terça-feira, 30 de julho de 2013

CCBB APRESENTA HISTÓRIAS DAS CRUZES

 

Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro

Crux, Crucis, Crucifixus - O Universo Simbólico da Cruz

Visitação de 24 de julho a 23 de setembro de 2013

Entrada franca


O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio apresenta de 24 de julho a 23 de setembro a exposição Crux, Crucis, Crucifixus - O Universo Simbólico da Cruz, salas A e D do 2º andar. Todo o acervo apresentado pertence ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, Museu Afro Brasileiro e de importantes coleções particulares. Curadoria da historiadora Dalva Abrantes. O Centro Cultural Banco do Brasil fica na Rua Primeiro de Março, 66. Centro (21 3808-2020).

A exposição apresenta cerca de 150 cruzes, santos, relicários e oratórios dos séculos XVIII e XIX, em diferentes estilos, técnicas, materiais e origens e que ressaltam a presença da cruz - forma elementar que habita o inconsciente coletivo da humanidade, mas com enfoque especial no Cristianismo. A imagem da cruz ultrapassou o universo religioso seguindo uma visão historiográfica, permitindo, inclusive, uma reflexão sobre a sociedade brasileira.

 

Para a curadora e historiadora Dalva de Abrantes "a história do Brasil está toda marcada pela presença da cruz. O brasileiro nasceu com nome de cruz, foi identificado, erroneamente, como Ilha de Vera Cruz que, em seguida, passou a ser Terra de Santa Cruz".

Nas primeiras investidas da colonização portuguesa, as cruzes chegaram pelas velas das caravelas e continuaram no punhal das espadas, no peito das armaduras, nos desenhos dos pratos, nos brasões, nos estandartes, nas joias, nos monogramas bordados, nos livros e plantas dos edifícios. Elas estavam em tudo e por toda parte. Os navegadores e, logo depois, os colonizadores, por cinco séculos, ao implantar um modelo de organização social, levaram sem perceber a imagem da cruz, tornando-a onipresente na vida das pessoas, do nascimento à morte.

Para o público que está sendo aguardado - mais de 2,5 milhões de peregrinos do Brasil e do exterior, a exposição também apresentará a cruz, este ícone universal, como protagonista da História da Arte. Diversos segmentos temáticos são contemplados - como A História da Cruz através da sua universalidade, por volta de 30 modelos diferenciados o público aprenderá o significado de cada imagem, exemplos da A Cruz Cristã que se  transformou num símbolo de cultura da civilização ocidental, A Cruz na Origem da Arte Brasileira, mostra a linguagem barroca e sua riqueza regional,  do Cristo da Paixão e da Verônica, sendo que uma é do reconhecido mestre Valentim o uso político e social da Cruz na Contemporaneidade, entre outros.

 

Oriundas do acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo, do Museu Afro Brasileiro e de grandes coleções particulares, alguns destaques chamam a atenção como: a grande escultura de Jesus crucificado feita de madeira do século XVIII, que pertenceu ao Recolhimento de Santa Teresa, no antigo centro de São Paulo. A prataria e ourivesaria de objetos litúrgicos, alguns pertencentes à Cúria Metropolitana de São Paulo, mostram a diferença entre arte sacra e religiosa, uma grande cruz mineira medindo quase seis metros de altura com os elementos da Paixão, a arte dos santeiros paulistas e de populares brasileiros e dois grandes altares barrocos paulistas, oriundos de Santo Amaro, medindo mais de cinco metros que nunca foram expostos inteiros para o público.  Um Cristo Glorioso, da era medieval, um estudo da Primeira Missa de Vitor Meirelles mostrando a  cruz latina sendo vista pelos índios pela primeira vez no Brasil. 

 

SERVIÇO

Crux, Crucis, Crucifixus – O Universo Simbólico da Cruz – exposição de cerca de 150 cruzes, oratórios, relicários e imagens

Centro Cultural Banco do Brasil Rio

Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, salas A e D do 2º andar 

Telefone: (21) 3808-2020

Visitação: de 4ª a segunda-feira, de 9h às 21h.

Término: dia 23 de setembro

sexta-feira, 26 de julho de 2013

SUCESSÃO PRESIDENCIAL, URGENTE

Tempo de mudar

André Gustavo Stumpf

Números não costumam mentir. As três últimas pesquisas de opinião realizadas em nível nacional revelam que a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu algo em torno de trinta por cento nos últimos dois meses. Os descontentes com seu governo chegam também a trinta e poucos por cento. E o pessoal que acha ruim ou péssimo está muito perto desses índices. Enfim, um desastre total. É sempre possível pensar que amanhã será melhor que hoje. E na política é preciso sonhar muito, sonhar alto.

