É A ÉTICA DO MERCADO, ENTENDEU?
Luis Turiba
Acorda eleitor pois o bagulho é sério. Desde que aquela falante
gordinha da Rufolo apareceu no Fantástico expelindo a lapidar frase "é
a ética do mercado, entendeu?", justificando com a naturalidade de
quem vai à manicure ofertas de pomposas propinas em troca de favores
hediondos, que a dita fala vem reverberando no inconsciente coletivo
da brasilidade. Existe essa ética? E esse mercado?
Agora, Inês é morta. A República está prestes a paralisar-se enroscada
nas secretas tubulações das redes de corrupção do poder político. As
penetrações do Cachoeira são mais profundas do que as do pré-sal.
Duvida? Aposto a sétima face do dado que vai ser difícil, quase
impossível, assar essa pizza. Já não depende só deles, os políticos, o
lado mais podre desse imblóglio.
É dossiê pra tudo quando é lado. A CPI dos Cascateiros vem com tudo,
jogando lama como lavas de um vulcão mercadológico guloso por erupções
– ops, comissões – cada vez mais rechonchudas. Será que a tal "ética
do mercado" finalmente desnudadar-se-a no Congresso Nacional? Mais uma
vez a máxima de Stanislaw Ponte Preta se coloca para a sociedade: "Ou
restaura-se a
moralidade ou locupletemo-nos todos!"
Calma que o Brasil (ainda) é nosso, lembra o incauto bem intencionado.
É verdade: quem não deve não treme. O povo está realmente enojado
desse jogo? Banir a ética do mercado, substituindo-a pela ética da
cidadania. Mas Brasília (não seu povo) segue na contra-mão da história
sofrendo de um tremendo treme-treme. Ôpa, não empurra: o sistema está
nervoso. Estão querendo ofender minha honra, esquiva-se o corrupto que
acredita piamente em sua inocência. Afinal, essa é a ética do mercado.
Tem culpa eu? Pode vir quente qu´eu estou fervendo. Pede pra sair
Zero-Um!! Afinal, a transparência se tornou pilar da democracia. Todo
mundo grava todo mundo.
Enquanto isso, na sala da justiça, Dom Little Charles Cachoeira brada
com voz de trovão, rei do Goiás: "É tudo cascata, tudo cascata."
Cachoeira tem sete quedas. Cada queda, um tombo. Cada tombo, um rombo.
Cada rombo, um assombro. Tá ligado? Além da rede interligada – lembram
do poema do Drummond: "João amava Teresa que amava Raimundo que amava
Maria que ..." –, estão todos grampeados. Senadores, deputados,
governadores, ministros, arapongas, aspones. São fios-terra do
sistema, farinha do mesmo saco, secreções que fazem a liga. Ninguém
escapa dos respingos dessa Cachoeira, exemplo vivo da tal da ética do
mercado.
A torre do Demóstenes foi engolida pela rainha justiça. O mensalão de
Zé Dirceu e Jeferson reacendeu para reviver um pesadelo que parecia
findo e adormecido. Agnelo foge dos fantasmas de Roriz e Arruda. Isso
tudo num ano eleitoral: Delta, Goiás, Brasília, PAC, Copa, governos,
gangers, operações da PF - que barafunda, meu Santo Onofre.
Assim, frase que cheirava a deslumbramento de um delírio de domingo à
noite, materializa-se na mídia, no mundo político de duvidosas
relações empresariais. É assustador. O que vem por aí é teste para
cardíaco. Até Dilma já avisou: "não serei complacente com erros". A
cobra vai fumar. Parece até praga de sogra. Ayres Britto neles! Esse
tipo de ética o mercado não merece.
*É poeta e trabalha com projetos culturais
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Ou a gente se Raoni
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