quinta-feira, 8 de setembro de 2011

POVO QUER FAXINA CONTRA A CORRUPÇÃO

07/09/2011 11h39 - Atualizado em 07/09/2011 19h50

Manifestantes lavam rampa do Congresso em ato anticorrupção

Protesto em Brasília reúne 'diabinha', aposentados e até estrangeiros.
Marcha ganhou adesão de quem assistia ao desfile de 7 de Setembro.

Rafaela Céo e Jamila Tavares Do G1 DF

Manifestantes que participaram da Marcha Contra a Corrupção nesta quarta-feira (7) em Brasília lavaram a rampa do Congresso Nacional e dos ministérios do Esporte e da Agricultura, ambos envolvidos em suspeitas de corrupção.

Manifestantes lavam rampa do Congresso Nacional em Brasília em protesto contra a corrupção durante o desfile de 7 de Setembro  (Foto: Jamila Tavares/ G1)Manifestantes lavam rampa do Congresso Nacional em Brasília em protesto contra a corrupção durante o desfile de 7 de Setembro (Foto: Jamila Tavares/ G1)

Organizada pela internet, a marcha começou com cerca de 2 mil pessoas e ganhou a adesão do público que acompanhava o desfile de 7 de Setembro na Esplana dos Ministérios. A PM estimou em cerca de 40 mil pessoas no desfile.

"Nós vamos pegar a água do espelho d'água do Ministério da Justiça para lavar o Ministério dos Transportes, que foi onde começou esses novos escândalos", disse um dos organizadores do protesto, Charles Guerra.

Segundo outra organizadora, Daniella Kalil, a marcha não teve como intenção atrapalhar o desfile de 7 de Setembro. O objetivo da manifestação é chamar a atenção para os escândalos envolvendo desvios de dinheiro público, de acordo com a organização.

Entre as reivindicações do movimento, criado pela internet há cerca de um mês, estão o voto aberto no Congresso Nacional, a votação do projeto de lei apresentado no Senado que considera a corrupção crime hediondo e a aplicação da Lei da Ficha Limpa.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF dá apoio jurídico aos participantes do movimento. O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, participa da marcha.

"O que está faltando neste país é vergonha na cara. Não dá para tolerar esse tipo de gente, que usa o poder para seus interesses privados. O Brasil dá hoje seu novo grito de independência", disse Cavalcante.

Fiquei sabendo do movimento pelos jornais. Fico indignada por não termos dinheiro para a saúde por causa da corrupção. Não quero pagar CPMF novamente"
Ângela Alencar, aposentada que participou da Marcha Contra a Corrpução em Brasília nesta quarta

O presidente da OAB destacou que os cidadãos trabalham quatro meses apenas para pagar impostos. "Precisamos lembrar que trabalhamos muito para esse país se desenvolver. Mas esse dinheiro está indo para o ralo da corrupção", declarou Ophir Cavalcante.

A organização do evento conta que o movimento ganhou força depois da absolvição da deputada Jaqueline Roriz, no último dia 31, na Câmara Federal. A deputada foi flagrada recebendo dinheiro de Durval Barbosa, que revelou o esquema do mensalão do Democratas do Distrito Federal. Ela era acusada de quebra de decoro parlamentar.

"Na primeira semana tínhamos 1.500 pessoas apoiando o movimento. Depois da absolvição da deputada, foram 7 mil pessoas em um único dia. Sem contar as inúmeras mensagens de apoio ao movimento", disse Daniella Kalil.

Personagens
Formada em relações internacionais e ativista de direitos humanos, Leilane Rebouças, desfila na Espanada vestida de diaba e com uma faixa em que era possível ler a seguinte frase: "Infernize a vida de um corrupto. Constranja-o em público".

Manifestante vestida de 'diabinha' em protesto contra a corrupção; integrantes de ato lavam parede de ministério e expõem faixas na Esplanada durante desfile do 7 de Setembro (Foto: Jamila Tavares/G1 e Rafaela Céo/G1)Manifestante vestida de 'diabinha' em protesto contra a corrupção; integrantes de ato lavam parede de ministério e expõem faixas na Esplanada durante desfile do 7 de Setembro (Fotos: Jamila Tavares/G1 e Rafaela Céo/G1)

No dia 31 de agosto, Leilane usou a mesma fantasia em um protesto solitário na Câmara dos Deputados contra a absolvição da da deputada Jaqueline Roriz. Naquele dia, ela portava uma faixa onde se podia ler: "Senhores e senhoras que salvaram Jaqueline Roriz: vão para o inferno e que o diabo os carregue".

"Tive um insight. Pensei no que poderia fazer para mostrar a indignação da população de Brasília", afirmou.

A aposentada Ângela Alencar também resolveu participar da marcha. "Fiquei sabendo do movimento pelos jornais. Fico indignada por não termos dinheiro para a saúde por causa da corrupção. Não quero pagar CPMF novamente", disse.

O italiano Ernesto Cordella, que também participa do protesto junto com a esposa brasileira, Munira Franco, disse que os protestos deveriam ser mais frequentes. "Acho ótima essa manifestação. Deveria acontecer a cada domingo. A corrupção é a mesma, mas na Europa tem mais movimentos populares como esse que está acontecendo hoje no Brasil. As pessoas gritam mais", afirmou.

Os organizadores da Marcha contra a Corrupção informou que todo o dinheiro usado para a confecção de faixas e camisetas foi arrecadado entre os participantes do protesto. Daniella Kalil informou que políticos se apresentaram para apoiar a manifestação, mas não foram aceitos.

"A gente pediu para políticos não se envolverem. Fizemos vaquinhas sem ajuda de políticos e empresas", destacou Daniella.

Protestos nos estados
Em São Paulo, manifestantes fizeram um protesto contra a corrupção no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. O protesto foi convocado nas redes sociais. Segundo a Polícia Militar, a manifestação era pacífica.

Em Recife, representantes de vários movimentos sociais participaram da 17ª edição do Grito dos Excluídos. O tema do evento neste ano foi "Pela vida grita a terra, por direito, todos nós."

A marcha do Grito dos Excluídos em Salvador estava programada para ter início uma hora após o desfile de na capital baiana.

Em Cuiabá, o protesto foi contra o excesso de desapropriações relacionadas às obras da Copa do Mundo de 2014. A capital mato-grossense é uma das 12 cidades-sedes dos jogos.

Movimentos sociais de Belo Horizonte e Região Metropolitana da capital mineira se reuniram nesta quarta-feira para pedir igualdade. A concentração do 17 º Grito dos Excluídos começou na Praça da Estação, no hipercentro da capital, às 8h30, e os participantes seguiram em passeata até a Praça da Rodoviária e a Praça Sete.

Um comentário:

Regbit disse...

mesmo ausente estamos presente,bela postagem para alertar todos os brasileiros e que fiquem com os olhos bem abertos