Cheia de ginga, ela exala prazer em repertório de bom gosto
Crítica Lauro Lisboa Garcia, jornal ESTADO DE SÃO PAULO
Cantoras, cantoras, cantoras. A enxurrada não para. Mas eis que - entre clones anêmicas de Marisas e Carolinas, pseudo sambistas cheias de pose, compositoras chinfrins e outras armações - volta e meia há boas surpresas. Ligiana é uma que adentra o cenário com força, vontade e pé no chão. Seu CD De Amor e Mar já revela bom gosto no projeto gráfico. Repertório criterioso também é quesito básico, mas interessa mesmo o que se faz com ele. E ela acertou na formatação sonora sem floreios, essencial, que valoriza sua voz encorpada e quente.
Pescou raridades como Conselheiro (Batatinha/Paulo César Pinheiro), Consideração (Cartola/Heitor dos Prazeres), Pandeiro do Brasil (Luiz Peixoto/José Maria de Abreu), entre pérolas de Tom Zé, Abel Ferreira, Baden Powell pai e filho, duas de sua autoria e clássicos de Novos Baianos e Sérgio Sampaio, que oferece revigorados.
Dona de timbre bonito, cercada de músicos refinados, como Hamilton de Holanda e Philippe Baden Powell, Ligiana ginga bem no samba e no choro. Canta pra cima e pra fora e não dispensa o bom humor, com colaborações vocais de Marcelo Pretto e Tom Zé. A primeira impressão fica: ela parece saber o que quer. E exala prazer.
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