Sou um sujeito de sorte. Participar de duas passeatas de 100 mil na mesma encarnação é como ganhar duplamente na loteria. Hoje, portanto, bamburrei. Digo isso como poeta, como ser político, como cidadão brasileiro.
A primeira foi há 45 anos e está retratado no poema "MeiaOito". Histórica passeata que balançou o regime militar. Depois, veio o AI-5 e terminou com nossa festa com porrada, tortura, assassinatos, seqüestros. Resistir era preciso!
Mas hoje (17.6), estar no meio da meninada, da Candelária a Cinelândia, ouvindo cantos de guerra-e-paz ecoando entre os prédios da velha Avenida Rio Branco, me fez chorar de emoção. Do Hino Nacional ao "Vai tomar no cu Cabral", tudo era muito lindo, novo e diferente. Graças a Deus essa geração acordou e agora eles têm o mundo político pela frente. Estão com a auto-estima lá em cima, pintados para a Revolução dos Centavos ou para a Revolta do Vinagre, com flores e bandeiras, meninos e meninas caíram para dentro da revolução mundial que acontece via Internet. "Sem partidos", "Sem Lideranças", gritavam eles, que foram convocados pelo Passe Livre via facebook. E todos nós fomos na onda, uma hola que tomou conta do país
Os políticos tradicionais, mesmo os da "exquerda certinha", para usar um toque do poeta mineiro Ricardo Aleixo, custam a acreditar no que está acontecendo.
Na realidade, o que é mesmo que está acontecendo? Ainda é cedo, cedo, cedo pra saber.
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