Ex-catadores vão passar a industrializar produtos recicláveis
Após ingresso em cooperativas, profissionais almejam avançar na cadeia produtiva e se tornar empresários industriais
Plástico, papelão, alumínio, cobre e metal. Esses são os principais produtos que Ubiratan Santa Bárbara, 47, catou durante quase 30 anos no antigo lixão de Canabrava, bairro de Salvador. Há oito, ele integra a Cooperativa de Agentes Ecológicos de Canabrava (CAEC), onde, de maneira organizada e digna, auxilia na prensagem desses mesmos materiais com o objetivo de vender a indústrias. Porém, de acordo com Ubiratan, o objetivo é ampliar a visão de negócio, tornando os catadores em empresários industriais. "Nosso pensamento inicial é implantar uma fábrica de sabão, usando o reaproveitamento do óleo", exclama.
Ele foi um dos cerca de 50 ex-catadores que trabalham na CAEC e na Cooperativa de Catadores de Canabrava (Cooperbrava), que tiveram a oportunidade de assistir ao filme Lixo Extraordinário, indicado ao Oscar 2011 na categoria Documentário de Longa-Metragem. A sessão aconteceu na última quinta-feira (10), às 17h, no Espaço Unibanco Glauber Rocha, na Praça Castro Alves, centro da capital baiana. O objetivo da ação, organizada pelo Centro de Estudos Socioambientais do Pangea, foi levar a esses trabalhadores uma possibilidade de reflexão sobre o passado, a realidade de um trabalho decente no presente e as perspectivas de futuro.
"Esse filme foi maravilhoso. Até que enfim alguém teve a coragem de relatar a tragédia que é a vida de um catador e que acontece em vários lugares diferentes?" analisou Ubiratan. De acordo com o assessor técnico do Pangea, Luiz Sena, esse encontro mostrou que há possibilidades a serem buscadas, de maneira coletiva. "Eles saíram um pouco do ambiente de trabalho para verem uma realidade ao mesmo tempo tão próxima quanto inimaginável. Transformar este espanto em ação solidária foi um desafio estimulante", afirma.
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