terça-feira, 2 de julho de 2013

JORGE FERREIRA DO FEITIÇO

JORGE ''FEITIÇO" FERREIRA

 Luis Turiba

 Dia arrastado, cinza e choroso, frio quase gélido, uma sengraceira infinita no Rio de Janeiro. Dia em que um amigo se vai, furando a fila da existencialidade. Uma cadeira vazia no bar, um vazio na gente.

Assustadoramente, Jorge Ferreira se foi, sem avisar nem dá pistas. Deixou-nos órfãos de papo, poesia, chopps e tira-gostos. Logo ele que esteve sempre à frente da construção da cidadania de Brasília. O brasiliense mais mineiro dos todos os mineiros do Distrito Federal. O que soube misturar Minas com Rio de Janeiro no Planalto Central.  Temperou com o samba a gastronomia das Gerais. Criou uma casa onde o samba se fez raiz, onde a música bateu asas.

Recebia como ninguém, era sempre o primeiro a apoiar e o último a sair. Jamais quis ser o rei da noite brasiliense, mas foi um farol que iluminava artistas, seresteiros, poetas, boêmios, políticos de esquerda com suas propostas e ideias.

Também ele um poeta de livro que fica em pé lançado e saudado. Também ele um sambista/ letrista de muitas e maravilhosas parcerias. Tive a sorte de ter um poema escrito pelo Jorge. Falou ele da minha despedida de Brasília com tanta propriedade, que muita gente apostou de eu realmente havia partido para outros planos.

Na última vez que fui a Brasília, marcamos um encontro (como tantos outros) no Feitiço Mineiro. Lá, ele se engajou no projeto do CD do Cacá Pereira. Mergulhou de cabeça, como tudo que fez na vida. Jorge Ferreira do Feitiço nos enfeitava e enfeitiçava com seu riso farto, prosa oriunda de Cruzilha, noitadas de samba com petiscos que jamais nos esqueceremos.

Quis o amigo lá de cima, que ele fosse convocado com uma certa antecedência. Nem deu tempo de esperar a Copa do Mundo tão sonhada. Vai Jorge, vai em paz ao som do surdo, do pandeiro, do agogô e da cuíca. Aqui, a gente fica firme defendendo teus (nossos) ideais. Tomando uma cachacinha mineira que ninguém é de ferro. Como se diz por aqui: valeu!

Um comentário:

Soninha disse...

Linda homenagem. Fiquei emocionada. Não tive proximidade com ele. Mas conheço a sua história em prol da arte, da cultura e da gastronomia da cidade. Casando essas coisas construiu um patrimônio cultural, palcos de cultura. Que pena ser chamado. Mas é isso. Abs poeta!