Um sindicato, duas verdades e uma só solução
"Ou a gente se Raoni
Ou a gente se Sting"
Luis Turiba
A intolerância é realmente uma merda. Não leva a nada, a não ser a um mau-humor intragável. Ou, em casos extremos, a guerras. Exemplos é que não faltam em nosso redor, basta ligar a TV.
Mas vamos pegar leve e ficar só no mau-humor. Foi o que ocorreu ontem com muita gente que esteve na reunião plenária convocada pelo Sindicato dos Jornalistas para discutir propostas e posturas que protejam os profissionais da Comunicação contra todos os tipos de violências – as do Estado (PM e polícias), a dos traficantes nos morros cariocas, a dos black-blocks em manifestações; e a dos patrões dentro das empresas.
A galera do movimento "Esse Sindicato não me representa" foi à reunião com o objetivo de botar a atual diretoria para fora do Sindicato através de renúncia. Eram muitos e tinham certeza que conseguiriam tal objetivo. Para isso, se mobilizaram, levaram um abaixo-assinado com 800 nomes, montaram um cardápio de argumentos, começaram a reunião na força e na pressão.
Mas não seguraram nem a peteca nem a pemba da jornalistada presente, especialmente a jovem e combatente redação da EBC.
Moral da história: os insatisfeitos que se mudem e esses, tão mais cheios de razões que a própria razão desconhece, acabaram por bater em retirada antes da reunião findar, levando na bagagem o mau-humor da intolerância.
O que vi e ouvi – pude assisti a tudo de helicóptero, pois não sou militante desse ambiente - foi uma linda e contundente vitória do Sindicato e de todos os jornalistas do Rio de Janeiro.
Ao longo do debate que foi riquíssimo e esclarecedor, ressoaram no auditório frases e conceitos fantásticos de jovens jornalistas que desejam um Sindicato livre, vivo, ativo, dinâmico sem nenhum ranço peleguista ou qualquer intimidade patronal.
A coisa parece óbvio, mas algo estava fora do lugar. Como pode, jornalistas que têm compromissos éticos com os fatos reais, estarem se pegando por versões diferentes de um mesmo fato?
Muita gente foi a plenária sentindo no ar um "cheiro de golpe" da turma que desejava (sabe-se lá porquê) derrubar a diretoria eleita. "É preciso não deixar isso virar um Fla X Flu", diz um outro. Alguém de repente afirma que "jornalismo é feito com fato" e em seguida indaga: "Onde estão os fatos?". Que fatos? Cadê as provas de que jornalistas foram expulsos da sede do Sindicato pelos black-blocs liderados pela Sininho? Não existem. Jornalismo não se sustenta na base do disse-me-disse", afirmaram.
Aliás, muitas jornalistas pegaram o microfone para desmentir a versão da expulsão. E por quê a professora Sylvia Moretzsohn, presidente da Comissão de Ética, que ouviu todas as partes envolvidas no episódio, fez uma carta contestando as informações do grupo que pede a renúncia da diretoria eleita. Em seu parecer, Moretzsohn afirma com todas as letras que os jornalistas deixaram o Sindicato depois que a presidente Paula Máiran, sentindo que o clima era ruim entre os participantes, encerrou a reunião convocada pela Comissão da Verdade.
Enfim, quem esteve na reunião para "renunciar a diretoria sindical" não teve força nem argumento sustentado para isso. É claro que a diretoria de Máiran foi muito criticada; mas a maioria dos presentes na plenária deu voto de confiança a diretoria e deseja que, partir de agora, as ações em defesa dos jornalistas fiquem mais transparentes. Alguém chegou a afirmar: "lucidez agora é apoiar e fortalecer o Sindicato."
Tudo caminhava para um final harmonioso, com muita paciência e elegância da mesa; além da aprovação de propostas de proteção aos jornalistas no exercício da profissional; quando a colega Cátia Guimarães, da Fiocruz, numa fala contundente, forte e até provocativa, no bom sentido, acusou os colegas do "Não me representa" de prejulgar os movimentos sociais com acusações e condenações sem provas".
Aí o tempo fechou com raios e trovoadas, pois uma representante da oposição sindical levou para o lado pessoal e "caiu pra dentro".
Não deu outra: intolerância e mau-humor se espalharam no auditório do Fórum de Justiça, onde foi realizada a reunião. Felizmente, seguranças do Tribunal garantiram a ordem, quem não gostou foi embora (por livre e espontânea vontade, diga-se de passagem). No final, várias propostas e moções foram aprovadas e o Sindicato saiu muito fortalecido para novos embates.
Ou seja: a luta continua.
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