quinta-feira, 30 de setembro de 2010

AS 10 REGRAS do ''Futebol de Rua'' ou da BOA PELADA




 
As 10 regras do  
"Futebol de Rua"
O verdadeiro futebol de macho!
paulo andrade

 
1. A BOLA
A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol serve.
No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como um bagaço de  laranja, uma lata vazia ou a merendeira do irmão menor.

2. O GOL
O gol pode ser feito com o que estiver à mão: tijolos, pedras, paralelepípedos, camisas emboladas, chinelos, os livros da escola, pedaços de pau. 
 
3. O CAMPO
O campo pode ser a rua só até o meio-fio das calçadas; a rua mais as duas calçadas
e, nos grandes clássicos, o quarteirão inteiro.

4. DURAÇÃO DO JOGO
O jogo normalmente é disputado até um time fazer 10 gols, vira no 5 e termina no 10.
Pode durar, também,  até a mãe do dono da bola chamar ou escurecer.
Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia.

5. FORMAÇÃO DOS TIMES

Varia de 3 a 70 jogadores de cada lado.
Gordo vai para o gol. Perneta joga na ponta, esquerda ou a direita, dependendo da perna que faltar. O "de óculos" é meia-armador, para evitar os choques. 
O mais malvados e porradeiros  são os beques.

6. O JUIZ

Não tem juiz!
 
7. AS INTERRUPÇÕES
No futebol de rua, a partida só pode ser paralisada em 3 circunstâncias:
 
a) Se a bola entrar por uma janela ou cair num quintal.
Neste caso os jogadores devem esperar uns 10 minutos pela devolução voluntária da bola.
Se isso não ocorrer, os jogadores devem nomear comissão para bater na porta e solicitar devolução à dona da casa; primeiro com bons modos e depois com ameaças de depredação dos vidros das janelas, à pedradas. 

b) Quando passar na rua qualquer garota gostosa.
O motivo é mais que óbvio: para dar oportunidade a todos de assobiarem e mexerem com a gatinha.

c) Quando passarem veículos pesados.
Só vale de ônibus para cima. Bicicletas e fusquinhas podem ser chutados junto com a bola e, se entrar, vale o gol.
 
8. AS SUBSTITUIÇÕES
São permitidas substituições nos casos de:
a) Um jogador ser carregado para casa, para fazer lição da escola, puxado  pela orelha.
b) Jogador que arrancou o tampão de gaze do dedão do pé. Porém, nestes casos, o mesmo acabará voltando à partida, após utilizar aquela àgua santa da torneira do quintal de alguém.
c) Em caso de atropelamento ou se algum garoto
"botar sangue pelo nariz", episódio muito comum.

9. AS PENALIDADES

A única falta prevista nas regras do futebol de rua é atirar o adversário dentro do bueiro.

10. A JUSTIÇA ESPORTIVA

Os casos de litígio serão resolvidos na porrada. Prevalece a lei do mais forte ou a de  quem pegar primeiro uma pedra ou porrete .
___________________________________________
 
QUEM JOGOU CERTAMENTE FOI UM MOLEQUE FELIZ;
QUEM NÃO JOGOU, PERDEU OS MELHORES MOMENTOS DA VIDA!



 


-pa

 


VEM AÍ A ELEIÇÃO DO ICA

 
MICO OU MICA?

JAGUATIRICA OU TIRIRICA
COISA RIDÍCULA!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SAIU A COLEÇÃO "OIPOEMA"

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE DE 28 DE SETEMBRO

QUER COMPRAR SEU LIVRO OU TODA A COLEÇÃO LIGUE PARA O QUIOSQUE DO IVAN PRESENÇA, NO CONIC -
PHONE ; O5561- 9601-1221
  

Esquadrão da prosa e do verso

Liderados por Luis Turiba; Nicolas Behr, Angélica Torres, Cristiane Sobral, Bic Prado e Amneres, ao lado do artista gráfico Resa, lançam livros no Espaço Cultural Renato Russo

Eraldo Peres/Divulgação/ Fotos: Editora Sinhá Produções/Divulgação
Poetas "brasilienses": a diversidade de estilos marca os versos do pessoal do grupo OiPoemas
 

Uma das gerações de poetas mais consagradas da capital, unida há mais de 10 anos, resolveu trabalhar em conjunto mais uma vez e lançar um pacote de sete livros batizado de coleção OiPoema, distribuída pela editora Sinhá Produções. O Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul), selecionado para o cortejo de chegada desse trabalho, não foi escolhido à toa. Nicolas Behr, Angélica Torres Lima, Cristiane Sobral, Bic Prado, Amneres, Resa e, o organizador e coordenador do projeto, Luis Turiba, explicam que o descaso das autoridades com o local, que possui extrema importância para todos os artistas que vivenciaram a Brasília das décadas de 1960 a 1980, foi crucial no momento de decidir onde a festa, que acontece hoje, às 18h, seria realizada.

A carioca Cristiane Sobral, 36 anos, reside na capital desde 1990. Como escritora, possui poemas e contos publicados na Antologia Cadernos Negros, edições 23, 24, e 25. Ela contempla a coletânea com Não vou mais lavar os pratos, sua primeira publicação, que visa causar uma reflexão nos leitores a respeito da posição das mulheres na sociedade contemporânea.

Com cinco publicações, entre elas Sindicato de Estudantes (1986), pelo qual recebeu o prêmio Mário Quintana de Poesia, do Sindicato dos Escritores de Brasília, a goiana de Ipameri, Angélica Torres Lima, de 58 anos, concretiza a sexta obra, Luzidianas, com a coleção que será lançada hoje. No trabalho, a poetisa traz, através de verso e prosa, emoções vividas com entardeceres, arco-íris, chuvas, cinzas e outras expressões naturais.

Emoções
Também fazendo parte deste coletivo de poetas, a brasiliense Bic Prado e a paraibana Amneres Santiago contemplam a compilação com Poemas de um livro verde e Diário da poesia em combustão, respectivamente. Bic, batizada Fabiane Prado Silveira, revela que o nome artístico é a soma de um apelido com uma homenagem ao avô, Onofre, e que o livro, sua estreia literária, engloba as temáticas ambientais. Já Amneres, autora com mais de sete publicações, apresenta o produto de um blog (www.poesiaemtemporeal.com) em que, como em um diário íntimo, relatou por seis meses emoções e lembranças.

Já a tríade masculina que encorpa o grupo é composta por nomes consagrados do cenário artístico. Nicolas Behr, matogrossense de 52 anos, já possui mais de 25 obras. A última, O bagaço da laranja, que será lançada hoje, segundo ele, trata da continuação de Laranja seleta (2007), editado pela Língua Geral. São poemas escritos entre 1977 e 2007, não incluídos na antologia anterior. Muitos são inétidos", explica na apresentação do impresso.

"Militância ativa"
Coordenador-geral do projeto, Luis Turiba fez o primeiro de seis trabalhos, Koprocó, em 1977 no Rio de Janeiro. Pernambucano, criado na capital fluminense e enraizado em Brasília, tem "militância ativa" na poesia há mais de 30 anos, como ele mesmo classifica. Meiaoito, que faz parte do pacote, foi selecionada pela Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Literária, em 2007, e tenta, segundo o autor, enfatizar o poema homônimo (incluso na obra) que retrata a complicada situação do país no ano de 1968. "Aquele foi um ano emblemático onde tudo aconteceu. Foi como uma pancada nas nossas cabeças", conta.

Fugindo do padrão dos outros seis poetas que fazem parte da equipe, Luis Eduardo Resende, o Resa, não utiliza apenas palavras para se expressar. Por meio de fotografias, o artista gráfico, ilustrador, pintor e escultor traz em Miserere Nobis imagens das peças que fizeram parte de exposição com mesmo nome que visa, através de colagens e montagens, homenagear as raízes construtivas e surrealistas com um trabalho sobre o branco. "Mesmo trabalhando sobre a cor branca, preferi utilizar nas páginas, ao redor das imagens, uma cor mais sépia, que retrata melhor a ideia de antiguidade que queria passar", relata.

Individualmente cada obra custa R$ 20. Porém, comprando o pacote com todas as publicações, o preço unitário cai pela metade, e o conjunto pode ser adquirido por R$ 70.

LANÇAMENTO
Hoje, às 19h30, no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul; 3443-1559), lançamento da coleção OiPoema com livros de poesias de Nicolas Behr, Angélica Torres Lima, Cristiane Sobral, Bic Prado, Amneres, Resa e Luis Turiba. Entrada franca.


O número
R$ 70
Valor do pacote com todos os livros

Leia versos dos poetas.



 

Diário da poesia em combustão

De Amneres. Editora Sinhá Produções, 200 páginas. Preço médio: R$ 20.














 

Poemas de um livro verde

De Bic Prado. Editora Sinhá Produções, 110 páginas. Preço médio: R$ 20.














 

Não vou mais lavar pratos

De Cristiane Sobral. Editora Sinhá Produções, 126 páginas. Preço médio: R$ 20.














 

O bagaço da laranja

De Nicolas Behr. Editora Sinhá Produções, 126 páginas. Preço médio: R$ 20.















