segunda-feira, 16 de abril de 2012

É A ÉTICA DO MERCADO, ENTENDEU?


"Ou restaura-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!!!"
Luis Turiba
Acorda eleitor pois o bagulho é sério. Desde que aquela falante gordinha da Rufolo apareceu no Fantástico expelindo a lapidar frase "é a ética do mercado, entendeu?", justificando com a naturalidade de quem vai à manicure ofertas de pomposas propinas em troca de favores hediondos, que a dita fala vem reverberando no inconsciente coletivo da brasilidade. Existe essa ética? E esse mercado?

Agora, Inês é morta. A República está prestes a paralisar-se enroscada nas secretas tubulações das redes de corrupção do poder político. Duvida? Aposto a sétima face do dado que vai ser difícil, quase impossível, não assar essa pizza. Já não depende só deles, os políticos, o lado mais podre desse imblóglio.
A CPI dos Cascateiros vem com tudo, jogando lama como lavas de um vulcão mercadológico guloso por erupções – ops, comissões – cada vez mais rechonchudas. Será que a tal "ética do mercado" finalmente desnudadar-se-a no Congresso Nacional? Mais uma vez a máxima de Stanislaw Ponte Preta se coloca para a sociedade: "Ou restaura-se a
moralidade ou locupletemo-nos todos!"
Calma que o Brasil (ainda) é nosso, lembra o incauto bem intencionado. É verdade: quem não deve não treme. O povo está realmente enojado desse jogo? Banir a ética do mercado, substituindo-a pela ética da cidadania. Mas Brasília segue na contra-mão da história sofrendo de um tremendo treme-treme. O sistema está nervoso. Estão querendo ofender minha honra, esquiva-se o corrupto que acredita piamente em sua inocência. Afinal, essa é a ética do mercado. Tem culpa eu? Pode vir quente qu´eu estou fervendo. Pede pra sair Zero-Um!! Afinal, a transparência se tornou um pilar da democracia.
Enquanto isso, na sala da justiça, Dom Little Charles Cachoeira brada com voz de trovão, rei do Goiás: "É tudo cascata, tudo cascata." Cachoeira tem sete quedas. Cada queda, um tombo. Cada tombo, um rombo. Cada rombo, um assombro. Tá ligado? Além da rede interligada – lembram do poema do Drummond: "João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que ..." –, estão todos grampeados. Senadores, deputados, governadores, ministros, arapongas, aspones. São fios-terra do
sistema, farinha do mesmo saco, secreção que fazem a liga. Ninguém escapa dos respingos dessa Cachoeira, exemplo vivo da tal da ética do mercado, entendeu? É o outro lado do fio da moeda.
A torre do Demóstenes foi engolida pela rainha justiça. O mensalão de Zé Dirceu e Jeferson reacendeu para reviver um pesadelo que parecia findo e adormecido. Agnelo foge dos fantasmas de Roriz e Arruda. Isso tudo num ano eleitoral: Delta, Goiás, Brasília, PAC, Copa, governos, gangers, operações da PF - que barafunda.
 Assim, frase que cheirava a deslumbramento de um delírio de domingo à noite, materializa-se na mídia, no mundo político de duvidosas relações empresariais. É assustador. O que vem por aí é teste para cardíaco e há coraçôes que já não agüentam tantas emoções. Até Dilma já avisou: "não serei complacente com erros". A cobra vai fumar. Parece até praga de sogra. Ayres Britto neles! Esse tipo de ética o mercado não merece.
*É poeta e trabalha com projetos culturais





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Ou a gente se Raoni
Ou a gente se Sting

                        Luis Turiba




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