segunda-feira, 27 de maio de 2013

HOMENAGEM A MILLOR FERNANDES NO ARPOADOR

 

Monumento tem vista para o pôr do sol, como o cartunista pediu a amigos.
Millôr morreu em 2012, aos 88 anos, após uma parada cardíaca.

Do G1 Rio

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banco millor (Foto: Marcelo Piu/Agência O Globo)Banco tem a silhueta de Millôr e vista para o pôr do sol (Foto: Marcelo Piu/Agência O Globo)

Foi inaugurado no fim da tarde desta segunda-feira (27), no calçadão entre as praias do Diabo e do Arpoador, na Zona Sul do Rio, um banco panorâmico em homenagem ao escritor, desenhista e jornalista Millôr Fernandes, morto em março de 2012 aos 88 anos, após uma parada cardíaca.

O escritor sempre dizia, contam os amigos, que se um dia fosse homenageado, poderia ser com um banquinho de onde fosse possível ver o pôr do sol. É por isso que, bem no horário do pôr do sol, o banquinho com vista para o mar de Ipanema e Leblon foi inaugurado. O local escolhido desde 2012 é conhecido como o Largo do Millôr.

O projeto, do urbanista Jaime Lerner, dá a impressão de que o banco flutua. Um perfil do escritor foi desenhado por Chico Caruso e apelidado de "O Pensador de Ipanema". Além de Caruso, estiveram presentes à inauguração o filho de Millôr (1923 - 2012), Ivan Fernandes, e o irmão, Hélio Fernandes, além de amigos como a atriz Fernanda Montenegro.

"Tantos anos de convívio de amizade, de produtividade também. É uma hora bonita. E um dia vai ter um pôr do sol. E a gente vai vir aqui só pra ver o pôr do sol ao lado do Millôr", disse Fernanda, em entrevista ao RJTV.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

OLHANDO O DIA DE HOJE, NO RIO, NÃO PODERIA DEIXAR DE RELEMBRAR ESSE PRIMOR DE C.D.A.


Os Dias Lindos - Carlos Drummond de Andrade

"Não basta sentir a chegada dos dias lindos. É necessário proclamar: "Os dias ficaram lindos".

Acontece em abril, nessa curva do mês que descamba para a segunda metade. Os boletins meteorológicos não se lembraram de anunciá-lo em linguagem especial. Nenhuma autoridade, munida de organismo publicitário, tirou partido do acontecimento. Discretos, silenciosos, chegaram os dias lindos.

E aboliram, sem providências drásticas, o estatuto do calor. A temperatura ficou amena, conduzindo à revisão do vestuário. Protege-se um tudo-nada o corpo, que vivia por aí exposto e suado, bufando contra os excessos da natureza. Sob esse mínimo de agasalho, a pele contente recebe a visita dos dias lindos.

A cor. Redescobrimos o azul correto, o azul azul, que há meses se despedaçara em manchas cinzentas no branco sujo do espaço. O azul reconstituiu-se na luz filtrada, decantada, que lava também os matizes empobrecidos das coisas naturais e das fabricadas. A cor é mais cor, na pureza deste ar que ousa desafiar os vapores, emanações e fuligens da era tecnológica. E o raio de sol benevolente, pousando no objeto, tem alguma coisa de carícia.

O ar. Ficou mais leve, ou nós é que nos tornamos menos pesadões, movendo-nos com desembaraço, quando, antes, andar era uma tarefa dividida entre o sacrifício e o tédio? Tornou-se quase voluptuoso andar pelo gosto de andar, captando os sinais inconfundíveis da presença dos dias lindos.

Foi certamente num dia como estes que Cecília Meireles escreveu: "A doçura maior da vida flui na luz do sol, quando se está em silêncio. Até os urubus são belos, no largo círculo dos dias sossegados". Porque a primeira conseqüência da combinação de azul e leveza de ar é o sossego que baixa sobre nosso estoque de problemas. Eles não deixam de existir. Mas fica mais fácil carregá-los.

Então, é preciso fazer justiça aos dias lindos, oferecer-lhes nossa gratidão. Será egoísmo curti-los na moita, deixando de comentar com os amigos e até com desconhecidos que por acaso ainda não perceberam o raro presente de abril: "Repare como o dia está lindo". Não precisa botar ênfase na exclamação. Pode até fazê-la baixinho, como quem transmite boato e não deseja comprometer-se com a segurança nacional. Mesmo assim, a afirmação pega. Não só o dia fica mais lindo, como também o ouvinte, quem sabe se distraído ou de lenta percepção sensorial, ganha a chance de descobri-lo igualmente. Descobre e passa adiante a informação.