 

Luzidianas

De Angélica Torres Lima. Editora Sinhá Produções, 147 páginas: 147. Preço médio: R$ 20.














 

Meiaoito

De Luis Turiba. Editora Sinhá Produções, 150 páginas. Preço médio: R$ 20.














 


FRASE DO DIA NA RETA FINAL DA ELEIÇÃO



DEPOIS DA MULHER MORANGUINHO,
DA MULHER MELÃO,
DA MULHER MELANCIA,

ENFIM, A MULHER LARANJA



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BRASÍLIA VISTA DA EUROPA ENCANTA E APAIXONA

Foto de Mariana Santos
 
Por Luis Turiba

Brasília tem uma mística planetária. É ainda hoje uma lenda brasileira de alcance internacional. Sempre foi, traz isso do berço e do barro de onde se ergueu.

Na época da sua construção, a ousadia do gesto assombrou o mundo inteiro: surgia do nada do cerrado, como um lance de magia inconcebível, uma moderna cidade com arquitetura de traços, curvas e levezas flutuantes nunca dantes imaginável. No centro de tudo, o homem, o trabalhador, o candango anônimo – milhares deles. Era um tempo de delicadezas e descobertas.

Consciente desse encantamento, o presidente Juscelino Kubitschek dava corda. Trouxe para a cidade em construção as melhores cabeças planetárias. O astronauta russo Yuri Gagarin, por exemplo, o primeiro a rodar no espaço sideral, ao chegar aqui ficou boqueaberto com o que viu e exclamou: "tenho a sensação de estar pousando num planeta diferente".

O intelectual francês Jean Paul Sartre trouxe junto a libertária mulher Simone de Bauvoeir, que também se impressionou com a construção de Brasília, mas foi gélida e ácida: "essa cidade nunca terá alma".

Veio também Fidel Castro, revolucionário que libertara Cuba; o imperador da Etiópia, Yalé Salassiê; a duquesa de Kent, que foi esnobada por Niemeyer; o filósofo inglês Aldus Huxley; o presidente de Portugal, Craveiro Lopes; e o ministro da Cultura do governo do marechal De Gaulle, André Malraux, para quem a cidade era "contemporânea do futuro". Foi ele, aliás, que esculpiu a clássica frase: "Brasília, capital da esperança."

Mas segundo meu amigo e historiador Miguel Setembrino, presidente da Fecomércio/DF, as considerações mais significativas foram feitas pelo então presidente italiano Geovanni Gronchi, que visitou as obras da futura capital no dia 8 de setembro de 1958.

"Na civilização moderna, Brasília é o que mais se assemelha a Roma pelo seu espírito de monumentalidade e perenidade."

Ou seja: não se fala de Brasília impunemente, pois o mundo ainda a olha com respeito da monumentalidade e um toque encantatório da perenidade. A obra de JK, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e todos os seus candangos seguidores é realmente eterna e está acima de factóides políticos de maus administradores.

Tive a oportunidade de comprovar esse veredicto agora, em Madrid, por ocasião da exposição "Brasília, 50 anos: meio século da capital do Brasil". Uma exposição belissimamente montada em três diferentes ambientes da elegante Arqueria de Nuevos Ministérios, na área central e moderna de Madrid.

Com produção e curadoria de Daneille Athayde, que trabalhou duro por quase dois anos para reunir farto material histórico e estético sobre esses primeiros 50 anos de Brasília. Pode não ter sido o mais chamativo de uma Brasília contemporânea, mas foi o possível e suficiente e isso já é muito significativo.

Na exposição, por exemplo, os espanhóis verão peças fundamentais na história da cidade, como os rascunhos iniciais do Plano Piloto de Lúcio Costa; desenhos originais de Oscar Niemeyer e uma sala especial para Athos Bulcão, com painéis de seus azulejos. As fotos históricas de Fontenelle, a supermaquete do arquiteto Antonio José Pereira e as fotos "quase vivas" de cores e luzes de Fabio Colomnini, impressas magistralmente em papel de algodão fine arte com duralidade de 200 anos ou mais. É a Brasília século XXI se dizendo presente, cá estou viva e gloriosa. Danielle conseguiu juntar a Brasília de dois tempos.

Bom mesmo é ver e curtir as fotos, sempre originais, do histórico e pioneiro Mário Fontenelle retrabalhadas em gigantescos banners pendurados nos arcos da galeria dos Novos Ministérios de Espanha. É a vitória de Brasília sobre o grande mundo tremulando numa das mais movimentadas e culturais capitais europeias. Demais....ver o brilho da nossa cidade a oito mil quilômetros de distância.

A vice-governadora de Brasília, Ivelise Longhi, que abriu a exposição que teve patrocínio da Cartão-BRB, ficou tão encantada que prometeu buscar recursos para levá-la a Lisboa e trazê-la também a Brasília no início da próximo ano.

"Aí, não serei mais governadora, mas vou conversar com o futuro governador para trazer essa linda exposição para os festejos do 51 aniversário de Brasília", garantiu Evelise.

Depois de Madrid, "Brasília 50 anos" irá a Lisboa, Milão e uma cidade na Alemanha. Em 2011, quem sabe Paris. A governadora estava acompanhada do presidente do BRB, Nilban de Melo Junior, e da Terracap, Dalmo Alexandre Costa.

Um pequena biblioteca foi montada no andar térreo com centenas de livros para os visitantes fazerem suas consultas sobre Brasília. Lá, poderão encontrar "BRASÍLIA ABSTRATA E CONCRETA" , histórica antologia de textos, visualidades e poemas organizada por Wagner Hermuche, "Brasília do Cerrado, a capital da República", de Lucilia Garsez e Jo Oliveira, "Brasília, que cidade é essa", de Beth Cataldo; "La Brasilíadas", poemas de Nicolas Behr; e muitos outros como o grande catálogo de Athos Bulcão.

 Ah, realmente é maravilhosa a sensação ver Brasília de longe, sentir que a cidade inventada por Lucio Costa e Oscar Niermeyer deu certo, é planetária e humanista, sobreviveu e sobrevive a todas tormentas políticas e tentativas de violentá-la do ponto de vista político e moral. 

 

domingo, 26 de setembro de 2010

COLEÇÃO "OIPOEMA" CHEGA NESSA TERÇA AO PÚBLICO



OS POETAS ESTÃO DE OLHO NO SEU TESOURO
 
SERÁ NO CENTRO CULTURAL RENATO RUSSO, DIA 28, TERÇA, A PARTIR DAS 18HS
AGENDEM-SE

OUÇAM: ANAND RAO HOMENAGEIA O POETA TURIBA





 
http://www.youtube.com/watch?v=M5mRbU2toJM

Turibá, música feita na hora no palco pelo compositor Anand Rao para o poeta Turiba utilizando o seu nome. Os efeitos de voz foram feitos na hora gravando uma a uma num pedal de looping.
Anand Rao musica poemas no palco e faz letra e música na hora no palco na frente de todos. Portal Cultural Anand Rao (www.anandraobr.com).

Produção Anand Rao
Anand Rao Multiempreendimentos
site - www.anandraobr.com
e-mail - producaoanandrao@gmail.com
Telefone Celular TIM - 61-82027100
Telefone Celular VIVO - 61-99761402
Nextel Rádio - 83*82506

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

EMPATE CONSTITUCIONAL

 
 
FICHA SUJA 5  X FICHA LIMPA 5
 
AGORA É VOCÊ QUEM DECIDE. VALE?!
 
É COM A GENTE, GALERA......
 
VAMOS DESEMPATAR......

terça-feira, 21 de setembro de 2010

SETE LIVROS DE POESIA DE UMA SÓ VEZ - VEM AÍ A COLEÇÃO OIPoema

 
COLEÇÃO "OIPoema" FINALMENTE CHEGA AO PÚBLICO
 
POETAS LANÇAM SETE LIVROS NUM GRANDE ENCONTRO LITERÁRIO E CULTURAL
SERÁ NA PRÓXIMA TERÇA-FEIRA, DIA 28 A PARTIR DAS 18 HORAS (6 DA TARDE), NO HISTÓRICO ESPAÇO CULTURAL "RENATO RUSSO", NA 508 SUL
 
Demorou quase dois anos a gestação e realização da coleção OIPoema, que chega ao público na próxima semana. São seis poetas de palavra - Amneres, Angélica Torres Lima, Bic Prado, Cristiane Sobral, Luis Turiba e Nicolas Behr.
 
Os livros são "Luzidianas", de Angélica Torres Lima; "Não vou mais lavar os pratos", de Cristiane Sobral, "Poemas de um livro verde", de Bic Prado; "Diário da Poesia em Combustão", de Amneres; "Meiaoito" de Luis Turiba; e "Bagaço da Laranja II" de Nicolas Behr.
Para dar mais impacto a coleção, junta-se ao grupo o poeta-desinger Luis Eduardo Resende, o Resa, que está lançando um catálogo de poemas visuais, o "Miserere Nobis".
 
Todos os livros foram produzidos pela produtora Sinhá, sob a direção de Mônica Monteiro, com o apoio financeiro do FAC da Secretaria de Cultura do DF.
 
