quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O PULSAR DO PSIU POÉTICO

 Luis Turiba

 

Uma história que lembra um longo poema com seus variados sotaques. Um jogo desafiador de linguagens. Um caso a se estudar, se fazer contas e se contar contos, tantos foram os encontros concretos. Agora é o momento de se quebrar o silêncio e anunciar-se ao mundo das letras. Afinal, quantos "is" e quantos "us" cabem num Psiiiuuu que sibila poeticamente há quase 30 anos?

Exatamente em 1979, na cidade de Montes Claros, terra natal de Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos, localizada no norte de Minas, fronteira do cerrado com o sertão, a 455 quilômetros de Belo Horizonte; três jovens poetas - Aroldo Pereira, Mirna Mendes e Renilson Durães – criam o grupo cultural Transa Poética. Anos depois, inventaram um espaço para reunir Poetas Vivos.

"Psiu, a Poesia Chama". Foi o título que Aroldo Pereira criou enquanto participava de uma oficina coordenada por Ernesto Cardenal & Thiago de Mello, na UnB, em 1987, dentro FLAAC-Festival Latino Americano de Arte & Cultura. Nesse mesmo festival criei o verso "Ou a gente se Raoni/ Ou a gente se Sting".


De lá para cá, centenas de recitais e conferências; noites de autógrafos e espetáculos performáticos; músicas de todas os matizes.

O Psiu Poético acaba de viver a sua vigésima oitava edição. Daqui a dois anos, em 2016, o furdúncio de rimas, metáforas e estranhamentos completa 30 anos de pulsações. Um balzaquiano.

Apesar de local, é também nacional e transcendental. Não foram poucos os poetas aclamados que desfilaram em sua passarela. Mineiros como Adélia Prado e Adão Ventura; baianos como Waly Salomão e o tropicalista José Carlos Capinam. Veteranos como Thiago de Melo e Jorge Mautner; além Alice Ruiz, Nicolas Behr, Arnaldo Antunes.

O Psiu tem ritual. Ano pós ano, ocupa por 10 dias o centro cultural da cidade e lota todas as noites o auditório de 200 lugares com convidados, poetas, estudantes e professores da cidade. Já faz parte da tradição cultural mineira com patrocínio da Petrobras.

O evento transborda pela cidade. Ocupa praças, a rodoviária, escolas secundárias. Têm convênios com a Unimontes, que leva 200 alunos para seminários e trabalhos acadêmicos; Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Esportes, Juventude, Lazer & Cultura.  A produção executiva é da Fulô. Um pulsante recital acontece no Mercado Municipal, onde poetas compartilham o espaço com aromas irresistíveis dos temperos mineiros.

Chega agora a adultez. Quer piscar seus faróis e anunciar-se nacionalmente como umas das grandes festas de poesia brasileira. Daí o TRIPSIU, a festa do trigésimo aniversário. Para tanto, firmar novos convênios e parcerias com outras faculdades e institutos de letras. Jogar o Psiu na rede via site multimídia. Transformar as acanhadas antologias em uma hiper-caixa Psiu. É o caso de se pensar em grande show com um artista nacional. Em rodas de conversas após as apresentações do Psiu deste 2014, essa pauta veio à tona. Poetas como Anand Rao, Jairo Fará, de São João del Rey; Ele Semog, do Rio; Walter Merije, além de mim, nós comprometeram a participar da empreitada. Mãos à obra! O Psiu de Montes Claros é um exemplo do bom momento da poesia brasileira que pulsa com integração e troca de experiências de linguagens. Salve o trintão!

 

 * Luis Turiba é poeta, autor de QTAIS, editora 7 Letras

 


Nenhum comentário: