quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Carlos Drummond de Andrade, herói do povo brasileiro


Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade natal, em Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro

Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

 
CULTURA
Há 110 anos nascia o poeta Carlos Drummond de Andrade
Da redação em 31/10/2012 07:01:02

Carlos Drummond de Andrade completaria 110 anos nesta quarta-feira (31). Grande divulgador do modernismo, o escritor entrou para a história da literatura brasileira essencialmente como poeta, apesar de sua produção incluir livros infantis, contos e crônicas.

Nascido em Itabira, no estado de Minas Gerais, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto, aos 23 anos, por insistência da família. Nesse período fundou com outros autores, como Emílio Moura, "A Revista", periódico de divulgação do modernismo no Brasil.

Após mudar-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete do Ministério da Educação até 1945, Drummond colaborou como cronista nos jornais Correio da Manhã e Jornal do Brasil. Na então capital federal lança algumas de suas obras mais importantes, como "Sentimento do Mundo" (1940), "A Rosa do Povo" (1945) e "Claro Enigma" (1951).
 
Uma das marcas da obra do escritor foi a variedade de temas. "Sua poesia é tanto amorosa quanto política. Trata tanto dos grandes acontecimentos como do cotidiano", disse ao iG o autor Silviano Santiago , palestrante da mesa de abertura da Flip 2012 , na qual o poeta foi o homenageado.

"Mas, em meio a tantos temas, é possível encontrar duas 'linhas de força'. No início, um individualismo ferrenho e rebelde. Depois, a aceitação dos valores patriarcais da sociedade mineira", completa.

Carlos Drummond de Andrade morreu em 17 de agosto de 1987, aos 84 anos. Durante a Flip deste ano foram lançados alguns trabalhos inéditos do escritor. Entre as principais publicações destacam-se "25 Poemas da Triste Alegria" (Cosac Naify), livro de 1924 nunca publicado pelo autor, e "Cyro & Drummond" (Editora Globo), que reúne 50 anos de correspondência entre Drummond e o escritor Cyro dos Anjos.

Sua obra oficial tem sido relançada pela Companhia das Letras , que venceu a disputa pelos direitos de Drummond com a Record. Entre os livros já lançados estão "A Rosa do Povo" (1945), "Claro Enigma" (1951), "Contos de Aprendiz" (1951), e "Fala, Amendoreira" (1957).

Dia D celebra obra do poeta Carlos Drummond de Andrade
 
 Para o Instituto Moreira Salles, não existe nenhuma pedra no caminho. Afinal esta quarta-feira (31), dia do aniversário de Carlos Drummond de Andrade, nascido em 1902, foi transformada pela entidade que cuida do precioso acervo do poeta no Dia D - Dia Drummond, que passa a figurar no calendário cultural do País. "Não queríamos que um material tão rico ficasse limitado aos muros do instituto", conta Flávio Moura, um dos curadores da festa, ao lado do poeta Eucanaã Ferraz. "Nossa inspiração foi o Bloomsday, que acontece todo 16 de junho, quando os irlandeses (e todo o mundo) comemoram a vida e a obra de James Joyce."
 
O ponto de partida foi envolver o maior número possível de admiradores do poeta, tanto famosos como desconhecidos. Assim, foi elaborada uma programação diversificada, que se espalha por diversas capitais brasileiras. Um dos destaques será a exibição do filme "Consideração do Poema", produzido pelo IMS justamente para a data, no qual nomes importantes da cultura brasileira leem poemas de Drummond, entre eles Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Hatoum, Fernanda Torres, Adriana Calcanhotto, Cacá Diegues, Antonio Cícero, Paulo Henriques Brito e Marília Pêra.
 
Com o evento, os curadores pretendem incentivar fãs anônimos a também lerem suas poesias preferidas: todos podem enviar por e-mail para o  site oficial seus próprios vídeos com leituras de poemas. O material vai inspirar um novo filme. Vale tanto famosos como "Poema de Sete Faces" ("Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra /falou: Vai, Carlos, ser gauche na vida") como o emblemático "No Meio do Caminho" ("No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho / tinha uma pedra / no meio do caminho tinha uma pedra'), que Mario de Andrade considerou formidável mas fruto de um cansaço intelectual.
 
Um terceiro vídeo também produzido pelo IMS estará disponível no site: "No Meio do Caminho" (2010) conta com 11 versões em língua estrangeira do poema mais conhecido de Drummond declamadas por personalidades diversas, como David Arrigucci Jr., Matthew Shirts, Jean-Claude Bernardet e Heloisa Jahn. E, para que a iniciativa ganhe as ruas, inúmeros adesivos foram espalhados por livrarias e centros culturais, promovendo o Dia D.

Tantos festejos surpreenderiam o próprio homenageado. Meses antes de morrer, em 1987, o poeta estava seguro que, dali a dez anos, ninguém mais se importaria com sua obra. O excesso de modéstia certamente cegou o escritor, que deixou seus papéis cuidadosamente arquivados e catalogados, como se tivesse clareza quanto à importância de documentos ligados à vida literária na constituição - ou reconstituição - da história de uma carreira. Com informações do IG e Agência Estado.


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