AÇÃO NAS ESCOLAS
 
Como se sete livros com poemas de todos os estilos não bastasse para cobrir de "significâncias" essa terrível seca de Brasília, e para dar maior impacto cultural ao histórico lançamento, o grupo OIPoema tomou a iniciativa de adotar escolas públicas de áreas carentes do DF como contrapartida do apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Afinal, poesia começa e se desenvolve na escola. É lá que começam a ser formados os futuros leitores pois sem leitores não há escritores nem poetas. Durante duas semanas os poetas do OIPoema visitaram escolas de áreas carentes, doaram livros, fizeram recitais e breves conferências para as crianças

"A leitura cria a fantasia para a criança, além de ser também uma forte ação social e ajudar no combate ao avanço do crack entre os nossos jovens", afirma o poeta Luis Turiba, coordenador da coleção.
Baseados nesse princípio, os "Ois" poetas, que trabalham sem nenhum patrocínio de empresas de telefonia celular, estão adotando seis diferentes escolas públicas em áreas carentes de Brasília.
 
DINAMIZANDO AS RELAÇÕES 
 
A ideia nasceu como ação de contrapartida do projeto junto ao FAC e evoluiu quando o poeta Luis Turiba lançou no primeiro semestre deste ano o livro infantil "Luísa Lulusa, a atriz principal" e passou a visitar escolas fazendo recitais.
"É uma sensação maravilhosa recitar versos para a criançada. Fui as escolas com Luísa, minha musa inspiradora que está com 12 anos, e nos deliciamos", afirma Turiba.
Visitar e adotar escolas, aliás, já é um costume antigo do poeta Nicolas Behr. Ele adotou há anos uma paupérrima no Vale do Paranã, cidade de Posses, Goiás, a 350 quilômetros de Brasília. Todo ano visita a escola e leva livros, computadores, material escolar, além de roupas, sapatos, brinquedos. No ano passado, Behr convidou o poeta-diplomata Francisco Alvim para acompanhá-lo. "Foi uma aventura inesquecível", confirma Chico.

Assim, os poetas do OIPoema desejavam fazer algo a mais do que doar livros para o FAC, que normalmente ficam engavetados lá na secretaria de Cultura.
 

sábado, 18 de setembro de 2010

EN LAS CATACUMBAS DE BARAJAS

Luis Turiba, Madrid
 
Depois da inauguração da exposição "Brasília 50 Anos", o músico Pablo Duque, me deu o seguinte depoimento sobre a experiência que viveu nos labirintos da Duana do aeroporto de Barajas, em Madrid, nas cinco horas em que fico detido. É algo que vale a pena ler, tirar suas lições pois todos nós, de uma maneira ou de outra, estamos na mira desses caçadores de terroristas. Foi assim seu depoimento..... 
 
"Véio...foi sinistro!
Eu sabia, tinha certeza que minha prisão era um tremendo mal entendido e que não iria acarretar nenhum dano à minha formação moral e cultural. Seria, como foi, somente mais uma aventura das muitas que a vida têm me propocionado. No entanto, confesso: foi punk!!!
Os funcionários da Duana Espanhola são todos carrancudos e sem nenhum humor. Isso deu pra notar logo de cara. Depois de uma longa fila cheguei no portão 8 e comecei a viver aquele inferno, pois todas as perguntas tinham por objetivo me embaraçar: quanto tempo vai ficar? cadê o endereço? trouxe isso, trouxe aquilo? quanto dinheiro? cadê o ticket de volta? Eu havia esquecido de imprimir da internet e foi aí que o bicho pegou. Era tudo o que eles queriam pois não havia nada de errado comigo.
- Vem aqui, senta aí e espera, ordenou-me o oficial mau encarado.
Mas como? Tenho direito a ligar para a embaixada do Brasil? Tem gente aí fora me esperando, pois faço parte de uma exposição oficial de Brasília aqui na Espanha.
 
(Pablo bem que tem feições de muçulmano. Pele morena escura, cabelo quase raspado, barba por fazer. Nos aeroportos da Europa, os agentes alfandegários caçam (fantasmas) pessoas pelo seu biotipo. É inacreditável que no século XXI esse tipo de preconceito ainda exista e seja praticado contra cidadãos brasileiros por países europeus com alto índice de desenvolvimento - desenvolvimento???)
 
De nada adiantou meu protesto. Bagagens, documentos, celular, tudo foi recolhido aos costumes. Fiquei só com a roupa do corpo, meus pensamentos e minha indignação. Eles realmente fazem de tudo pra você perder a cabeça, mas eu tinha uma missão pela frente que era entregar o banner com toda a ficha técnica da exposição e montar a sua sonorização com a trilha sonora que compus no Brasil para os vários ambientes.
 
Me levaram para um primeiro ambiente, onde estavam dois argentinos e alguns mulçumanos. Depois comecei a ser levado por um labirinto para outros cubículos mais sinistros. Finalmente descobri que estava sendo acusado por "documentação irregular".
Cá pra nós, meu passaporte é "sujeira" internacional na visão desses paranóicos. Entradas no Egito, Síria, Marrocos, Amsterdan, Peru e Bolívia. Pô!, veio...que currículo mais terceiromundista....
 
Observei que, ao contrário dos argentinos, os mulçumanos estavam calmíssimos. Talvez porque estejam acostumados aos "baculejos internacionais. Mas eram todos bem mais escuros do que eu. Um contraste com os brancos policiais espanhois.
 
Eu não me conformava com aquela situação e já estava no quarto ambiente diferente, quando me levantei e fui perguntar a uma agente pelos meus direitos. Ela foi ríspida, grosseira,gritando:
- Fique sentado! Fique sentado! Você pode ficar 72 horas incomunicável!
 
Não resisti e respondi cinicamente:
 
- Ok, está bem Blanca!
Ela quase espumou. Foi quando me levaram para o cubículo do interrogatório, um lugar fechado com portas de aço. Ali, pra minha surpresa, entrou uma senhora simpática dizendo-se "assistente social". Ao contrário da sargentona, ela foi gentil e pediu-me pra "quedar tranquilo", que era solamente una investigacion e que yo precisava assinar uns papeis e ser interrogado por um agente do Estado Espanhol e um advogado que a Espanha colocava a minha disposição.
 
Passei então para um nova sala grande com algumas mesas de plástico e no centro dela uma maçã. Aquelas frutas me chamaram a atenção...
 
Pedi para ir ao banheiro. E foi lá que resolvi extravassar. Ao lavar o, molhei as mãos, olhei bem pro teto buscando câmeras filmadoras. Me certifiquei que lá não havia nenhuma. Era o primeiro lugar que eu ficava comigo mesmo. Peguei um chumaço de papel higiênico, molhei bastante, fiz um bolo. Liguei o secador de mãos barulhento e pimpa: joguei com toda a minha força aquele bolo molhado no teto. O barulho do impacto foi coberto pelo do secador de mãos.
 
Voltei pra sala e conversei com uma outra pessoa. Voltei ao banheiro e novamente fiz bolos de papel higiênico e sapequei no teto usando a mesma tática e técnica. Senti que isso me aliviava e joguei ali bem umas 15 bolas. O teto daquela masmorra ficou cheio de bolas de papel higiênico.
 
Até que consegui comprar por cinco euros uma ficha telefonica da assistente social. A essa altura, há havia chegado a carta da embaixada e uma ordem do Ministério das Vivendas para me libertar. Aí foi só esperar e correr pra galera......
 
 
 
Me levaram.
 
 
 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MÚSICO BRASILEIRO É PRESO AO ENTRAR NA ESPANHA



DUANA ESPANHOLA DETÊM PIANISTA CLÁSSICO QUE VEIO PARTICIPAR DA EXPOSIÇÃO "BRASÍLIA 50 ANOS"
 
Luis Turiba, de Madrid
 
O músico clássico e de vanguarda brasiliense Pablo Duque, 31 anos, foi preso ontem (16.9) por quase cinco (5) horas pela polícia duaneira da Espanha.
 
A prisão aconteceu no aeroporto de Barajas, em Madrid, e quase cria mais uma crise diplomática entre Brasil e Espanha.
 
Pablo Duque, que é filho do cineasta Ronaldo Duque, trazia em sua bagagem toda a trilha sonora da exposiçâo "BRASÍLIA - 50 ANOS" , com cinco músicas de sua autoria, todas com fundo sensorial da vanguarda para os três ambientes da exposição. Ele chegou em Madrid pela manhã do dia 16 num vôo da TAM vindo de São Paulo e só foi libertado no final da tarde, momentos antes da abertura da exposição, após intervenções do embaixador do Brasil na Espanha, Paulo César Oliveira; da produtora Danielle Athayde; e da ministra de Vivendas da Espanha, Beatriz Corredor.
 
A vice-governadora de Brasília Evelise Longhi, que participava da abertura da exposição, soube da prisão pelo próprio pianista que saiu direto da prisão para a Sala de Arqueria. Ela lamentou profundamente o incidente. Pablo recebeu também a solidariedade do presidente do BRB, Nilban de Melo, patrocinador da exposição.
 
