quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

POEMA PARA ALÉM DAS NOSSAS TELAS

INTER-AGIR, ELETRIZADOS

-1-

coisas não são
coisas tendem a ser
mutatis mutandis
metamorfose ambulante 
estamos todos eletrizados
vivemos num presente infinito
internet: extensão do nosso libido
internet das coisas
internet dos humanos
internet dos orixás
somos humanos, transumanos
& ativamos a zona do cérebro
responsável pelas conexões hiper-textuais
a internet nos leva a navegar no espaço
é a extensão mais elétrica da nossa pele
compartilhamento dos pertencimentos
o corpo é o ponto G de um chip
chip no xibiu da primavera árabe
chip no chifre da crise capitalista
chip no piu-piu do movimento gay
a dúvida da realidade é filosófica
hiperlocal é o celular no meu bolso
seu corpo estará em todos os lugares

-2-

interagir é enxergar o princípio emergente
criado pelo ser atuante
que vivencia holograficamente
as relações das hipercomplexidades reticulares
interagir é ativar as reconfigurações cerebrais
da inteligência conectiva que pulsa em bites
a nova ecologia é ato conectivo
chineses vivem no presente eterno
ianomâmis são atemporais e não-lineares
estamos todos em redes
redes de dormir, redes de acordar, redes de rendas
a essência humana é a técnica
quem a domina transcende
play e off; sensação de participação
"ponto de ser"; esteja em todos os lugares
a internet faz renascer línguas mortas
a tela sagrada, a tela sangrada

- 3 -

infiltrar e fazer a rede acontecer
no bit de cada corpo global
na onda de toda sinapse virtual
transformar-se em Ser
performático virtual eletrificado
teatral enigmático
o momento é a continuidade

a Ser desvendado
conexões matriciais
perpetuando o finito
liquefazendo a solidez
do encontro...
a verdade não é mais verde: é dada

com Luca Andrade

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