A reação em cadeia pode contribuir para amenizar um tanto o que eu chamo de desconcerto do mundo. De onde se conclui: deixar de lado, mesmo por instantes, o peso dos acontecimentos mundiais trágicos, esmagadores, para degustar a finura da atmosfera e a limpidez das imagens recortadas na luz, é um passo dado para reduzir o desconcerto, na medida em que a boa disposição de espírito de cada um pode servir de prefácio, ou rascunho de prefácio, à pacificação, ou relativa pacificação, dos povos e seus dominadores. Em vez de alienação, portanto, o prazer dos dias lindos é terapia indireta.

Pode ser que o desconhecido lhe responda com um palavrão, desses em moda na sociedade mais fina. Não faz mal. Não se ofenda. Ele descarregou sobre a sua observação amical o azedume que ameaçava corroê-lo no íntimo. Livre desse fel, talvez se habilite a olhar também para o céu e a descobrir mesmo certa beleza esvoaçante no urubu. De qualquer modo foi avisado. Já sabe o que estava perdendo: a consciência de que certos dias de abril e maio são mais lindos do que os outros dias em geral, e nos integram num conjunto harmonioso, em que somos ao mesmo tempo ar, luz, suavidade e gente.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

MANOEL DE BARROS, O POETA PASSARINHO

o manejador de invencionices MANOEL DE BARROS!
@[183582651662046:274:Manoel de Barros]  " O menino que carregava água na peneira"      Tenho um livro sobre águas e meninos.  Gostei mais de um menino  que carregava água na peneira.  A mãe disse que carregar água na peneira  era o mesmo que roubar um vento e sair  correndo com ele para mostrar aos irmãos.  A mãe disse que era o mesmo que  catar espinhos na água  O mesmo que criar peixes no bolso.  O menino era ligado em despropósitos.  Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.  A mãe reparou que o menino  gostava mais do vazio  do que do cheio.  Falava que os vazios são maiores  e até infinitos.  Com o tempo aquele menino  que era cismado e esquisito  porque gostava de carregar água na peneira  Com o tempo descobriu que escrever seria  o mesmo que carregar água na peneira.  No escrever o menino viu  que era capaz de ser  noviça, monge ou mendigo  ao mesmo tempo.  O menino aprendeu a usar as palavras.  Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.  E começou a fazer peraltagens.  Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro  botando ponto no final da frase.  Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.  O menino fazia prodígios.  Até fez uma pedra dar flor!  A mãe reparava o menino com ternura.  A mãe falou:  Meu filho você vai ser poeta.  Você vai carregar água na peneira a vida toda.  Você vai encher os  vazios com as suas peraltagens  e algumas pessoas  vão te amar por seus despropósitos."     BARROS, Manoel de. Exercício de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999
Manoel de Barros " O menino que carregava água na peneira" 
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto no final da frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus despropósitos." 

terça-feira, 14 de maio de 2013

CENTENÁRIO DE VINÍCIUS DE MORAES É COMEMORADO PELA UNB

Affonso Romano de Sant'Anna celebra o centenário de Vinicius de Moraes 

Diego Ponce de Leon 

O escritor sobre Vinicius: "A parte musical ocultou a parte literária, embora as duas mantenham um diálogo"

Por meio das crônicas que escreve no Correio, Affonso Romano de Sant'Anna tem a oportunidade de dialogar de forma recorrente e ampla com o público da capital federal. A cidade pôde, dessa forma, conhecer melhor o escritor, que soma 50 anos de carreira e é autor de importantes trabalhos sobre Carlos Drummond de Andrade. O vínculo que passou a nutrir com Brasília costuma resultar em frutíferas visitas, como a que acontece hoje e dura até amanhã, quando Affonso participa de dois eventos para celebrar sua obra e o centenário do poeta e compositor Vinicius de Moraes. 

Logo mais, no Teatro da Caixa (SBS), o escritor é o convidado especial para abrir uma celebração do Instituto de Letras da UnB, que comemora antecipadamente os 100 anos do poeta Vinicius de Moraes (a serem festejados em outubro) e as bodas de ouro do próprio departamento, cujo histórico é tema do livro Memórias e perspectivas: 50 anos de Letras na UnB (organização de Sylvia Cyntrão e Enrique Huelva), que será lançado na ocasião. 
Affonso deve se incumbir da tarefa de lembrar o mérito poético do compositor carioca: "A parte musical ocultou a parte literária, embora as duas mantenham um diálogo entre si. A passagem de Vinicius para a música popular enriqueceu o cancioneiro da MPB e empobreceu a história da poesia literária", comentou o cronista. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

