Luis Turiba
Há 30 anos não encontrava com o escritor e jornalista Elias Fajardo, com quem trabalhei na Bloch Editora, no Rio de Janeiro. Nos encontramos no restaurante natural Flor de Lotus, na 102 Norte, Brasília, na semana passada. Convidei-o para o Arraiá do Ze Cutivo, na chácara onde moro.
Hoje ele me escreveu dizendo que achou a festa ótima e me enviou um poema. Não sei qual "fonte" o inspirou para retratar tão harmoniosamente essa dádiva da natureza.
Todos os fins de semana caminho no Parque Olhos D´Água, na Asda Norte, e molho meu cabeça numa fonte que carinhosamente chamo de Berço de Oxun. É linda, parece um pedaço do Japão perdido no meio do cerradão. Então, meu amigo e contista de primeira Elias Farjado, fez o poema que eu gostaria de ter feito para a Fonte da Oxun no Parque Olhos D´Água.
Compartilho com vocês esse lindo poema;
diante da fonte
Elias Fajardo - 7/6/2010
olhos d'água brotam
entre seixos
areia
e ciscos
o que faz o filete
irromper
das entranhas do solo
para encorpar
a torrente
onde o bem-te-vi
vem beber?
a fonte não nasce
num lugar só:
desponta ao acaso
aqui, ali, acolá
seu rumorejo
marca-lhe a presença
no meio da mata
cansada de morar
no oco escuro
a água
anseia conhecer
a luz
a fonte é o instante
em que a torrente passa
de um estado a outro:
ontem prisioneira
dos veios do solo
hoje, liberta,
ecoa seu canto
ininterrupto e delicado
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