sexta-feira, 30 de setembro de 2011

MINISTRA IRINY LOPES, DEIXE A GISELE BÜNDCHEN EM PAZ: COM OU SEM LINGERIE

Gisele Bündchen é protagonista de campanha publicitária polêmica


Valdira Guimarães Augusto

Campanha publicitária de uma fabricante de roupas íntimas, protagonizada pela modelo Gisele Bündchen, vem causando polêmica. Nos vídeos da propaganda, Gisele conta ao marido que bateu o carro e estourou o limite do cartão de crédito. Inicialmente, a modelo aparece vestida com roupa e, na sequência, apenas de lingerie. A propaganda aponta que a primeira maneira é errada e, a segunda, correta. A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), da Presidência da República, enviou no último dia 27 ofício ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), solicitando a suspensão da campanha publicitária.

A peça publicitária vem motivando diferentes opiniões sobre o fato da campanha reforçar, ou não, a discriminação contra a mulher.

Para a advogada Ana Cecília de Mattos, presidente da Comissão da Mulher da OAB de Rio Claro, a marca abusou do bom humor e reforça a visão estereotipada da mulher e, de certo modo, glorifica um tipo de relação entre homem e mulher que ela não considera saudável. Além disso, Ana Cecília aponta que a propaganda reforça um padrão de imagem e beleza que precisa ser quebrado.

Sobre o fato da propaganda correr risco de ser suspensa, a presidente da Comissão da Mulher destaca que, dependendo do ponto de vista, concorda, porém comenta que existem propagandas mais ofensivas.

"Se analisarmos o conteúdo da propaganda que promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido, e reforça a falsa ideia de padrões de beleza e imagem - sim - a suspensão da propaganda é pertinente. Porém, temos algumas novelas e propagandas que denigrem de modo mais grave a imagem da mulher e estão veiculando livremente sem qualquer censura. Comparada com essas propagandas ofensivas às mulheres, a propaganda da Hope poderia até ser classificada como uma versão light de ofensa. É injusto tirar essa propaganda do ar e manter as demais. Que este seja o início de um grande questionamento acerca dos comerciais de extremo mau gosto que agridem a todos, principalmente o papel das mulheres na sociedade", revela a advogada.

Por outro lado, o coordenador do curso de Publicidade e Propaganda das Faculdades Claretianas, João Carlos Picolin, acredita que a propaganda trabalha o estereótipo da sensualidade, porém não é ofensiva. Ele diz que, do ponto de vista profissional, não entende que a propaganda denigra a imagem da mulher ou a trate como objeto sexual do homem. O coordenador aponta que, o que pode causar constrangimento, é o fato da peça utilizar as expressões "certo" e "errado".

"Considero um exagero a questão de tirar a propaganda do ar, ela é polêmica no sentido de que retoma a discussão sobre o uso da mulher como objeto sexual, embora na campanha a protagonista esteja falando com o marido. Na propaganda de um canal por assinatura, no qual ela também é protagonista e cria um estereótipo de mulher dona de casa, não gerou repercussão, a questão é que um tem apelo sexual e outro da mulher dona de casa, o que eles não podem é ser agressivos com as pessoas. Acho que a propaganda não fere a imagem da mulher, a protagonista é a Gisele Bündchen, uma mulher de sucesso, inteligente, bem-sucedida e consagrada na profissão de modelo; e que estão tentando agregar a imagem dela ao produto. Que a peça trabalha com a questão da sedução isso é verdade, de forma até cômica, mas não vejo motivo para tirá-la do ar", opina o coordenador.

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