terça-feira, 15 de junho de 2010

CEGA PAIXÃO, de Luis Humberto

 
Essa mesma bola
Doida, caprichosa e difícil
Que não respeita desejos e pretensões
De craques consagrados, patrocinadores,
televisados,
Quando guiada pelo chute de olhos limpos
Bate na trave
Ou passa raspando o gol vazio,
Ou não se deixa tocar
Na furada vergonhosa.
 
É gentil, paciente e generosa
Com aqueles que a amam
Sem vê-la.
 
Não parece indiferente à paixão
Dos que transitam no escuro.
 
No escuro?
Como falar de trevas para os que têm
paixão?
 
E cúmplice
Quando por guizo
Anuncia-se
Em um espaço sem luz.
 
O chute é um mágico encontro
entre o improvável
e a negativa à exclusão.
 
A bola viaja no trajeto revelador
De um homem mais capaz
Do que pensava ser.
 
Celebra-se a beleza
Em sua dimensão maior.
 
Reinaugura-se a vida
Em uma festa de muitas luzes 
 
 
 
 

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