Durante as cinco horas que ficou detido, Pablo Duque teve seu passaporte e bagagem de mão recolhida pelos agentes; foi interrogado por mais de meia dúzia deles e teve que mostrar várias vezes os mil euros que trazia para viver esses dias em Madrid. No final, ele ainda foi obrigado a comprar de uma assistente social espanhola, por 5 euros, uma ficha de telefone - JAZZCARD - para se comunicar com a embaixada brasileira e a produção da exposição.
 
Sua prisão não chegou a comprometer a abertura da exposiçâo que foi organizada em comum acordo com a Fundação Cultural Hispano-Brasilena. Mais as quase 300 pessoas que foram a abertura não puderam ouvir as músicas preparadas por Pablo, com as vozes de Oscar Niemeyer e o discurso de inauguração de Brasília feito por JK, que foi transformado em um moderno rap pelo músico brasiliense.
 
 

MÚSICO BRASILEIRO É PRESO AO ENTRAR NA ESPANHA

DUANA ESPANHOLA DETÊM PIANISTA CLÁSSICO QUE VEIO PARTICIPAR DA EXPOSIÇÃO "BRASÍLIA 50 ANOS"
 
Luis Turiba, de Madrid
 
O músico clássico e de vanguarda brasiliense Pablo Duque, 31 anos, foi preso ontem (16.9) por quase cinco (5) pela polícia duaneira da Espanha.
 
A prisão aconteceu no aeroporto de Barajas, em Madrid, e quase cria mais uma crise diplomática entre Brasil e Espanha.
 
Pablo Duque, que é filho do cineasta Ronaldo Duque, trazia em sua bagagem toda a trilha sonora da exposiçâo "BRASÍLIA - 50 ANOS" , com cinco músicas de sua autoria, todas com fundo sensorial da vanguarda para os três ambientes da exposição. Ele chegou em Madrid pela manhã do dia 16 num vôo da TAM vindo de São Paulo e só foi libertado no final da tarde, momentos antes da abertura da exposição, após intervenções do embaixador do Brasil na Espanha, Paulo César Oliveira; da produtora Danielle Athayde; e da ministra de Vivendas da Espanha, Beatriz Corredor.
 
A vice-governadora de Brasília Evelise Longhi, que participava da abertura da exposição, soube da prisão pelo próprio pianista que saiu direto da prisão para a Sala de Arqueria. Ela lamentou profundamente o incidente. Pablo recebeu também a solidariedade do presidente do BRB, Nilban de Melo, patrocinador da exposição.
 
Durante as cinco horas que ficou detido, Pablo Duque teve seu passaporte e bagagem de mão recolhida pelos agentes; foi interrogado por mais de meia dúzia deles e teve que mostrar várias vezes os mil euros que trazia para viver esses dias em Madrid. No final, ele ainda foi obrigado a comprar de uma assistente social espanhola, por 5 euros, uma ficha de telefone - JAZZCARD - para se comunicar com a embaixada brasileira e a produção da exposição.
 
Sua prisão não chegou a comprometer a abertura da exposiçâo que foi organizada em comum acordo com a Fundação Cultural Hispano-Brasilena. Mais as quase 300 pessoas que foram a abertura não puderam ouvir as músicas preparadas por Pablo, com as vozes de Oscar Niemeyer e o discurso de inauguração de Brasília feito por JK, que foi transformado em um moderno rap pelo músico brasiliense.
 
 

EXPOSIÇÃO "BRASÍLIA 50 ANOS" IRÁ A LISBOA E VOLTARÁ AO BRASIL

Luis Turiba
 
Madrid, Espanha - A vice-governadora de Brasília, Ivelise Longhi, ficou tão encantada com a exposição "Brasília 50 Anos", aberta por ela ontem (16.9) no espaço cultural do Ministérios das Vivendas, no centro de Madrid, que irá buscar novos patrocínios para a mostra seguir para Lisboa, em dezembro, e depois voltar a Brasília em 2011.
 
"Aí, não serei mais governadora, mas vou conversar com o futuro governador para trazer essa linda exposição para os festejos do 51 aniversário de Brasília", garantiu Evelise.
Depois de Madrid, "Brasília 50 anos" irá a Lisboa, Milão e uma cidade na Alemanha. Em 2011, quem sabe Paris. A governadora estava acompanhada do presidente do BRB, Nilban de Melo Junior, e da Terracap, Dalmo Alexandre Costa.
 
A exposição foi aberta ontem para 500 convidados da comunidade hispanica-brasileira e será vista por 300 mil pessoas nos próximos meses. Surpreendente é ver enormes paineis com fotos históricas de Mario Fontenelle ilustrando uma das mais lindas praças de Madrid, bem no centro da cidade.
 
A ideia de mostrar a saga da construção de Brasília na Europa nasceu há dois anos quando a produtora Daniella Athayde terminou um curso de produção cultural em Madrid. Desde lá, ela busca patrocínio e parceiro para montá-la. O resultado foi fantástico pois é muito bom ver Brasília a mais de oito mil quilômetros de distância.
 
A exposição foi muito bem acomodada no nobre espaço cultural do Ministério das Vivendas (Habitação) do governo espanhol. Três andares que foram ocupados por documentos históricos dos fundadores da cidade - Juscelino Kubstiche, Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Athos Bulcã, fotos históricas de Mario Fontenelle; a supermaquete, as surpreendentes fotos-vivas de Fabio Colombini, impressas em papel de algodão fine art com durabilidade de 200 anos.
 
Um pequena biblioteca foi montada no andar térreo com centenas de livros para os visitantes fazerem suas consultas sobre Brasília. Lá, poderão encontrar "BRASÍLIA ABSTRATA E CONCRETA" , histórica antologia de textos, visualidades e poemas organizada por Wagner Hermuche, "Brasília do Cerrado, a capital da Rep+ublica", de Lucilia Garsez e Jo Oliveira, "Brasília, que cidade é essa", de Beth Cataldo; "La Brasilíadas", poemas de Nicolas Behr; e muitos outros como o grande catálogo de Athos Bulcão.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

BRASILIA SE MOSTRA PARA A EUROPA

Luis Turiba, de Madrid
 
"Longa vida para essa exposição", decretou a vice-governadora de Brasilia, Evelise Longue, que está aqui para inaugurar a exposição BRASÍLIA 50 ANOS: medio siglo de la capital de Brasil" que ocupa três salas do Ministerio de Vivienda, no centro de Madrid.
 
Ah, é uma excelente sensação ver Brasília de longe, sentir que a cidade inventada por Lucio Costa e Oscar Niermeyer deu certo, é planetária e humanista, sobreviveu e sobrevive a todas tormentas políticas e tentativas de violentá-la do ponto de vista político e moral. 
 
A produtora cultural e curadora da exposição, Danielle Athayde, trabalhou por quase dois anos seguidos para juntar um conjunto de obras que pudesse dar uma idéia aproximada da aventura que foi construir e consolidar Brasília, como capital do Brasil, ao longo dos seus 50 anos de existência. Conseguiu e emocionou os espanhois que compareceram na noite de abertura.
 
 

terça-feira, 14 de setembro de 2010

POETAS HOMENAGEADOS NO CONIC

A prefeitura do Setor de Diversões Sul e o Quiosque Cultural convidam para inauguração dia 17/09/2010, sexta-feira, às 17h, de painel em homenagem aos poetas Climério Ferreira e Chico Alvim, com a participação  especial do poeta e compositor Clodo Ferreira e seu grupo musical, além de participações dos poetas Luís Turiba, Vicente Sá, T.T. Catalão, Nicolas Behr e Cristina Bastos. Ainda na ocasião estará sendo lançado o livro Todo Mundo É Muito Bom, Mas meu Casaco Sumiu, de José Garcia Caianno.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

OI POEMA ADOTA ESCOLA EM ITAPOÃ


A POETA BRIC PRADO ADOTOU HOJE (13.09) A ESCOLA CLASSE DE ITAPOÃ COM UMA APRESENTAÇÃO POÉTICA PARA A CRIANÇADA.
 
EIS O SEU RELATO SOBRE AS HORAS QUE PASSOU NA ESCOLA

cidade de gente simples
que cresce apertadinha
que tem criançada linda
de sede de poesia
de fome de alegria
com forças de sempre vivas
inteligentes
iguais
irmãs
 
Viva o Cerrado
Viva Brasília
Vivam as Gentes
Viva a Poesia
 
 
beijos
Bic

POETAS DE BRASÍLIA CONTINUAM OCUPANDO ESCOLAS

POETAS DE BRASÍLIA VÃO AO LAGO SUL DECLAMAR.
MAS NA PLATÉIA NÃO ESTARÃO NEM OS RICOS, NEM OS ABASTADOS.
A PALAVRA POÉTICA ESTARÁ VOLTADA AOS CARENTES E AOS NECESSITADOS.
Publicado por Rubens Jardim em 13/09/2010 às 13h01 no seu blog

O DF e seus contrastes surreais: quem pensaria que em pleno Lago Sul, bairro burguês de Brasília, uma congregação de apenas sete freiras vive e mantém, sem apoio financeiro sistemático oficial, uma entidade socioeducativa voltada à complementação da formação de filhas de empregadas domésticas que trabalham na região? Ao procurarem uma escola da periferia para adotar como voluntárias e saberem da existência do projeto do Instituto N.Sª da Piedade (INSP), as poetas Angélica Torres Lima e Cristiane Sobral não hesitaram: adotaram a instituição e lá irão se apresentar em recital, pela primeira vez, amanhã, às 15h, para as turmas de crianças da 3ª e da 4ª séries.

