segunda-feira, 14 de junho de 2010

DIANTE DA FONTE, o poema

 
Luis Turiba
 
Há 30 anos não encontrava com o escritor e jornalista Elias Fajardo, com quem trabalhei na Bloch Editora, no Rio de Janeiro. Nos encontramos no restaurante natural Flor de Lotus, na 102 Norte, Brasília, na semana passada. Convidei-o para o Arraiá do Ze Cutivo, na chácara onde moro.
 
Hoje ele me escreveu dizendo que achou a festa ótima e me enviou um poema. Não sei qual "fonte" o inspirou para retratar tão harmoniosamente essa dádiva da natureza.
Todos os fins de semana caminho no Parque Olhos D´Água, na Asda Norte, e molho meu cabeça numa fonte que carinhosamente chamo de Berço de Oxun. É linda, parece um pedaço do Japão perdido no meio do cerradão. Então, meu amigo e contista de primeira Elias Farjado, fez o poema que eu gostaria de ter feito para a Fonte da Oxun no Parque Olhos D´Água.
 
Compartilho com vocês esse lindo poema; 
 
diante da fonte
 
                     Elias Fajardo  - 7/6/2010
 

olhos d'água brotam

entre seixos

areia

e ciscos

 

o que faz o filete

irromper

das entranhas do solo

para encorpar

a torrente

onde o bem-te-vi

vem beber?

 

a fonte não nasce

num lugar só:

desponta ao acaso

aqui, ali, acolá

 

seu rumorejo

marca-lhe a presença

no meio da mata

 

cansada de morar

no oco escuro

a água

anseia conhecer

a luz

 

a fonte é o instante

em que a torrente passa

de um estado a outro:

ontem prisioneira

dos veios do solo

hoje, liberta,

ecoa seu canto

ininterrupto e delicado

 

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