Talvez resida aí o principal entrave na atual administração. Sonha pouco e sonha baixo. O governo não sai do lugar, não apresenta soluções inovadoras e se complica com suas próprias propostas.O mais novo contencioso é com os médicos de todo o país. Eles são contra a importação de colegas estrangeiros que começariam a trabalhar aqui sem que suas credenciais e conhecimentos sejam submetidos a controle nacional. Além disso, há a distância provocada pelo idioma diferente. Resultado é que os médicos estão em greve e abandonaram todas as mesas de negociação.

Sonho - No Congresso não é diferente. Os políticos estão preocupados com as suas demandas pessoais. E o governo, montado numa superestrutura partidária, que é uma confusão de siglas ou sopa de letras, não possui liderança, nem rumo. O que vale é o interesse individual.A presidente faz e o parlamento desfaz. Enquanto isso, a inflação sobe, o desemprego começa a aparecer na linha do horizonte e a atividade econômica se retrai. É difícil prever melhoria no ambiente político com este complexo cenário econômico.

O pano de fundo não admite otimismo, exceção feita ao ministro Guido Mantega, da Fazenda, que é uma espécie de Candide – de Voltaire – no governo federal. Ele projeta números sensacionais, crescimentos fabulosos e não parece se sentir diminuído quando suas estimativas ficam muito longe da realidade. Cada um vive no mundo que deseja. As pesquisas revelam as conseqüências do que foi criado pela imaginação do pessoal da área econômica do governo. Desmancharam a lua de mel com a presidente, perturbaram as relações políticas e definitivamente provocaram completa revisão nas perspectivas eleitorais de 2014.

É preciso notar que a presidente Dilma já está em final de governo. Ela terá o segundo semestre ano e algo em torno de três ou quatro meses no próximo ano. Depois começará a Copa do Mundo, com 32 times. É possível que os protestos voltem às ruas. O futebol paralisa o país. E os tumultos também. Os governadores, com raras exceções, estão com o prestígio no chão ou abaixo dele. Não terão autoridade para conter nada. E se a inflação não der trégua, a ira popular será ainda mais incisiva. Não adianta procurar razões ocultas. Elas estão diante dos olhos. Não vê quem não quer.

A Copa será um sucesso apesar dos governantes e dos dirigentes esportivos. Será semelhante à visita do Papa Francisco pelo Brasil. O argentino deu um show de sensibilidade, educação, gentileza e coragem. Ele é latino-americano, não tem medo de cara feia. Sabe conviver com a pobreza. Andou em carro popular, de janela aberta. Distribuiu beijos, abraços, abençoou quem viu pela frente. Foi uma festa, mesmo quando o povo cercou seu veículo, em frente à Central do Brasil, ele não se incomodou. É coisa rara ver um argentino ser generosamente acolhido no Rio de Janeiro.

O sucesso da visita papal deve-se a ele. A programação foi toda errada. Planejaram a vigília em local sem acesso de veículos,na região de Guaratiba. Choveu. O terreno virou um lamaçal que inviabilizou o que havia sido previsto. O surpreendente frio e chuva – doze graus em Copacabana é absurdo – não atrapalhou a festa. Mas o metrô do Rio não funcionou. A segurança sofreu quando o carro do Bispo de Roma ficou preso num engarrafamento. No final deu tudo certo. Seu sorriso e seu bom humor suplantaram todos os obstáculos.

Sucesso -A copa do Mundo no Brasil, que assusta os cartolas da Fifa, também será um sucesso de público, de renda e de qualidade do esporte. O brasileiro supera suas dificuldades. A explosão popular resulta da noção de que o cidadão paga impostos europeus e recebe tratamento africano. Dinheiro há para construir estádios de futebol ou financiar os projetos megalômanos de Eike Batista. O país deixou de ser pobre. Ele é mal administrado. Essa percepção chegou ao povo, que decidiu ir para as ruas. Mais de 80% dos entrevistados na mais recente pesquisa disseram estar de acordo com os protestos.