Partiu do grupo OiPoema essa inédita contraproposta ao Fundo de Arte e Cultura de atuação voluntária em prol de escolas de regiões carentes (ou de instituição carente em região abastada), pelo apoio à publicação de seus novos livros, a serem lançados no próximo dia 28.09, sob o selo da Coleção OiPoema. Cada um dos integrantes, Luís Turiba, Nicolas Behr, Amneres, Bic Prado, Cristiane Sobral e Angélica Torres Lima, adotou uma instituição para promoverem recitais, doação de livros, oficinas de poesia, com os alunos.
Luís Turiba, coordenador do OiPoema, advoga que é mais importante ajudar na formação de carentes do que ser presidente, "porque a educação desvia as crianças da rota do tráfico e da prostituição". No recital de amanhã, além de leitura e performance de poemas, Angélica e Cristiane vão conversar e propor dinâmicas sobre a matéria poética com as alunas, que têm entre nove e 11 anos de idade.
 "Ficamos muito felizes de saber que o Instituto N.Sª da Piedade será presenteado com o projeto de poesia de vocês, que enriquece a Instituição e as crianças ao participarem do mesmo", reagiu a diretora ao saber da proposta. Irmã Conceição Oliveira quer, no entanto, a participação de todo o grupo no trabalho educativo do INSP, que mantém hoje 130 crianças, conta com o apoio assistemático de 20 voluntários e tem sido amparado por pessoas da comunidade do Lago Sul e filantropicamente pelo Movimento Maria Cláudia Pela Paz, por iniciativa da pedagoga Cristina Del'Isola.
Com a tragédia do assassinato da filha Maria Cláudia, Cristina Del'Isola sustentou-se nas ações beneficentes do Movimento, entre elas o apoio, via promoção de feiras, quermesses e brechós, em favor do belo Instituto, instalado há 48 anos na chácara 7 da QI 5 do Lago Sul, e mantido a duras penas pelas Irmãs Auxiliares N.Sª da Piedade. No final do ano passado iniciaram-se as obras de recuperação das instalações do Instituto e em maio foi inaugurada a biblioteca, que contou com doações de livros por parte de integrantes e simpatizantes do Movimento da família Del'Isola, entre eles, diversos escritores e artistas da cidade.
O recital poético da também atriz e professora Cristiane Sobral e da jornalista Angélica Torres Lima será realizado no espaço que recebeu o nome de Biblioteca Maria Cláudia, em homenagem à jovem de 22 anos, imolada pelo caseiro da família por manobra maquiavélica da empregada da casa. Cristina Del'Isola tem, portanto, forte motivo para apoiar a oferta de boa formação a filhas de domésticas pelo INSP, e o grupo OiPoema se dispõe a colaborar com a iniciativa.


Publicado por Rubens Jardim em 13/09/2010 às 13h01

domingo, 12 de setembro de 2010

FERNANDO PESSOA CAIU NO SAMBA




FERNANDO PESSOA E O OUTRO DO OUTRO



Um samba-enredo de Luis Turiba
Canta Breno Alves
Edição: Luis Turiba


DEUS QUER
O HOMEM SONHA
A OBRA NASCE
DEUS QUIS
QUE A TERRA FOSSE TODA UMA

SE A VIDA QUASE SEMPRE IMITA A ARTE
ME COUBE UM DESTINO TESTEMUNHA

VOU CONTAR PRA VOCÊS
ALGO QUE ME INVADE
QUANDO TENTO APREENDER
SE REVELA NENHUMA (BIS)

O OUTRO DO OUTRO NO OCO
DO ECO DO TORTO
QUE CARREGO JUNTO A MIM

É PORTO É FACTO É FARDO
É FADO É UM BRADO
COBERTO DE LAMA E DE CETIM

O SOL SAIU E MANDOU AVISAR
GENTE É PRA BRILHAR FOME PRA QUÊ
PASSEI A MINHA INFÂNCIA NO ALÉM MAR
BORDANDO INCERTEZA O MEU VIVER


FERNANDO PESSOA E SUA MENSAGEM
TORNOU A LUSA LINGUA NAVEGÁVEL
FINGIR-SE É CONHECER É SER O OUTRO
UM MAR DE VOZES EM UM SIMPLES PORTO

O POETA É FINGIDOR
FINGE TÃO COMPLETAMENTE
QUE CHEGA A MENTIR QUE É SAMBA
O FADO QUE NAS GENTES

POEMA PARA AS CRIANÇAS DO VERJÃO E DA GRANJA DO TORTO

Foram tardes inesquecíveis, essas com as crianças da Escola-parque da Granja do Torto e a do dia anterior, com as crianças da Escola-Parque do Varjão. Tardes de poesia, luz, troca, alegria. Fiz um poema para agradecer o que recebemos. Leiam e remeta-os àquelas escolas em sinal de nossa admiração e afeto.

Beijo amoroso,

Amneres

Sobre se encantar

         (para as crianças do ensino fundamental das escolas-parque do Varjão e da Granja do Torto)

Contos de fada,
histórias da carochinha,
lendas, mitos, fábulas,
absurdas fantasias,
tudo é matéria
prima da poesia,
penso e decido
deixar o verso
brincar de
esconde-esconde
com o papel
em branco da
imaginação.
Deixo aos adultos
dizerem não,
eu digo sim
à magia e ainda
tenho medo de
bruxa malvada
e de bicho-papão.
Tenho medo do
escuro das palavras,
prefiro iluminá-las
com príncipes, duendes,
elfos e fadas,
que me salvarão
a tempo dos ogros
do desalento
e da solidão.
O poema é uma
caixa de lápis-de-cor
recém chegada
às minhas mãos.
Gosto de desenhar
coqueiros, montanhas,
areias, céu azul,
e beira-mar,
e depois pintá-los,
um a um. Desenho
então um coração
vermelho e sinto-o
pulsar. Para fazer
um poema, é preciso
papel, lápis
e imaginação,
disse-nos o poeta,
a mim e a outras
tantas crianças.
Olhei nos seus olhos
e pude ver cintilarem
as nuanças da alegria.
O poema está
na inocência
do olhar, pensei
e pintei um arco-íris
com as cores da
da esperança, ó leitor
imaginário das páginas
desse diário, só
para te ofertar.

POETAS RECITAM EM INSTITUTO PARA FILHAS DE DOMÉSTICAS




Foto Eraldo Peres: Angélica Torres Lima, Amneres e Bic Prado. Atrás: Nicolas Behr, Cristiane Sobral e Luís Turiba.

Poetas recitam em Instituto de formação para filhas de domésticas
Integrantes do grupo OiPoema adotam entidade carente do Lago Sul - DF

Brasília, 12.09.2010 – O DF e seus contrastes surreais: quem pensaria que em pleno Lago Sul, bairro burguês de Brasília, uma congregação de apenas sete freiras vive e mantém, sem apoio financeiro sistemático oficial, uma entidade socioeducativa voltada à complementação da formação de filhas de empregadas domésticas que trabalham na região? Ao procurarem uma escola da periferia para adotar como voluntárias e saberem da existência do projeto do Instituto N.Sª da Piedade (INSP), as poetas Angélica Torres Lima e Cristiane Sobral não hesitaram: adotaram a instituição e lá irão se apresentar em recital, pela primeira vez, nesta 3ª feira (14.09), às 15h, para as turmas de crianças da 3ª e da 4ª séries.

Partiu do grupo OiPoema essa inédita contraproposta ao Fundo de Arte e Cultura (FAC-SEC/DF), de atuação voluntária em prol de escolas de regiões carentes (ou de instituição carente em região abastada), pelo apoio à publicação de seus novos livros, a serem lançados no próximo dia 28.09, sob o selo da Coleção OiPoema. Cada um dos integrantes, Luís Turiba, Nicolas Behr, Amneres, Bic Prado, Cristiane Sobral e Angélica Torres Lima, adotou uma instituição para promoverem recitais, doação de livros, oficinas de poesia, com os alunos. Luís Turiba, coordenador do OiPoema, advoga que é mais importante ajudar na formação de carentes do que ser presidente, "porque a educação desvia as crianças da rota do tráfico e da prostituição". No recital de terça-feira, além de leitura e performance de poemas, Angélica e Cristiane vão conversar e propor dinâmicas sobre a matéria poética com as alunas, que têm entre nove e 11 anos de idade.

