06/02/2011 10h00 - Atualizado em 06/02/2011 10h00
Carnaval leva japonês de volta a seu país depois de 50 anos no Brasil
Descoberto por uma produtora japonesa, ele encontrou tios que não conhecia.
Keiji Nakamura é diretor de alegorias do Império da Tijuca e do Salgueiro.
Aluizio Freire Do G1 RJ
O japonês é um respeitado diretor de alegorias
do Império da Tijuca (Foto: Arquivo pessoal)
O interesse pelo carnaval fez com que o japonês Keiji Nakajima, diretor geral de alegorias do Império da Tijuca, voltasse ao seu país, depois de 50 anos no Brasil, e localizasse familiares que jamais pensara encontrar. Ele chegou aos tios e primos através de uma produtora, que desembarcou no Brasil para fazer um documentário sobre carnaval, descobriu Keiji e ficou fascinada pela história do japonês-brasileiro no mundo do samba.do Império da Tijuca (Foto: Arquivo pessoal)
"Uma equipe de reportagem chegou ao Brasil atrás de um japonês que fosse ligado ao samba. Fizeram alguns contatos e o pessoal do barracão disse que só conhecia um. Aí, me indicaram. Eles gostaram da minha história e mandaram reforçar a equipe para fazer um documentário, que ainda não saiu", conta, durante um intervalo de seus trabalhos no barracão.
Aos 58 anos, Keiji embarcou para o Japão, com a ajuda da equipe da produtora, em maio de 2010, pensando em localizar parentes de seus pais. Foi sua primeira viagem à terra natal desde que chegou ao Brasil, em janeiro de 1961, aos oito anos de idade, quando seu pai, funcionário da Ishikawajima, foi transferido para trabalhar no Rio de Janeiro.
Encontro emocionante
"Quando vi o Monte Fuji na minha frente percebi que ainda era um japonês. A atmosfera daquele lugar impregnou minha alma e não deixou que eu me sentisse um estranho. Na viagem, quando o pessoal me perguntou qual era a minha expectativa, respondi: 'Acho que vou me sentir como um peixe fora d´água. Será uma visita de turista'. Mas, foi um reencontro espiritual e físico, de verdade", reflete.
Keiji se diz um japonês-carioca, que gosta de
samba, mulata e cerveja (Foto: Aluizio Freire)
O ponto de partida para localizar os parentes foi visitar os túmulos da família de sua mãe, de sobrenome Shimizu, em uma aldeia religiosa na cidade de Kofu, a cerca de 1h30 de Tókio. "Descrevi lugares, nomes e outras características da família que meus pais contavam. As pessoas começaram a aparecer. As semelhanças surgiam, naturalmente. Encontrei até filhos de primos que não conhecia. Foi tudo muito emocionante", conta Keiji, que é engenheiro e analista de sistemas.samba, mulata e cerveja (Foto: Aluizio Freire)
Depois de ser abandonado pela primeira mulher em Salvador, para onde foi transferido e trabalhou durante quatro anos - caiu no carnaval e só apareceu depois de quatro dias fora de casa -, ele voltou para o Rio e conheceu uma mulata, com quem está há 20 anos.
"Cara, essa mulher me levou para o Salgueiro. Lá, desfilei na escola e passei a trabalhar como diretor de alegorias, um dos maiores prazeres da minha vida. Passei pela Vila Isabel e Império Serrano, onde conheci muita gente boa do carnaval. Quem antes perguntava com certa ironia 'quem é esse japonês no barracão?' hoje me respeita. Por essa mulher, me transformei num flamenguista convicto. Ela é mesmo do balacobaco", resume, dando uma gargalhada cheia de vida.
Um comentário:
Seu lugar é sambando comigo no
IMPÉRIO SERRANO.
Vamos?
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