TRÊS POEMAS ANIMADOS


         - 1 -
Quando penso
no teu umbigo
tudo faz sentido


           - 2 - 
vou te escalpelar 
não vai sobrar
pelo sobre pelo
nesse meu apelo


           - 3 -
amor
é língua no beiço
- beiça-me mucho 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Fwd: Estreia do documentário Darcy, um brasileiro




"DARCY, UM BRASILEIRO"

 

 

 

RELEASE:

 

Um homem de causas, assim pode ser definido Darcy Ribeiro.  No documentário "Darcy – um brasileiro", dirigido por Maria Maia, o telespectador vai conhecer um pouco desta personalidade, visto por ele mesmo e pela ótica de amigos e colaboradores. Com estreia prevista para 19 de maio, às 21h30 na TV Senado, o documentário conta a história do pensador Darcy, das suas inquietações e da sua busca por soluções para o Brasil. 

Mineiro de Montes Claro, Darcy dedicou a sua vida aos menos favorecidos. Na pele de antropólogo, defendeu os índios, fundou o Museu do Índio, ajudou na Criação do Parque Nacional do Xingu, documentou várias etnias em livros e fotografias; na de educador e professor criou a Universidade de Brasília, a Lei de Diretrizes Básicas da Educação e os CIEPS e na de político, foi chefe da Casa Civil de João Goulart, lutou contra a ditadura, foi exilado, foi vice-governador do Brizola, senador da República. Mesmo vencido, como costumava afirmar, Darcy assumiu preferir o lado dos derrotados do que ter contribuído com os vencedores, neste caso, com aqueles que limitaram a democracia.

Vale a pena conferir!

 

PENSAMENTOS DE DARCY:

"Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu".

"Mais vale errar se arrebentando do que poupar-se para nada."

  

terça-feira, 7 de maio de 2013

MACONHA, UM BOM NEGÓCIO NOS EUA

MACONHA LEGAL MOVIMENTA MAIS DE HUM BILHÃO NOS EUA

 

Deu em O Globo de hoje (7.05.2013).

"O mercado de produção legal de maconha nos Estados Unidos está em franca expansão. Já são 18 estados, além do distrito de Columbia, a aprovarem o uso e a produção de maconha para fins medicinais.

Colorado e Washington liberaram até o uso recreativo.

A regulamentação deu grande impulso à indústria de produção: hoje, entre 2 mil e 4 mil pessoas produzem a erva para o comércio legal.

De acordo com a publicação "Medical Marijuana Business Daily", as vendas no ano passado geraram cerca de U$ 1,2 bilhão.

Mas não pensem que é fácil fazer dinheiro com a erva. Diz a matéria:

"A cultura da maconha tem algumas peculiaridades: exige colheita uma vez por semana, só dá em locais abrigados e os produtores ainda testam, entre erros e acertos, como entregar o produto dentro das normas estabelecidas."

Além desses e de outros controles, "o preço da maconha americana caiu" em função da concorrência mexicana. De mais a mais, não é possível fazer financiamento bancário.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

GAMES WAR IN THE SKY OFF THE RIO


CHOVE CHUVA, CHOVE SEM PARAR

Poema molhado

 Luis Turiba

A chuva, que dádiva,

sugadora de ansiedades.

Espécie de lexotan meteorológico da

existência humana.

Quando cai, freia o ritmo frenético das pulsações.

Pessoas repensam suas órbitas

Quem ta na chuva é pra melhorar

e molhar suas roupas novas

seus sonhos de valsa

suas capas e galochas.

A chuva, além de encharcar,

cai para além dos guardas-chuvas.

Encolhe às pressas os cabelos esticados

nos longos congestionamentos de volta ao lar.

 

A chuva é isso & também aquilo.

Ela é muito perigosa.

Anda fora dos trilhos

molhadinha,

fêmea cheia de pingos.

 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O MAR DE OUTONO NO RIO DE JANEIRO


Luis Turiba

O poETa negrogaúcho Ronald Augusto me perguntou ontem: "não faz frio nesse Rio, porra?"

 Não. O mar é quente, a água é boa, o ar é firme e as ondas são maravilhosas, permitindo que o nosso corpo brinque por horas a fio no Atlântico ipanemense, só no tchbuum-tchbuum. 

Melhor ainda: o sol não é escaldante nem infernal como no verão. É outonal. Os dias são lindos, já escreveu Drummond. Amanhecem semi-nublados e o pop-astro-rey fica ali entre tenrinho & eterno. 

As praias também não entopem e o espaço na areia branca procê beliscar seu biscoito Globo com mate/limão é todo nosso. Aproveitei o merecido Dia do Trabalhador e fomos ao mar, Luca e eu, descarregar o "Zebú" acumulado. As lentes da amada captaram essa sequência do Tarzan após a gripe. Atchim!