 "Ficamos muito felizes de saber que o Instituto N.Sª da Piedade será presenteado com o projeto de poesia de vocês, que enriquece a Instituição e as crianças ao participarem do mesmo", reagiu a diretora ao saber da proposta. Irmã Conceição Oliveira quer, no entanto, a participação de todo o grupo no trabalho educativo do INSP, que mantém hoje 130 crianças, conta com o apoio assistemático de 20 voluntários e tem sido amparado por pessoas da comunidade do Lago Sul e filantropicamente pelo Movimento Maria Cláudia Pela Paz, por iniciativa da pedagoga Cristina Del'Isola.

Com a tragédia do assassinato da filha Maria Cláudia, Cristina Del'Isola sustentou-se nas ações beneficentes do Movimento, entre elas o apoio, via promoção de feiras, quermesses e brechós, em favor do belo Instituto, instalado há 48 anos na chácara 7 da QI 5 do Lago Sul, e mantido a duras penas pelas Irmãs Auxiliares N.Sª da Piedade. No final do ano passado iniciaram-se as obras de recuperação das instalações do Instituto e em maio foi inaugurada a biblioteca, que contou com doações de livros por parte de integrantes e simpatizantes do Movimento da família Del'Isola, entre eles, diversos escritores e artistas da cidade.

O recital poético da também atriz e professora Cristiane Sobral e da jornalista Angélica Torres Lima será realizado no espaço que recebeu o nome de Biblioteca Maria Cláudia, em homenagem à jovem de 22 anos, imolada pelo caseiro da família por manobra maquiavélica da empregada da casa. Cristina Del'Isola tem, portanto, forte motivo para apoiar a oferta de boa formação a filhas de domésticas pelo INSP, e o grupo OiPoema se dispõe a colaborar com a iniciativa.

Divulgação OIPOEMA; mais informações com Luís Turiba, 61 9826.0222.

 

SOU UM CAÇADOR DE EMOÇÕES


Entrevista publicada no Correio Braziliense de 12.9.2010
 
 

  

Muito prazer - Luis Turiba


Um pernambucano, criado no Rio de Janeiro e radicado em Brasília desde 1978 dá liga? Dá sim. Luis Turiba, 60 anos, é um homem "sem-fronteira" na vida e na poesia. Referência da literatura local, Turiba não para de colocar projetos no forno. Pretende fazer documentários sobre o samba no mundo e um livro que tratará do "pulso nada mudo" da cultura brasileira. Com o grupo OIPoemas adota escolas públicas e prepara o lançamento de uma coleção de livros. Nesta conversa com o Correio, ele lamenta o fraco desempenho da Secretaria de Cultura nos últimos anos: "O pior da história".

Caçador de emoções

José Carlos Vieira, Severino Francisco e Sergio Maggio

Leonardo Arruda/Esp. CB/D.A Press
 

A revista Bric-a-brac (1985 a 1992) marcou a cena cultural da cidade e do país. Fale um pouco sobre ela…
A Bric-a-brac foi um rio que passou pela vida da gente, usando a expressão poética de Paulinho da Viola. A Bric-a-brac conseguiu, ao longo dos seis anos em que ela existiu como produto e como grupo, fazer pontes poéticas de Brasília com outras vanguardas do país de uma forma muito ativa. Tínhamos um grupo muito forte, cujo núcleo era formado por três jornalistas: Lúcia Leão, João Borges e eu; além de um designer, o Reza (Luiz Eduardo Rezende). Nossa meta era fazer mergulhos nas fontes poéticas do país, como a entrevista que fizemos com Manoel de Barros, que durou uma troca de cartas de seis meses. Fomos três vezes a Campo Grande, tomamos muito uísque, muito caldo de piranha, mas tudo o que aconteceu nesses encontros não podia sair (devido a um acordo com Barros), apenas o teor das 10 cartas. Fizemos também uma entrevista histórica com Paulinho da Viola, com José Mindlin, que foi um mergulho profundo dentro da biblioteca dele e que acabou impulsionando-o a escrever a obra Uma vida entre livros, que o levou à Academia Brasileira de Letras. No discurso de posse ele agradece à Bric-a-brac pela entrevista. Fizemos pontes com os concretistas, com a vanguarda de São Paulo, que era Arrigo Barnabé, Arnaldo Antunes… Fizemos contatos com o pessoal de Minas, ou seja, a revista foi uma rede que até hoje continua dando frutos.

Mas por que a revista acabou?
Foi um tempo intenso e útil, mas o rio da convivência entre a gente secou, com todo o respeito. Mas ainda tenho um sonho de fazer algo similar.

Você acaba de lançar um livro de poesias em homenagem a uma de suas filhas (Luísa Lulusa, a atriz principal). É um livro infantil?
Este livro foi feito para crianças de todas as idades. É um livro pro vovô, pro titio… A criança já nasce poeta, mas depois ela vai se alfabetizando e se despoetizando. Eu já tinha três filhos, já era um pai-avô quando Luísa (a mais nova) e Manuela surgiram. O livro foi uma parceria de intensa paixão entre nós três, elas opinaram muito.

A necessidade do Fundo de Apoio à Cultura para lançar livro não cria uma dependência perigosa e viciante do Estado?
É uma boa discussão. A cultura sobrevive ao Estado, ela está acima do Estado. O que o Estado tem de fazer é não atrapalhar e, se possível, incentivar, democratizando o máximo possível a liberação de recursos. O Fundo de Apoio à Cultura é uma conquista dos artistas. Mas a liberação dessas verbas ainda é deturpada e burocrática, completamente anticultural, tem um viés ideológico. Essas regras precisam mudar. A gente espera que o próximo governador tenha sensibilidade para isso. Mas vale destacar que o artista tem de ser independente de FAC, independente de tudo.

Você faz parte da chamada geração da poesia marginal e, no entanto, sempre teve admiração pela poesia concreta e amizade com os paulistas Augusto e Haroldo de Campos. Para a maioria dos poetas, a poesia marginal e a poesia concreta são coisas incompatíveis, pois uma é intuitiva e a outra, cerebral. Como você trabalhou essa química, para muitos, inviável?
Não sou um poeta concreto. Surgi no auge da poesia marginal, tanto que trouxe pra vocês verem esse livro, que é a bíblia da poesia marginal: Me segura qu'eu vou dar um troço, de Waly Sailormoon (Salomão). Chacal, Francisco Alvim, Chico Chaves, eu… todos bebemos nesse livro. A maneira como a poesia concreta foi apresentada para a nossa geração era uma coisa de um belo aproveitamento do espaço. O que a gente bebeu nos concretos? Eles tinham seus princípios rígidos, como a morte do verso. Mas foi uma radicalidade que logo passou, porque ao mesmo tempo em que eles falavam da morte do verso, eles se transformaram nos melhores tradutores dos versos mundiais, especialmente Augusto de Campos. Eu me desenvolvi como poeta tendo muito contato com Augusto; tanto é que, no tempo da Bric-a-brac, a poesia concreta estava fazendo 30 anos, fizemos a primeira grande entrevista com Augusto de Campos. É claro que também bebíamos muito no Tropicalismo, na música popular brasileira. A minha cultura poética passa pela MPB.

O que é ser poeta?
(silêncio) É um caçador das grandes emoções do planeta. Me desenvolvi como poeta e como jornalista. No jornalismo, a gente trabalha com a objetividade, na poesia a gente trabalha principalmente com a magia em forma de linguagem. Uma coisa é a informação, a outra é a emoção. Você tem sucesso como jornalista e como poeta se você desenvolver bem esses códigos. Mas acima de tudo, o poeta é um caçador de emoção. Com o tempo ele vai se transformando num sem-fronteira, porque vai captando poesia em varias outras linguagens, você começa a ver poesia no jornalismo, no audiovisual… começa a fazer a ponte da poesia com a música — no meu caso. É como o poeta Xico Chaves destaca: transterritoriedade.

Brasília é, culturalmente, provinciana?
Não. A cidade recebe todas as influências de fora, mas Brasília já é um celeiro de artistas e absorve muito bem as boas coisas que vêm de fora, e isso transforma as pessoas que estão fazendo arte aqui, ou você acha que o Cena Contemporânea não transforma centenas e centenas de jovens que trabalham com teatro? As grandes vedetes do Cena Contemporânea terminam sendo artistas brasilienses. Como o ator Willian Lopes, que se apresentou na parede externa do Ministério do Esporte. Achei genial quando ele disse: "Eu transo legal com os espaços de Niemeyer". O artista plástico Chico Amaral colocou palavras (dê espaço ao tempo) em postes da Asa Norte. Só quem conhece a geografia da cidade tem meios de interferir poeticamente nos espaços de Brasília, ou seja, começa a fortalecer esse olhar brasiliense.

O projeto da barca poética enfrenta bons ventos?
Nós temos um grupo de poetas com linguagens diferentes que se reúne para fazer atividades culturais há 10 anos. Esse grupo chama-se OIPoema, integrado por poetas como Bic Prado, Cristiane Sobral, Angélica Torres, Amneres e Nicolas Behr. Conhecedores da geografia da cidade, nós sempre buscamos locais para fazer poesia, descobrimos a barca, um espaço em que poderíamos levar pessoas para lá e fazer um passeio pelo Lago durante duas horas com intervenções poéticas e muita música. Fizemos um trabalho intenso, agora ficou esse espaço formado para os poetas de Brasília. Vários outros grupos já ocuparam a barca. Nos recolhemos porque resolvemos fazer outro tipo de intervenção, que é uma coleção de livros de poesia. Durante quase um ano o grupo ficou gestando a coleção OIPoema, com seis livros. A essa coleção vai se juntar a obra do Reza, um livro de poemas visuais. Mas a ação que estamos fazendo agora é adotar uma escola pública numa área periférica da cidade. Por exemplo, a minha é a Escola Classe nº 4 , de Vila Buritis, em Planaltina, onde já doei livros, fiz palestras… Estamos percorrendo áreas como o Varjão e o Paranoá.

