Quando deixou o Rio de Janeiro, em 1977, transferido para Brasília como servidor do Itamaraty, Carlos Elias era um nome de destaque no samba carioca. Integrante da Ala de Compositores da Portela, havia vencido com Rugendas — Viagem pitoresca através do Brasil, concurso de samba -enredo da escola de Madureira, em parceria com Zé Keti e Marcos Balbino; e tinha músicas gravadas por Paulinho da Viola (Carnaval), Beth Carvalho (Homenagem a Nelson Cavaquinho) e Nara Leão (Canção da primavera).
Ao chegar à capital, imediatamente passou a atuar com desenvoltura na cena musical da cidade. Com o empresário Paulo Brandão, montou o Camisa Listrada, misto de bar e restaurante, com shows ao vivo, que funcionava na Galeria Nova Ouvidor (Setor Comercial Sul). No ano seguinte, criou o Clube do Samba, que durante três anos movimentou o Teatro Galpão (508 Sul), às segundas-feiras. "O Clube do Samba deu origem à Feira de Música, que comandei inicialmente, também no Galpão", lembra.
Nem mesmo o período — intercalado — de 12 anos, servindo em consulados do Brasil na Argentina, França, Argélia e Portugal impediu que Elias continuasse ligado às artes brasilienses. De volta à cidade, retomou sua atividade, fazendo shows, participando de festivais e marcando presença em rodas de samba, nas quais passou a exibir a faceta de dançarino.
Esse artista múltiplo chamou a atenção do músico, produtor e cineasta Leandro Borges, levando-o a desenvolver o projeto ESTOU DE BEM COM A VIDA – CARLOS ELIAS E O SAMBA DE BRASÍLIA, seu trabalho de conclusão do curso de comunicação na UnB. Agora, Leandro está à frente de outro projeto, tendo o sambista como protagonista. Na quinta-feira, às 20h, no Teatro da Caixa, ele comandará a gravação de DVD homônimo.
Intérpretes
O show, que vai gerar o DVD, terá a participação dos cantores:
Cris Pereira
Daniel Júnior
Helena PinheiroMúsicos
Os intérpretes serão acompanhados pela banda formada por:
Pedrinho Molusco (cavaquinho)
Breno Alves (pandeiro)
Dinho Braga (surdo)
Guto Martins (percussão)
"Para mim, vai ser uma festa. Recebo essa homenagem do Leandro (Borges), dos cantores, das cantoras e dos músicos brasilienses como reconhecimento por minha contribuição à musica da cidade. Mineiro de nascimento, morei durante quase três décadas no Rio de Janeiro, onde tive iniciação artística, hoje sinto-me totalmente identificado com Brasília, de onde pretendo me manter para sempre", afirma emocionado o sambista setentão.
Estou de bem com a vida
Show de gravação de DVD de composições de Carlos Elias
Horário: 20h
Local: Teatro da Caixa (Setor Bancário Sul)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).Não recomendado para menores de 14 anos.
Um pouco mais sobre o Mestre Carlos Elias ...
Ex-integrante da Ala de Compositores da Portela, CARLOS ELIAS ocupou na escola os cargos de Diretor Social, Relações Públicas e Diretor do Conjunto Show da Portela, com passistas, ritmistas e dançarinos de gafieira.
Ainda no Rio de Janeiro, como compositor e intérprete, ao lado de Nelson Cavaquinho, Cartola, Xangô da Mangueira e outros compositores de Escolas de Samba, participou do espetáculo "A FINA FLOR DO SAMBA", no Teatro OPINIÃO, produzido pelo jornalista Sérgio Cabral e Tereza Aragão, do grupo "OPINIÃO". Posteriormente, no mesmo teatro, juntamente com Alvaiade da Portela e outros compositores, participou das "Noitadas de Samba", organizadas pelo ator Jorge Coutinho.
Funcionário do Ministério das Relações Exteriores foi transferido do Rio para Brasília em janeiro de 1975. Seu primeiro contato com o samba, na cidade, foi com o pessoal da ARUC e com a vida noturna, foi por meio da antiga Boate Camisa Listrada, que fundou juntamente com Paulo Brandão. Participou de diversos festivais de música, ficando sempre entre os três primeiros classificados. Tem composições gravadas nas vozes de Nara Leão, Beth Carvalho, Paulinho da Viola (no Rio de Janeiro) e com Zélia Nunes, Conjunto O Fino do Samba, Grupo Samba-Choro e Grupo Firme e Forte (em Brasília).
Criou os Projetos Clube do Samba e Feira de Música, movimentos musicais que aconteceram no Teatro Galpão, no período de novembro de 1978 a abril de 1981.
Durante o período em que esteve trabalhando na Embaixada do Brasil em Paris - de 1997 a 2003 - participou de shows organizados por grupos brasileiros em bares, barcos e restaurantes da cidade. Em 2001, organizou seu próprio grupo e apresentou pela primeira vez o show Samba e outras coisas na Festa da Música, evento realizado anualmente na França. O mesmo show foi reapresentado na Favela Chic, misto de bar, restaurante e casa noturna considerada pela crítica especializada como o ponto de referência da noite parisiense. Na mesma casa, em 2002, organizou e animou com seu grupo o Baile de Carnaval.
Além das atividades musicais, CARLOS ELIAS está escrevendo seu primeiro livro - Samba, Humor e Poesia -, com estórias e contos baseados em fatos que viu e ouviu em suas andanças pelos redutos do samba e pelas ruas do Rio de Janeiro, de Brasília e de Paris. Está escrevendo um documentário para o cinema sobre o Clube do Samba de Brasília e uma trilogia sobre Nelson Cavaquinho, com quem compôs o samba Uma Rosa na Janela.
"Tristeza quando entra em meu peito não cria raíz..."
(Carlos Elias)
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