quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
ARUC, PATRIMÔNIO CULTURAL DE BRASÍLIA, CORRE SÉRIOS RISCOS
Meu caro amigo Turiba,
Te escrevo em caráter pessoal, em nome da nossa amizade e do nosso compromisso com a história dessa cidade que escolhemos para viver e que ajudamos a escrever.
A ARUC vive um dos momentos mais difíceis e dramáticos da sua gloriosa história de 54 anos.
Durante todos esses anos, a ARUC se transformou numa referência do samba, do esporte, da cultura e do Carnaval não só em Brasília, mas em todo o país. Você sabe muito bem que no Rio de Janeiro, entre os sambistas e o povo do Mundo do Samba, todo mundo conhece e respeita a ARUC e seu trabalho.
Você não só sabe disso, como acompanhou de perto grande parte dessa história, frequentando nossa quadra, seja nos ensaios, seja nos eventos, e até mesmo desfilando na Bateria.
O trabalho da ARUC em defesa do samba de raiz, principalmente a partir do final dos anos 70 e começo dos anos 80, foi decisivo para que Brasília recebesse, na quadra da ARUC, nomes como os de Paulinho da Viola, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Eliana Pitmann, Nelson Sargento, Noca da Portela, Martinho da Vila, Jamelão, Luiz Carlos da Vila, Velha Guarda da Portela, Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Dorina e tantos outros sambistas de renome.
Tudo isso nos permitiu ter a honra de ser uma das poucas manifestações culturais de Brasília a ser oficialmente reconhecida pelo GDF como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal.
Pois bem, toda essa história, agora, está seriamente ameaçada. Seja pela indefinição quanto à regularização da área ocupada pela ARUC desde 1973, que se arrasta há anos, nos causa uma profunda insegurança jurídica e nos impede de buscar patrocínios e parcerias para revitalizar a área e promover benfeitorias que beneficiariam não só a comunidade do Cruzeiro, mas os amantes do samba de toda a cidade, seja pela não realização dos desfiles das escolas de samba em 2015, que, muito provavelmente, também não deve ocorrer em 2016, que afasta a nossa comunidade da nossa quadra e da nossa sede.
Para lutar contra isso e mostrar que estamos vivos, temos tentado realizar alguns eventos, ao longo do ano, mantendo viva a bandeira do samba. Amanhã, dia 5 de dezembro, realizaremos mais um desses eventos, uma Feijoada, para comemorar o Dia Nacional do Samba, com a participação da cantora Dhi Ribeiro e dos grupos Samba-Show e Kanella de Cobra, além da Bateria Nota 10 da ARUC. Durante o evento, lançaremos oficialmente a campanha Sou + ARUC, que pretende mobilizar a comunidade, os amantes do samba e os amigos da ARUC, como você, na defesa da regularização da nossa área e na luta pela nossa sobrevivência.
Conto com sua presença nesse evento e, mais do que isso, com seu apoio, pessoal e profissional para ajudar a divulgar as nossas atividades e na nossa campanha em defesa da ARUC.
Um abraço fraterno
Moa – 04/12/2015
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