Brasília dá samba?
Totalmente. Brasília foi fundada em ritmo de samba, defendo essa tese (risos). Por exemplo, Água de beber, de Tom Jobim e Vinicius, foi feita graças a uma fonte que tem lá no Catetinho. Uma das primeiras providências de Juscelino Kubitschek, como presidente bossa nova, foi trazer para a cidade Tom e Vinicius, que fizeram uma linda sinfonia, além de beberem das fontes da cidade. Destaco uma instituição que a gente precisa olhar com bastante carinho, que é a Aruc. A Portela veio aqui abençoar essa escola na época de sua criação. Depois o samba se espalhou pela cidade e hoje temos coisas maravilhosas, cantoras incríveis, como Dhi Ribeiro, Renata Jambeiro e tantas outras.

Como se iniciou sua relação com Brasília e como a vê hoje? Ela passou a ser uma cidade como qualquer outra? As marcas modernas foram apagadas pelo poder oficial e agora são apenas ruínas arqueológicas e cartões-postais?
A cidade pulsa. Mesmo sendo pernambucano, jamais deixei de ser carioca em Brasília (risos). Fui um menino criado em frente ao Morro da Mangueira. Aos 28 anos, quando vim pra cá, em 1978, sofri um banzo, procurava o mar e não encontrava. Se não existissem eventos como o Concerto Cabeças, eu piraria. Mas sempre que posso vou ao Rio, à Lapa, ouvir um samba lá. Aqui também é assim, toda semana preciso ir a um samba no Calaf, no Tartaruga… senão, eu não fico legal. Brasília me deu muitas amizades, poesia, uma produção cultural intensa. Agora, eu me defino um sem-fronteiras.

Você conviveu com Paulo Tovar, Renato Matos e outros tantos nomes da cultura local nos tempos em que se podia fazer um piquenique às duas da madrugada, em pleno Eixão, sem ser importunado por ninguém. Fale um pouco dessa época e dos bares que vocês frequentavam...
É bacana essa imagem do pique-nique. Nós éramos os donos da cidade. A gente saía do Bom Demais, às 3h da manhã, e iamos andando da Asa Norte à Asa Sul, onde morava, fazendo seresta, cantando etc. e tal, e não éramos incomodados nem por bandidos — hoje se você for andar por aí, vem uma turma e lhe rouba o relógio, o anel, o tênis para comprar crack — nem por policiais, que caem em cima de você, querendo documentos e suspeitando que você seja um bandido. Mas esse tempo passou. Muitos já se foram, como Paulinho Tovar, e outros estão aí, feito Renato Matos, com os cabelos já brancos, um gênio da música local, sobrevivendo de sua arte.

Depois de passar por problemas cardíacos, o que você faz para se divertir?
Não me estresso. Cometi muitos abusos, principalmente com bebidas e muito trabalho. Procuro cuidar da minha alimentação.

Como conciliar a agenda de poeta, agitador cultural, blogueiro, jornalista e pai?
Tudo ao mesmo tempo agora (risos).

Se fosse convidado para ser secretário de Cultura do DF, qual seria a sua primeira ordem? Como você avalia a atuação da secretaria hoje?
Não aceitaria (risos). Tenho muita amizade pelo Silvestre Gorgulho, mas desde que me entendo por gente, foi a pior gestão na história de Brasília. Por quê? Porque o Silvestre foi ali para cumprir uma outra missão. Ele jamais teve uma visão de políticas públicas, jamais se cercou de gente que entende daquilo. Eu mesmo trabalhei com ele na aproximação da Beija-Flor com a cidade, de mostrar o T-Bone, o Beirute… e mesmo assim foi uma coisa muito atrapalhada. Uma decepção. O Arruda não era tão tapado assim, ele tinha uma visão cultural. Mas se perdeu completamente. Ele já escreveu um livro sobre a vida da mãe do Glauber Rocha, a dona Lúcia. O governo só atrapalhou a vida da gente.

Quais são seus principais projetos?
Mergulhar de cabeça no mundo do audiovisual. Gostei muito de fazer filme, fiz um sobre a história do Sindicato dos Jornalistas e me amarrei muito. Tenho dois projetos grandes pela frente: o primeiro é O samba no mundo, dividido em seis documentários. Porque o samba e a capoeira são fontes da cultura brasileira que se espalharam por todas as regiões desse planeta. Onde você vai, tem uma academia de capoeira. Quando trabalhava no Ministério da Cultura cheguei participar de uma roda internacional de capoeira em Genebra, em que vi árabe jogando capoeira com judeu. A outra coisa é o samba. Mapeei o samba em todas as grandes cidades do mundo. O primeiro capítulo chama-se Samba no mundo Japão. No carnaval de Asakusa, em Tóquio, tem 12 escolas de samba. Quinhentas mil pessoas vão para a rua assistir ao desfile. Os japoneses estão reinventando o samba. O segundo projeto trata do "do-in antropológico" que participei quando trabalhava no MinC — uma massagem nos pontos da cultura nacional que estavam enrijecidos para que eles pudessem fluir novamente. Nesse período, tive a oportunidade de fazer um mergulho na cultura do Brasil, fui juntando muita documentação, tenho 50 caixas com artigos, fotos etc… Tenho até uma roupa enorme de maracatu que ganhei de Mestre Salustiano. Com esse material escreverei um livro sobre o pulsar nada mudo da cultura brasileira.


Leia mais poemas de Luis Turiba.



MEIAOITO

(fragmentos)

"a-wop bop a-loo
bop a-lop bam boom"
a língua do rock sacode o corpo
o bonde segue no seu elétrico balanço
festivais da Record bolinam a massa
CPC da UNE faz realismo engajado
um temporal colorido e cabeludo relampeja
sexta sangrenta
furor juvenil
chapa quente nas refregas
aquela cabeça brasileira
tinha dois chafarizes
esguichando sangue como larvas
de um vulcão indomável
o corpo tremelicava no chão
tapete roto no asfalto quente
uma da tarde (…)


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

POESIA VISITA À SALA DE AULA

Estudantes soltam a imaginação durante encontro com poetas na escola Alunos da Escola Classe Granja do Torto se divertiram e aprenderam a desenvolver seu talento durante um encontro com poetas que fazem parte do grupo OIPoema. A diretora se entusiasmou com a ideia e destacou a importância do contato direto com os autores

Mara Puljiz

Publicação: 10/09/2010 08:19

O encontro durou pouco mais de meia hora. O vento amenizava o calor corriqueiro na capital federal na tarde de ontem. Com olhares atentos e sentados no pátio de cimento, 24 alunos da 4ª série da Escola Classe Granja do Torto observaram três poetas de Brasília declamar.
Estavam lá Nicolas Behr, Luis Turiba e Amneres Santiago, integrantes do grupo OIPoema, patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). "Para ser poeta é preciso três coisas. Alguém sabe o quê?", Nicolas perguntou, logo de cara, para as crianças. "De imaginação", respondeu uma moça da última fileira. "De rima", emendou o coleguinha ao lado. "Todas as opções estão corretas, mas faltou o papel", disse o poeta. "E do lápis", apressou-se a dizer um outro aluno sentado no canto esquerdo do pátio. Então, para ser poeta, é preciso, na verdade, quatro coisas: imaginação, rima, papel e o lápis. A brincadeira rolou solta.

Durante a visita, as crianças deram gargalhadas, ouviram, tiraram dúvidas e recitaram poemas criados por elas mesmas. A maioria resolveu criar textos em cima do tema mosquito da dengue, doença que tem afetado muitas famílias da região. Maria, 9 anos, levantou-se e deu o recado: "Se deixar água parada, vai se meter em uma cilada". Júlia Vitória, 10 anos, também estava inspirada, mas deixou o Aedes Aegypti de lado. Romântica, a menina preferiu recitar para os colegas um breve trecho que escreveu há dois meses, enquanto estava em casa: "Gosto da lua, gosto do luar, gosto de você em primeiro lugar".

O motivo da visita foi a vontade dos poetas de disseminar o gosto pela leitura. O grupo OIPoema tem passado por várias escolas públicas do Distrito Federal e aumentado o acervo das bibliotecas com livros que muitas vezes ficam engavetados na Secretaria de Cultura. Também fazem parte do projeto Angélica Torres Lima, Cristiane Sobral e Bic Prado, além do designer Luis Eduardo Resende. Todos eles adotaram uma escola das regiões administrativas de Planaltina, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Itapoã, Park Way e Varjão. Em 31 de agosto, Luis Turiba adotou a Escola Classe da Vila Buritis, em Planaltina, onde conheceu a sala de leitura das crianças. Ele levou livros próprios e de outros autores para enriquecer a biblioteca do colégio.

