quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

DOIS POEMAS DE UM POETA ARDENTE



Com os parafusos a mil

 

Comigo me desavim

Era humano, hoje verso

Se sigo meu estopim

Nem as paredes confesso

 

Tenho os olhos vermelhos

Dos poetas solitários

Das veias faço novelo

A plenos pulmões canários

 

Nem a vidente cigana

Evidentemente ardente

Eu sou o que sou: bacana

Tenho frias costas quentes

 

Ando tão à flor da pele

Com meus parafusos a mil

Me Love mas não me leve

Pátria amada ó mãe gentil

 

Não presto mas eu te amo

Nosso namoro é uma festa

Eita!! Que amor profano

Uma revolução seresta

 

Vida louca vida breve

Metamorfose ambulante

Tenho o coração em greve

Mas sonhos de navegante

 


JATOBÁ-REI

 

1

Juba de leão

Corpo de elefante

Raízes intensas

Galhos parabólicos:

O jatobá-rei

É a consciência

Da floresta,

São seus olhos

 

2

Carrapatos me mordam

Macacos me molhem

Pica-paus me piquem

Peixes me pesquem

O jatobá-rei me olha

O jatobá-rei me cerca

Ouço suas súplicas

Sinto suas preces

 

3

Jatobá-rei é você

Quem me anoitece

Jatobá-rei sou seu

Quem te amanhece

 

4

O jatobá-rei

Não tem preço

Não tem família

Não tem dono

Nenhum mercado

Pode comprá-lo

Senhor nenhum

Lhe tira o sono

 

5

Jatobá-rei

É irmão de remo

Do velho poeta

Do rio menino

 

No Rancho Fundo

De olhar sereno

Meu desafio

É o teu destino

 

 

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