segunda-feira, 23 de junho de 2014

SELEÇÃO: COMER FEIJÃO COM ARROZ...E CAMARÕES

Luis Turiba

 

Sou alérgico a camarões. Quando os comia, empolava todo. Parei de saboreá-los aos vinte e cinco anos, depois de muitas crises, vermelhidões e coceiras terríveis.

Na verdade, hoje nem mais gosto desse crustáceo. Enjoo até com o cheiro. Mas nem por isso, deixei de admirar quem se delicia com um prato de camarões e devora-os um a um até o fim.

A Seleção Brasileira vai entrar hoje em campo, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, com fome. Garrincha tinha fome de dribles, de gols, de títulos. Seleção Faminta, principalmente de gols. Seleção Garrincha.

O time não deve sonhar com pratos sofisticados feitos à base de camarões. Vamos no simples: feijão com arroz. No máximo acompanhado de camarões com chuchu, prato bem brasileiro. Prato para ser devorado lambendo os beiços.

Se não for assim não tem jogo, não tem vitória, não tem classificação. De que adianta Hino Nacional em uníssono se os jogadores não se sentem famintos em campo. E a fome da Seleção Brasileira é de bola, de gols e de feijão com arroz.

A seleção nos deve mais. Investimos muito nessa galera, nesse Copa. Muito 10 por cento; muito superfaturamento, muita corrupção padrão FIFA.

Em campo, nada de gracinhas marqueteadas. Phoda-se a Fifa, phoda-se o cabelo do Neymar. Cadê aquele Fred que faz gol caído, deitado, de barriga? A hora é essa: agora ou nada.

Cada jogador é um brasileiro faminto, um nordestino vindo da seca, do sertão. A bola é nosso prato de comida existencial. Contra Camarões, os leões indomáveis da África, cada jogada será disputada como se fosse a última chance de matarmos nossa fome. Seremos mais famintos que os africanos. Não temos chances fora disso. Sejamos pois um time de Cameleões que se adapta e se arma conforme a ameaça; que sabe bailar rasteiramente por entre gravetos e gramados.

O time de Felipão já entra em campo perdendo de 1 a 0. Tem que ser assim pra que todos corram atrás da bola/prato de comida. Morde-la, devorá-la, engoli-la antropofagicamente.

Nada de ficar tocando bola como se tivesse saboreando um camarão com fricotes e dribles desnecessários. Sejamos camaleão engolindo a presa. Bola é garra. É fome, sobrevivência. Temos que partir pra cima, pra dentro, pro gol, pro prato de feijão com arroz.

Comer um prato, dois pratos, três pratos. Todos fundos, todos fartos, todos pátrios. Comer a brazuca camaleonicamente com Camarões e tudo. E que venga el Chile. Ou os holandeses de saborosas carnes.

Comê-lo-emos também.


Um comentário:

cristianomenezes disse...

Porque sólidos, come-lo-emos, Turibão! Se líquidos, bebemo-los-íamos.E hoje não basta comer os camarões. Temos que nos empanturrar, nos fartar que é pra depois não faltar confiança, entusiasmo! Vamos nessa, Brasil! Abração,
Cris (ponta esquerda).