Autoestima
Para o poeta, historiador e escritor Nicolas Behr, a poesia significa uma semente plantada no coração dos pequenos.
"Talvez um dia algum deles vire um escritor. A poesia melhora a autoestima e a arte educa. Formar leitores é fundamental para a educação no nosso país", defendeu o autor de inúmeros livros que revelam Brasília como musa inspiradora para a criação de seus poemas. Para Amneres Santiago, o incentivo à leitura significa ainda proporcionar o exercício da cidadania. "As crianças têm sede de contato com a arte, mas ainda faltam experiências que ajudem a complementar a educação básica", acredita.

A Escola Classe Granja do Torto foi o quarto estabelecimento de ensino visitado pelos poetas. Segundo a diretora Danielle Vieira Salles, a presença dos poetas desperta nos alunos um interesse maior pelos livros.
 
 "É muito importante quando eles têm oportunidade de viver experiências desse tipo. As crianças costumam ler obras de vários escritores, mas dificilmente têm contato com eles. Quando elas souberam que os poetas viriam para a escola, ficaram muito ansiosas", ressaltou. E a curiosidade das crianças fez o tempo passar despercebido. Os 30 minutos de poesia trouxeram sorrisos e a vontade de um dia se tornar um escritor famoso para colocar no papel todas as coisas que trazem inspiração.
 
A despedida foi com a música O voo da juriti(1), de Aldo Justo e Paulo Tovar. No pátio, as crianças ficaram de pé e cantaram com o coração e com as mãos erguidas, de braços abertos para dar asas à imaginação. Que surjam daí os escritores do futuro.

1 - O voo da Juriti
De ver o dia nascer pelo avesso
Meu coração mão de pilão
Tem o jeito do avoar
Bota água na bacia
Que a cara do dia
Está querendo vir
Tira a tranca da janela
Que de manhã cedo eu quero ver
O voo da juriti

Personagem da notícia
Inspiração cotidiana

 

Keliane ainda não sabe se vai ser escritora, mas tem prazer em escrever poemas quando está em casa. Quando está triste, feliz e nas horas vagas, a tímida moça de olhos verdes encontra no lápis a inspiração para compor seus versos. Há dois dias, ela escreveu em uma folha de caderno um poema dedicado a uma amiga:

"Que a nossa amizade seja…
Importante como a vida…
Grande como o oceano…
Suave como a brisa…
Bonita como a infância…
Inesquecível como a lembrança…
Viva como a onda…
Quente como o sol…
Especial como VOCÊ!"

Keliane Ataídes Maciel, 10 anos, aluna da 4ª série

 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

POETAS ASSUMEM MAIS DUAS ESCOLAS



Os poetas do grupo OIPOEMA continuam a ocupar as escolas públicas do Distrito Federal, com recitais, palestras, doação de livros e montagem de bibliotecas infantis.
Ontem (quarta, dia 8), os poetas Amneres e Nicolas Behr estiveram por mais de três horas na Escola Classe do Varjão, um assentamento pobre no Lago Norte.
Hoje, juntou-se ao grupo do poeta Luis Turiba e passaram mais duas horas recitando, sorteando livros e cantando na Escola Classe do Torto.
Assim, já três escolas do DF foram adotadas pelo grupo para permanentes ações culturais: Vila Buritis, Varjão e Torto.
Na próxima semana, mais três escolas receberão visitas do grupo

Comentário do poeta Nicolas Behrr:

 

"Se as fotos não falarem por si, eu falo: emocionanteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!

 

Abreijos, niki

 

DEU NO BLOG DO NOBLAT

FRASE DO DIA
"Na política estamos andando para trás (...). A banalização do dolo, e o presidente quando veio a público não foi para dar satisfação aos brasileiros, mas para defender a sua candidata. Precisamos passar as instituções a limpo com dignidade e integridade."
Marina Silva, candidata do PV a presidente da República

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

GUILHERME, O TAO



Fotos Vovô Turiba

GUILHERME, O MAIS NOVO FLAMENGUISTA


 
GUILHERME,
 O TAO, RUBRO-NEGRO COMO O VO
 
Samba de Luis Turiba

MEU NETO
MEU PEDAÇO DE GENTE
MEU SORRISO INDOLENTE
FILHO DA MINHA FILHA
 
MENINO LINDO
DOS OLHOS DE AMENDOIM
MEU PEDAÇO RUBRO-NEGRO
AMOR QUE NÃO TEM MAIS FIM
 
SERÁ UM PRÍNCIPE
POETA QUEM SABE SAMBISTA
GUILHERME, O TAO, JÁ AVISA
NASCI PRA SER FLAMENGUISTA

EXPOSIÇÃO "BRASÍLIA 50 ANOS" COMEÇA POR MADRID



Uma mega-exposição mostrando detalhes da trajetória da construção de Brasília ao longo dos seus primeiros 50 anos vem sendo montada na Arqueria de Nuevos Ministérios, no centro de Madri, e será aberta ao público no próximo dia 17 de setembro.

Brasília 50 anos será mostrada na Espanha


Arquería de Nuevos Ministérios recebe exposição brasileira

Uma megaexposição de artes visuais conta e mostra para europeus, a partir deste 17 de setembro, a história da capital do Brasil, seus principais personagens, a arquitetura, o ambiente de sua criação, sua cultura e a paisagem que a cerca.

A exposição "Brasília 50 Anos – Meio Século da Capital do Brasil", com curadoria de Danielle Athayde, começa a rodar a Europa a partir da Espanha, onde será apresentada até novembro na Arqueria de Nuevos Ministérios – Paseo de Castellana, Madri. Em seguida, a exposição sobre Brasília será montada em Lisboa. A exposição tem patrocínio do Ministério da Cultura e do Cartão-BRB, cuja política é apoiar cada vez mais iniciativas que elevam a autoestima do brasiliense.

"Ao mostrarmos Brasília no exterior estaremos incentivando o turismo na nossa capital, que é uma cidade planetária e cosmopolita", justifica o presidente da Cartão-BRB, Paulo Renato Braga.

Valor Histórico

A exposição começa com uma linha do tempo, que tem como marco inicial o ano de 1753, quando surgiu a ideia de levar a capital do Brasil para o interior do País e vai até a atualidade. Depois seguem seis blocos temáticos, que mostram toda a riqueza da cidade e sua história. O evento também apresenta um ciclo de cinema sobre a cidade.

A Maquete itinerante de Brasília – obra de autoria do arquiteto e maquetista Antonio José Pereira de Oliveira – é uma das grandes sensações da exposição. Ela representa fielmente toda a arquitetura e urbanismo de Brasília no início do ano de 2010. O projeto prescinde dos métodos artesanais tradicionalmente usados na confecção de maquetes, utilizando pela primeira vez todos os recursos proporcionados pela informatização, com imagens de satélite e a miniaturização automatizada.

A exposição terá um bloco com fotos aéreas em grande formato (200 X 70 cm), de João Facó, que darão aos visitantes a sensação de um voo por Brasília. Também serão levadas fotos do arquivo público do Distrito Federal do acervo do Instituto Moreira Salles, fotografadas por Marcel Gautherot, um francês considerado um dos maiores fotógrafos da arquitetura brasileira e que registrou o nascimento das obras monumentais de Niemeyer e a execução do Plano Piloto de Lúcio Costa, como um imenso making of da construção. Há também acervos fotográficos da Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico de Brasília e de autoria de Mário Fontenelle, amigo pessoal do presidente Juscelino Kubitschek.

Espaço dos protagonistas

Dedicado a contar a história e realizações dos quatro principais protagonistas da criação de Brasília: Juscelino Kubstichek, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Athos Bulcão. Este espaço é destinado a mostrar documentos históricos, como os primeiros rascunhos do Plano Piloto de Lúcio Costa; e trabalhos de alguns talentos da cidade como obras de Athos Bulcão, o artista de Brasília, com seus famosos azulejos. Neste módulo, o visitante poderá interagir e manipular as obras do artista por meio de recursos multimídia.

Ao final da exposição, o visitante encontrará um lounge-livraria com mais de 50 livros e catálogos sobre Brasília, disponíveis para leitura no local. Em todo espaço expositivo o público terá acesso a áreas multimídias com muita tecnologia e interação, além de ouvir uma trilha sonora original criada especialmente para este evento.

Acompanhará a exposição um Ciclo de Cinema onde serão exibidos semanalmente filmes e documentários que traduzam a alma da cidade

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

POEMA PARA EXPLICAR AS QUEIMADAS DO CERRADO

Fé de plástico

Luis Turiba

 

Meus três pedidos se tornaram realidade

Mas a fita do Bonfim continua inquebrantável

 

É fé de nylon pra uma reza quase plástica

Na igreja planetária nosso Deus é reciclável

 

Mas Deus é muito mais que a queima de carbono

Ele usa a super-máscara de controle eletrônico

 

E quando queima as florestas em sua volta

Deus dá duro não tarda: logo manda chuva ácida