Monumento tem vista para o pôr do sol, como o cartunista pediu a amigos.
Millôr morreu em 2012, aos 88 anos, após uma parada cardíaca.

Foi inaugurado no fim da tarde desta segunda-feira (27), no calçadão entre as praias do Diabo e do Arpoador, na Zona Sul do Rio, um banco panorâmico em homenagem ao escritor, desenhista e jornalista Millôr Fernandes, morto em março de 2012 aos 88 anos, após uma parada cardíaca.
O escritor sempre dizia, contam os amigos, que se um dia fosse homenageado, poderia ser com um banquinho de onde fosse possível ver o pôr do sol. É por isso que, bem no horário do pôr do sol, o banquinho com vista para o mar de Ipanema e Leblon foi inaugurado. O local escolhido desde 2012 é conhecido como o Largo do Millôr.
O projeto, do urbanista Jaime Lerner, dá a impressão de que o banco flutua. Um perfil do escritor foi desenhado por Chico Caruso e apelidado de "O Pensador de Ipanema". Além de Caruso, estiveram presentes à inauguração o filho de Millôr (1923 - 2012), Ivan Fernandes, e o irmão, Hélio Fernandes, além de amigos como a atriz Fernanda Montenegro.
"Tantos anos de convívio de amizade, de produtividade também. É uma hora bonita. E um dia vai ter um pôr do sol. E a gente vai vir aqui só pra ver o pôr do sol ao lado do Millôr", disse Fernanda, em entrevista ao RJTV.


![@[183582651662046:274:Manoel de Barros] " O menino que carregava água na peneira" Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio. Falava que os vazios são maiores e até infinitos. Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito porque gostava de carregar água na peneira Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto no final da frase. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor! A mãe reparava o menino com ternura. A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta. Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos." BARROS, Manoel de. Exercício de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999](http://sphotos-b.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-snc6/s480x480/248230_577945575573200_170889986_n.jpg)







