Mara Puljiz
Publicação: 10/09/2010 08:19
Durante a visita, as crianças deram gargalhadas, ouviram, tiraram dúvidas e recitaram poemas criados por elas mesmas. A maioria resolveu criar textos em cima do tema mosquito da dengue, doença que tem afetado muitas famílias da região. Maria, 9 anos, levantou-se e deu o recado: "Se deixar água parada, vai se meter em uma cilada". Júlia Vitória, 10 anos, também estava inspirada, mas deixou o Aedes Aegypti de lado. Romântica, a menina preferiu recitar para os colegas um breve trecho que escreveu há dois meses, enquanto estava em casa: "Gosto da lua, gosto do luar, gosto de você em primeiro lugar".
O motivo da visita foi a vontade dos poetas de disseminar o gosto pela leitura. O grupo OIPoema tem passado por várias escolas públicas do Distrito Federal e aumentado o acervo das bibliotecas com livros que muitas vezes ficam engavetados na Secretaria de Cultura. Também fazem parte do projeto Angélica Torres Lima, Cristiane Sobral e Bic Prado, além do designer Luis Eduardo Resende. Todos eles adotaram uma escola das regiões administrativas de Planaltina, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Itapoã, Park Way e Varjão. Em 31 de agosto, Luis Turiba adotou a Escola Classe da Vila Buritis, em Planaltina, onde conheceu a sala de leitura das crianças. Ele levou livros próprios e de outros autores para enriquecer a biblioteca do colégio.
Autoestima
Para o poeta, historiador e escritor Nicolas Behr, a poesia significa uma semente plantada no coração dos pequenos.
A Escola Classe Granja do Torto foi o quarto estabelecimento de ensino visitado pelos poetas. Segundo a diretora Danielle Vieira Salles, a presença dos poetas desperta nos alunos um interesse maior pelos livros.
1 - O voo da Juriti
De ver o dia nascer pelo avesso
Meu coração mão de pilão
Tem o jeito do avoar
Bota água na bacia
Que a cara do dia
Está querendo vir
Tira a tranca da janela
Que de manhã cedo eu quero ver
O voo da juriti
Personagem da notícia
Inspiração cotidiana
Keliane ainda não sabe se vai ser escritora, mas tem prazer em escrever poemas quando está em casa. Quando está triste, feliz e nas horas vagas, a tímida moça de olhos verdes encontra no lápis a inspiração para compor seus versos. Há dois dias, ela escreveu em uma folha de caderno um poema dedicado a uma amiga:
"Que a nossa amizade seja…
Importante como a vida…
Grande como o oceano…
Suave como a brisa…
Bonita como a infância…
Inesquecível como a lembrança…
Viva como a onda…
Quente como o sol…
Especial como VOCÊ!"
Keliane Ataídes Maciel, 10 anos, aluna da 4ª série