A perspectiva é de uma notável renovação política nas próximas eleições.Essa situação faz lembrar 1974, quando o governo militar começou a dar os primeiros sinais de fraqueza. Inflação alta, dívida externa, dificuldade por todos os lados. O PMDB elegeu 16 senadores e iniciou o caminho que ira desembocar na Assembléia Nacional Constituinte, sob a liderança de Ulysses Guimarães. No entanto, candidato a presidente,Ulysses ficou longe da vitória. O povo sabe se orientar para o novo ou para aquele que promete a mudança e o novo tempo.Naquele caso, deu Collor na cabeça. Mas depois, Itamar Franco arrumou a casa.

Os grandes eventos colocaram o Brasil, bem ou mal, nas manchetes dos principais jornais do mundo. Mas também fizeram com que os brasileiros descobrissem o Brasil. As velhas práticas oligárquicas não mais são toleradas.O pessoal quer mudar. Quer estar sintonizado com o século 21. Quem souber interpretar este anseio terá boas chances de subir a rampa do Palácio do Planalto.É preciso perceber a direção do vento. Tempo de mudar.

 

 

sábado, 20 de julho de 2013

NOVAS TURMAS NA ESCOLA DE CINEMA DARCY RIBEIRO


INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ 31 JULHO!

DIREÇÃO CINEMATOGRÁFICA,  MONTAGEM E EDIÇÃO DE IMAGEM E SOM

ou   ROTEIRO CINEMATOGRÁFICO

 

Estão abertas até o dia 31 de julho as inscrições para as novas turmas dos cursos regulares da Escola de Cinema Darcy Ribeiro - ECDR, no Rio de Janeiro. Os cursos, com 25 vagas cada, oferecem formação em  Direção CinematográficaRoteiro Cinematográfico e Edição de Imagem e Som. A previsão de início das aulas é o dia 19 de agosto.

 

A ECDR -  A Escola de Cinema Darcy Ribeiro atua na área de formação educacional voltada para o setor audiovisual desde 2002. Em 10 anos de atividades, a ECDR se consolidou como um centro de referência nacional em capacitação na área; recebeu mais de 3.600 alunos oriundos de todas as regiões do Brasil e de diferentes países do mundo; conseguiu manter seu alto índice de inserção dos alunos no mercado de trabalho, atuando em produtoras, empresas de cinema e canais de televisão, realizando filmes e demais produtos audiovisuais.

 

CORPO DOCENTE - O corpo docente da ECDR é formado por profissionais que são referência no audiovisual brasileiro, como os cineastas Ruy Guerra, Walter Lima Jr., Aluizio Abranches e Jorge Duran; os montadores Ricardo Miranda e Virgínia Flores; o produtor Flávio R. Tambellini, assim como profissionais que despontam como referência das novas gerações como o roteirista Marcelo Vindicatto, os diretores Felipe Barbosa e Eduardo Nunes, e os montadores Gabriel Durán e Marina Meliande.

 

PROCESSO SELETIVO - Para participar do processo seletivo, os candidatos devem ter, no mínimo, o ensino médio concluído. A inscrição é feita na Secretaria da ECDR, mediante apresentação da documentação exigida no site e o comprovante de pagamento da taxa de inscrição.

A seleção consiste na realização de prova escrita, análise de currículo e entrevista individual, com parâmetros que sinalizam a disponibilidade, o interesse e a vocação do interessado para a área escolhida.

 

AS AULAS - A duração de cada curso regular é 1 ano e meio no total, dividido em 3 módulos semestrais. São oferecidas 25 vagas por curso e o período letivo vai de março a julho e de agosto a dezembro. As aulas são ministradas no horário das 18h30 às 21h30 e, aos sábados, das 17h às 19h.


Mais informações

www.escoladarcyribeiro.org.br

telefones: (21) 2233 0224  / (21) 2516 3514

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

MENINOS EU VI, E O QUE VI FOI FEIO


Luis Turiba

"ARCO-ÍRIS

Eu, tarja preta, vesti minha camisa listrada, fiz um cartaz vermelho e fui a passeata chapa-branca"

Fui às ruas para ver, sentir e escrever sobre diferenças entre as manifestações que sacudiram o País em junho, convocadas pela juventude via facebook e internet; e o tal Dia Nacional de Luta, cuja mobilização ficou por conta das centrais dos trabalhadores – CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT.

Primeiro, vamos apontar aspectos econômicos. Sindicalistas estão montados em um poder financeiro real. Assim, mal comparando, a passeata que saiu da Candelária rumo à Cinelândia, mais parecia um desfile de escola de samba; com todo mundo fantasiado (ou uniformizado); com alegorias caras, quase de luxo, como faixas de plástico brilhoso; papel couchê 180 gramas; potentes carros de som; balões publicitários usados em grandes shows/espetaculosos; segurança própria, com todos agrupados em alas. Os militantes marcham certinho e cada ala canta um samba diferente.

