quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O BRASIL E O MUNDO



14/09/2011 10:37

RENATO RIELLA


SEREMOS DONOS DA EUROPA

Estive na Europa diversas vezes, nas três últimas décadas. Nos diferentes países por onde passei, percebia que as populações do chamado Primeiro Mundo viviam a ilusão de um desenvolvimento não-sustentável. Aliás, nas visitas que fiz aos Estados Unidos tinha sempre essa certeza: esse povo vai quebrar - dizia a quem me acompanhava.

Todos os "finos" do mundo vinham gastando mais do que podiam, esnobando países em desenvolvimento, que estiveram monitorados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e hoje vivem situação econômica de relativo equilíbrio.

Intimamente, pensei sempre que um dia viraríamos o jogo em cima deles (França, Itália, Grécia, Espanha, Portugal...), pois não acreditava no tom artificial daquelas riquezas.

Agora estou vendo essa realidade acontecer. Países do BRIC, entre os quais o Brasil, vão se reunir na próxima semana para decidir comprar títulos de nações européias quebradas, ajudando a salvar o chamado Velho Mundo.

Isto é: Brasil, China, Índia e Rússia, mesmo subestimados, vão começar a ser donos da Europa. Nas próximas viagens, poderemos chegar lá de cabeça erguida, pois seremos "sócios" dos centros mais sofisticados do Universo.


ELES SUBIRAM O DEGRAU

Ao ficar "dono" da Europa, lembro de um episódio que acompanhei nas últimas décadas, assustador, contado por uma brasiliense muito rica, cuja família tinha fantástico apartamento de primeiro andar numa das principais ruas de São Paulo.

No início da década de 80, passou por lá uma passeata petista, cheia de barbudos e bandeiras vermelhas. A família riquíssima foi para as janelas do superprédio assistir a manifestação. De repente, um petista mal-encarado parou, apontou com o cabo da bandeira e disse: "Dentro de alguns anos quem estará aí nesta janela seremos nós!"

Hoje, pergunto: será que foi o Antônio Palocci que fez esta ameaça? Se foi, cumpriu a meta muito bem.

Quanto a nós, quem sabe não seremos donos do Arco do Triunfo...



EUA: O SONHO ACABOU MESMO

Dados divulgados nos Estados Unidos revelam que o total de americanos vivendo na pobreza chegou a 46,2 milhões no ano passado, o número mais alto desde 1959.

A taxa de pobreza no país aumentou de 14,3% em 2009 para 15,1% no ano passado, a mais alta desde 1993. Isso com desemprego de quase 10% da população.

Esta triste realidade é focalizada no filme em cartaz "Larry Crowne –O Amor Está de Volta", com os ícones Tom Hanks e Julia Roberts, produção que mereceu quatro páginas da última Veja. Vale a pena ver esse filme, que é bonito, romântico e engraçado. Mas totalmente irreal.

Deve ter sido subsidiado pelo governo Barack Obama para levantar a moral do povo americano. Esse tal de Larry Crowne perde de forma revoltante o emprego numa grande rede comercial. Depois, perde a própria casa, devolvendo-a para o banco: o saldo devedor era maior do que o valor comercial do imóvel.

Vende todos os seus bens num bazar de garagem. Troca seu ótimo carro por uma ridícula lambretinha. Volta a estudar numa sala de jovens. No fim, mesmo pobre, ferrrado, falido, acaba casando com Julia Roberts. Hahahahah! Conta outra, Obama.

No filme, em meio à maior crise, Larry Crowne integra uma gang de motoqueiros mal-encarados - porém do bem. Todo mundo aparece sem revolta, musical, brincando sempre com a miséria e acreditando que, logo-logo, tudo vai ficar legal. Inútil ilusão!

Pensando bem, o mundo gira e o Brasil já é um dos maiores "donos" dos Estados Unidos. Isso mesmo! Somos o quarto detentor de títulos desse país onde vive Larry Crowne.

Breve, breve, estaremos na janela do primeiro andar, igual ao petista paulista da historinha acima, o talvez Palocci.

(Observação final: mesmo assim, ainda há alguns poucos brasileiros que conservam o complexo de vira-latas denunciado por Nelson Rodrigues quando perdemos ridiculamente a Copa de 1950 - AU-AU-AU para eles)

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