sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

PAULINHO DA VIOLA FAZ PROGRAMA DE AUDITÓRIO NA RÁDIO NACIONAL

Luis Turiba

Paulinho da Viola está usando óculos de lentes amarelas tipo aquelas
do roqueiro Bono Vox. Os cabelos totalmente brancos anunciam os 70
anos que se aproximam. Nesta sexta-feira ele passou duas horas no
histórico auditório da Rádio Nacional, na Praça Mauá, relembrando
histórias do pai, o chorão César Faria, que faria 93 anos se vivo
fosse. Fundador do conjunto Época de Ouro, ao lado de Jacob do
Bandolim e Dino Sete Cordas, César Faria integrou o grupo até o ano de
2006, e se apresentava regularmente na Rádio Nacional
A homenagem foi no programa "Época de Ouro", do jornalista-poeta
Cristiano Menezes. O auditório, com lugares para 300 pessoas, recebeu
o dobro.
Gripadaço, Paulinho se desculpou pela voz – "tive febre ontem" -, mas
cantou, contou e encantou a todos com belas histórias do mundo do
samba e do choro. Não poderia faltar no repertório musical o histórico
samba "14 Anos", que segundo ele não foi feito para César Faria, mas
para todos os pais daquela época. "Tinha eu catorze anos de idade/
quando meu pai me chamou/perguntou se eu queria/ estudar filosofia,
medicina ou engenharia/ tinha eu que ser doutor/ mas a minha
inspiração/ era ter um violão/ para me tornar sambista."
Paulinho revelou que, quando menino, ficava sempre próximo a Jacob do
Bandolim, observando, olhos nos olhos, o mestre afinar o instrumento.
Até que um dia Jacob pediu que ele trocasse as cordas do bandolim.
Para tanto, pedia sempre ao pai para ir às reuniões dos chorões:
"posso ir?", ao que César Faria respondia: "quem não toca, carrega." E
assim, o choro entrou em sua vida.
Paulinho da Viola cantou "Nova Ilusão", "Pelas ruas que sonhei", com
Nilze Carvalho; e os clássicos "Dança da Solidão", "Pecado Capital",
"Coração leviano", "Timoneiro" e sua inesquecível homenagem à Portela
– "Foi um dia que passou em minha vida". Depois, como sempre, muitas
fotos, autógrafos e a elegância de sempre no atendimento aos fãs.
O portelense que desfilou esse ano num carro abre-ala ao lado de
Marisa Montes, gostou da força tradicional do samba e da bateria da
escola de Madureira. Mantêm, porém, sua opinião sobre os espetáculos
do carnavalesco Paulo Barros – "se não compreender e absorver as
mudanças e as evoluções dos desfiles, como os apresentados pela Unidos
da Tijuca, vou ficar um velho chato e ultrapassado", declarou ele
recentemente. Mas histórico compositor da Portela diz que apreciou
muito o desfile da Vila Isabel e o trabalho da carnavalesca Rosa
Magalhães. "Ela é uma das tradições do carnaval carioca e não dá pra
descartá-la", diz Paulinho.

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