Esses sindicalistas estão montados na grana, são bancados pelo governo e recebem verbas do FAT e de outros órgãos público, fora a cobrança de mensalidades, taxas, isso e aquilo. Os estudantes, mesmo os de classe média alta, passam apertados com suas mesadas. Mas a grande maioria, nem isso têm. Daí a luta pelos 20 centavos.

Segundo: mensagens totalmente diferentes. São dois movimentos distintos. Água e azeite, não se misturam.

Nas duas passeatas que fui, ambas convocadas pelo PL e o #vemprarua# – a de cem mil na Rio Branco e a de um milhão que tinha gentes da Candelária à Prefeitura – tive muita alegria e satisfação em ver aquele mar de cartazes de cartolina com milhares de mensagens difusas, criativas e divergentes entre si. Pareceu-me que cada manifestante ali tinha algo importante e diferente a dizer e disse. Eu, por exemplo, levei um Poema, e até me senti um vovô engajado: "Ou a gente se Raoni, Ou a gente se Sting".

Como escreveu o jornalista Marcelo Beraba, de O Estado de São Paulo, no dia anterior da mobilização sindical: "O movimento sindical vem com palavras de ordem bem definidas: redução da jornada de trabalho, fim do fator previdenciário, 10% do PIB para educação, 10% do Orçamento para saúde, transporte público de qualidade e reforma agrária. E o movimento das redes e das ruas? Ninguém sabe. Provavelmente tarifa zero, fora Renan, o uso abusivo dos jatinhos da FAB e de helicópteros, dignidade, respeito, sem Copa, padrão FIFA na saúde e na educação, fim da violência policial."

Cheguei a ouvir várias vezes, líderes sindicais, lá de cima de seus trios elétricos, avisaram para jovens que estavam na periferia da passeata: "tirem essas máscaras. Quem usa máscara é fascista."

Volto ao relato de Marcelo Beraba: "Até que começarem as provocações e ações de guerrilha dos anarcopunks e Black Blocs, que a mídia oficial teima em chamar de "vândalos". Eles se reuniam em grupos de 30 a 40 e se dispersavam. No final se juntaram e seguiram às margens da passeata sindical, pelas calçadas da Av. Rio Branco até a Cinelândia. Eram bem mais de cem, talvez uns 200 jovens mascarados, todos de preto, alguns com bandeiras do anarquismo. Até que entraram em conflito com lideranças das Centrais Sindicais." O pau comeu e de lá se espalhou pela Lapa; e mais à noite juntou aos que estavam em frente ao Palácio Laranjeiras.  

Terceiro: enquanto os sindicatos com sua burocracia paquidérmica só conseguiram juntar 10 mil pessoas, o poder de mobilização da meninada,via rede, foi milhares de bits maior. Nesse quesito esquisito, pintou um nocaute dado pelos meninos em cima dos sindicalistas.

Quarto: são realmente energias bem diferentes essas que mobilizam para as ruas. Não se senti, por exemplo, um pingo de indignação nas passeatas chapa-brancas. Nenhuma criatividade, nem inventividade. Tudo nos conformes. Vieram as ruas para tentar ocupar um espaço construídos por aqueles que realmente querem mudar os rumos da política no Brasil. Sindicalistas não ameaçam nem o governo, nem os políticos. Ou contrário: saíram às ruas para apoiá-los.

Quinto: enquanto a PM trabalhou para proteger e acompanhar a passeata sindicalista, teve uma atitude completamente diferente com os meninos. O que houve na noite de quinta-feira no bairro de Laranjeiras, foi uma verdadeira "vandalização" por parte da Tropa de Choque e de seus Caveirões contra os jovens que foram até o Palácio Laranjeiras.

Toda a população do bairro foi atingida pela violência policial. Durante quatro horas seguidas, ouvi e vi do quarto andar do prédio onde moro, na Rua das Laranjeiras, tiros, bombas, gritarias, incêndios, prisões. E o pior: senti, por volta das 22 horas, como todos os doentes da Casa de Saúde Pinheiro Machado, o maldito gás de pimenta que provoca sufoco na garganta e ardências nos olhos.

Segundo a G1, "os policiais atiraram e quebraram o vidro do estabelecimento. Médicos da unidade ficaram assustados e havia pacientes sendo atendidos no local. Funcionários limparam os cacos da vidraça que ficaram estilhaçados no chão. Os estudantes tiveram que sair protegidos por uma comissão da OAB rumo ao Metrô do Largo do Machado. Quem vandaliza quem?

