fotos de arquivo e, mais interessante, sobras de imagens de um documentário jamais lançado oficialmente chamado "Cocksucker blues", de Robert Frank.

Em 1972, Frank foi autorizado a acompanhar a turnê da banda e espalhar câmeras por toda a parte, deixando que qualquer um fizesse gravações. Como em "Gimme shelter", de Albert e David Maysles, a proposta era capturar os momentos mais à vontade da banda.

O problema é que os registros acabaram comprometedores demais e a banda proibiu na Justiça o lançamento da versão final de "Cockscuker blues". Desde então, apenas sessões esporádicas - sempre na presença do diretor - e cópias piratas do filme foram realizadas.

"Quando fomos convidados a fazer o filme, nós tivemos acesso a esse quarto secreto em Londres repleto de raridades. Parecia aquela cena do 'Caçadores da arca perdida', mas tudo era dos Rolling Stones, desde os primórdios da banda", contou Kijak após a exibição de "Stones exile" em Cannes. "Tinha 30 ou 40 caixas de rolos de filme só com as sobras do 'Cocksucker blues'. Foi como encontrar ouro brilhando nas estantes."

Para preencher os buracos e tentar reconstruir aqueles dias de gravação, o diretor reproduz negativos e páginas de contato do fotógrafo francês Dominique Tarlé, que passou seis meses hospedado de favor na casa de Richards. "Ele me dizia para concentrar nas fotos e na música, que ele cuidaria de todo o resto," lembra o fotógrafo em depoimento no filme.

Além, das imagens de Tarlé, completam a parte visual do documentário fotos inéditas de Jim Marshall, feitas no Sunset Sound, em Los Angeles, onde a banda teve de se "exilar" novamente nas últimas semanas de gravação do álbum porque os relatos de consumo de drogas na mansão de Richards haviam colocado os Stones na mira da polícia francesa.

Diferente dos filmes dos irmãos Maysles ou do espetáculo em alta-definição de Shine a light", de Scorsese, no entanto, as imagens de "Exile" são mais fragmentadas, como uma colagem, e devem interessar mais aos fãs ávidos por qualquer pedaço de informação inédita da banda.

Talvez por conta da supervisão rigorosa de Mick Jagger, dos depoimentos chapa-branca ou mesmo da memória um tanto apagada dos integrantes do grupo, "Stones in exile" não traz grandes revelações sobre o que realmente aconteceu naquelas semanas.

Quem quiser saber mais terá de continuar recorrendo ao proibidão "Cocksucker blues" ou, quem sabe, conseguir as chaves para o misterioso quartinho da banda em Londres.

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