Do livro QTAIS
roubaram do poeta os óculos
tirando-lhe o visual d'estátua
há neste furto certo imbróglio
um quê místico, ar de máfia
de olhar férreo de minério
o poeta mantém-se etéreo
nem o fogo solda cáustica
tira dele o "zero-a-zero"
com ou sem seus óculos
o poeta não mexe músculo
nem na passagem do monótono
mas frenético monobloco
de costas pro mar esquálido
Carlos Drummond é o espírito
do poeta que sem óculos
tem visão de olho mágico
Carlos Drummond é o máximo
que ilumina nossos mínimos
que traduz um olhar trívio
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