  

quinta-feira, 4 de julho de 2013

ESTÁTUAS VÃO AS MANIFESTAÇÕES COM MENSAGENS POÉTICAS

ESTÁTUAS POÉTICAS BOTAM A BOCA NO TROMBONE

Luis Turiba

Quando o poeta Xico Chaves colocou olhos-vivos na estátua da Justiça na Praça dos Três Poderes, em Brasília, despertou um quê de vida a esses seres aparentemente inanimados.

O Rio é uma cidade repleta de estátuas. De todos os tamanhos, idades, mensagens. Algumas mortas. Outras vivas, vivíssimas, cativantes e carismáticas. A de Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, passa o dia inteiro sendo paparicada no Posto Seis de Copacabana.

Fui, na companhia da parceira Luca, aos poemas de Drummond buscar alguns "biscoitos finos" que pudessem alimentar o fogo das manifestações populares que ameaçam parar o País. São muitos. Selecionamos três citações, interagimos livremente e – como o poeta continuou sentadinho à beira-mar observando as passantes – seguimos em frente.

Daí, piramos: saí pelo Rio de Janeiro fotografando e conversando com estátuas, convocando-as para as próximas passeatas. Papeei com muitas delas, conversas ao pé do ouvido, segredos de palavras. Juntaram-se a nós, de imediato, outros poetas: Manuel Bandeira, Cartola, Luiz de Camões, Caymmi, Pixinguinha, Noel Rosa, o indiano pacifista Mahatma Gandhi, que mora no Passeio Público; e até o sisudo fundador da Academia Brasileira de Letras, escritor Machado de Assis. Todos concordaram em dizer alguma coisa sobre as manifestações de rua.

Juntamos textos & fotos com o auxílio luxuoso do designer Toni Lucena. Estamos finalizando a edição de 10 pastas, com 10 cartazes cada; edição essa que levarei e lançarei na FLIP 2013, que começou hoje.

Como no final de semana haverá passeata por lá, cartazes é que não vão faltar.

 

 

terça-feira, 2 de julho de 2013

JORGE FERREIRA DO FEITIÇO

JORGE ''FEITIÇO" FERREIRA

 Luis Turiba

 Dia arrastado, cinza e choroso, frio quase gélido, uma sengraceira infinita no Rio de Janeiro. Dia em que um amigo se vai, furando a fila da existencialidade. Uma cadeira vazia no bar, um vazio na gente.

Assustadoramente, Jorge Ferreira se foi, sem avisar nem dá pistas. Deixou-nos órfãos de papo, poesia, chopps e tira-gostos. Logo ele que esteve sempre à frente da construção da cidadania de Brasília. O brasiliense mais mineiro dos todos os mineiros do Distrito Federal. O que soube misturar Minas com Rio de Janeiro no Planalto Central.  Temperou com o samba a gastronomia das Gerais. Criou uma casa onde o samba se fez raiz, onde a música bateu asas.

Recebia como ninguém, era sempre o primeiro a apoiar e o último a sair. Jamais quis ser o rei da noite brasiliense, mas foi um farol que iluminava artistas, seresteiros, poetas, boêmios, políticos de esquerda com suas propostas e ideias.

Também ele um poeta de livro que fica em pé lançado e saudado. Também ele um sambista/ letrista de muitas e maravilhosas parcerias. Tive a sorte de ter um poema escrito pelo Jorge. Falou ele da minha despedida de Brasília com tanta propriedade, que muita gente apostou de eu realmente havia partido para outros planos.

Na última vez que fui a Brasília, marcamos um encontro (como tantos outros) no Feitiço Mineiro. Lá, ele se engajou no projeto do CD do Cacá Pereira. Mergulhou de cabeça, como tudo que fez na vida. Jorge Ferreira do Feitiço nos enfeitava e enfeitiçava com seu riso farto, prosa oriunda de Cruzilha, noitadas de samba com petiscos que jamais nos esqueceremos.

Quis o amigo lá de cima, que ele fosse convocado com uma certa antecedência. Nem deu tempo de esperar a Copa do Mundo tão sonhada. Vai Jorge, vai em paz ao som do surdo, do pandeiro, do agogô e da cuíca. Aqui, a gente fica firme defendendo teus (nossos) ideais. Tomando uma cachacinha mineira que ninguém é de ferro. Como se diz por aqui: valeu!