Com os parafusos a mil
Comigo me desavim
Era humano, hoje verso
Se sigo meu estopim
Nem as paredes confesso
Tenho os olhos vermelhos
Dos poetas solitários
Das veias faço novelo
A plenos pulmões canários
Nem a vidente cigana
Evidentemente ardente
Eu sou o que sou: bacana
Tenho frias costas quentes
Ando tão à flor da pele
Com meus parafusos a mil
Me Love mas não me leve
Pátria amada ó mãe gentil
Não presto mas eu te amo
Nosso namoro é uma festa
Eita!! Que amor profano
Uma revolução seresta
Vida louca vida breve
Metamorfose ambulante
Tenho o coração em greve
Mas sonhos de navegante
JATOBÁ-REI
1
Juba de leão
Corpo de elefante
Raízes intensas
Galhos parabólicos:
O jatobá-rei
É a consciência
Da floresta,
São seus olhos
2
Carrapatos me mordam
Macacos me molhem
Pica-paus me piquem
Peixes me pesquem
O jatobá-rei me olha
O jatobá-rei me cerca
Ouço suas súplicas
Sinto suas preces
3
Jatobá-rei é você
Quem me anoitece
Jatobá-rei sou seu
Quem te amanhece
4
O jatobá-rei
Não tem preço
Não tem família
Não tem dono
Nenhum mercado
Pode comprá-lo
Senhor nenhum
Lhe tira o sono
5
Jatobá-rei
É irmão de remo
Do velho poeta
Do rio menino
No Rancho Fundo
De olhar sereno
Meu desafio
É o teu destino
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