quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

LÍNGUA À BRASILEIRA

Poema que recitei no CORUJÃO DA POESIA
 
Luis Turiba
 
 
Ó órgão vernacular alongado
hábil áspero ponteado
móvel Nobel ágil tátil
Amálgama lusa malvada
degusta deglute deflora
mas qual fora antropofágica
salva a pátria mal amada
 
Língua-de-trapo Língua solta
Língua  ferina Língua douta
Língua cheia de saliva
Saravá Língua-de-fogo e fósforo
Viva & declinativa
Língua fônica apócrifa
Lusófona & arcaica
Crioula Iorubaica
 
Língua-de-sogra Língua provecta
Língua morta & ressurecta
Língua tonal viperina
Palmo de neolatina
Poema em linha reta
Lusíadas no fim do túnel
Caetano não fica mudo
Nem "Seo" Manual lá da esquina
 
Por ti Gueras Errante, afro-gueixa
O mar se abre o sol se deita
Por Mários de Sgarana
Por magos de Saramagos
Viva os lábios!!
Viva os livros!!
Dos Rosas Campos & Netos
Os léxicos, Andrades, os êxtases
Toda a síntese da sintaxe
Dos erros milionários
Desses malandros otários
Descartáveis de gorjetas
 
Língua afiada a Machado
Afinal, cabeça afeita
Desafinada índia-preta
Por cruzas mil linguageiras
A coisa mais Língua que  existe
É o beijo da impureza
Desta Língua que adeja
Toda brisa brasileira
 
Por mim,
              Tupi,
                      por tu, Guesa

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