divina dama brancura espuma
que rola e cai sem eira sem beira
tão retilínea deusa das águas
oxum das fontes mãe cachoeira
tão pura vais e assim me inspiras
lavas a alma de quem tem ira
lavas os pé de quem tem sede
levas o medo de quem te mira
lavas e levas por muitas léguas
todas as águas todas as regras
em tuas saias águas se acalmam
mas nas anáguas não te dão trégua
tua força vã de vida e morte
tua energia sã de parto e corte
altiva e prata oh deusa Itiquira
de um salto saltas tua aura em tiras
inteira aos pingos cachos de chuva
encanto aos mimos véu de viúva
abro meus braços e a ti me entrego
como um escravo contra seu servo
e assim me rendo ao eterno sino
o que cai nas águas prova o divino
não prova nada o teu banho santo
tua água é rasa profundo é o manto