domingo, 11 de outubro de 2009

CLUBE DO CHORO DE BRASÍLIA FAZ SUCESSO NA ESPANHA


O jornalista e crítico de música Irlan Rocha Lima esteve em La Corûna, Espanha, com o grupo Choro Livre, de Brasília, e escreveu matéria no jornal Correio Braziliense.
É a música de Brasília fazendo o maior sucesso lá fora. Leiam, apreciem, opinem...
 
Aquarela brasiliense
O grupo Choro Livre encanta espanhóis com quatro apresentações no 20º Festival Internacional de Música de Pulso & Púa
  • Irlam Rocha Lima
  • Fotos: Aurelio Fernandez Esmoris/Divulgação
    O quinteto no show de encerramento do festival, no Teatro Rosalia de Castro, em La Coruña: música de alta qualidade com tempero brasileiro
     

    La Coruña — Os frequentadores das seculares igrejas de Santiago de Burgo, em Culleredo, e de Santa Maria de Cambre, em Cambre, pequenas cidades da região metropolitana de La Coruña, acostumados a apreciar o canto sacro dos corais e peças clássicas de grandes compositores universais executadas por orquestras, se entusiasmaram ao ouvir a música tradicional brasileira, o samba. Mas não foi um samba qualquer e, sim, Aquarela brasileira, de Ary Barroso, na interpretação de Reco do Bandolim e do grupo Choro Livre, de Brasília.

    Participante do Festival Internacional de Música de Pulso & Púa, o quinteto levou à região da Galícia, na Espanha, um repertório que é uma espécie de painel da MPB. Com Reco à frente, tendo o pandeirista Tonho como integrante da formação original, o Choro Livre encantou os espanhóis com uma formação em que predominam jovens instrumentistas, na faixa dos 20 anos: Henrique Neto (violão 7 cordas), Rafael dos Anjos (violão 6 cordas) e Márcio Marinho (cavaquinho).

    O que eles fizeram, efetivamente, ao longo da temporada de uma semana na terra galega, foi um passeio pelos diferentes ritmos de nossa cultura musical, indo do samba à valsa, da bossa nova ao baião, embora o choro tenha tido predominância. Os concertos(1) — que ocorreram também no Teatro Coliseu Noela, em Noia, e no Salão de Actos do Conservatório Superior de Música de La Coruña — foram abertos pelo Choro Livre (que também deu espaço no programa para o trio Cai Dentro, de Henrique, Rafael e Márcio) sempre com Escovado, choro pouco difundido de Ernesto Nazareth.

    Do roteiro fizeram parte Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça), Lamento do morro (Garoto), Santa morena e Noites cariocas (Jacob do Bandolim), Isso aqui é o que é (Ary Barroso), Canta Brasil (Alcyr Pires Vermelho e David Nasser) e o medley de Qui nem jiló (Luiz Gonzaga) e Feira de Mangaio (Sivuca). O final, com reação frenética da plateia, se deu sempre com o hino do choro brasileiro, Brasileirinho (Waldyr Azevedo). Elegantemente trajados de ternos pretos, os músicos do Choro Livre angariaram simpatia e admiração de todos.

    Repercussão
    Para Celestino Poza, conselheiro cultural de Culleredo, o que ele viu e ouviu foi uma demonstração de música da mais alta qualidade com o legítimo tempero brasileiro. "Santa morena se aproxima do flamenco e traz o choro para o ambiente da música espanhola", comentou. Espectador de praticamente todas as apresentações do Choro Livre, Antonio Gundin Fandiaño, presidente da Agrupación Musical Albéniz, organizadora do evento, classificou como "fabuloso" o concerto dos brasileiros: "Ao ouvir Desafinado, me reportei ao Rio de Janeiro, cidade que conheço, admiro e saúdo por ser escolhida para a sede dos Jogos Olímpicos de 2016".

    "A presença do Choro Livre em La Coruña, com o apoio decisivo do Ministério das Relações Exteriores, foi importante pela série de concertos e também pela possibilidade de troca de informações e experiências com os músicos espanhóis, russos, venezuelanos e o francês que tomaram parte do evento", afirmou Reco do Bandolim.

    O encontro das delegações na prefeitura de La Coruña foi o momento oficial da mostra. O subprefeito e secretário de Cultura, Carlos Gonzalez Garcés Santiago, festejou: "Comemorar 20 anos do Festival Internacional de Pulso & Púa, em tempo de globalização, com a participação de músicos talentosos como esses, é um privilégio para nós. Estamos muito felizes com a presença de vocês".

    O concerto de encerramento do festival, no último domingo, ocorreu com pompa e circunstância no Teatro Rosalia de Castro, em La Coruña. No palco, ambientado com palmeiras, flores e bandeiras dos países participantes, houve uma rápida apresentação de todos os músicos. Ao final, eles se juntaram para tocar uma música em louvor à cidade. O encerramento também contou com a exposição de instrumentos musicais venezuelanos criados pelo luthier Alfonso Sandoval.

    1 - No palco
    Além do Choro Livre, participaram da 20ª edição do festival o Dúo Sandoval & Collet, formado por um venezuelano e um francês; o grupo Gijón, de Astúrias (Espanha); Irina Kazimirskaia (Rússia) e Los Trovadores de Logroño, de Rioja (Espanha); Izumrud-Esmeralda, Teatro de La Comedia Musical, de Ekaterimburgo (Russia), e a Orquestra da Agrupación Musical de Albéniz, de La Coruña.



    Personagem da notícia
    Rosa, a mãezona de todos
     

    Organizadora do Festival de Música Internacional de Pulso & Púa desde as primeiras edições — algumas com a colaboração do paraense-brasiliense Ruy Godinho —, Maria Rosa González Rodriguez (na foto com o Choro Livre) é uma espécie de mãezona, que não deixa escapar nenhum detalhe. Na reunião festiva, no Sporting Club Casino de La Coruña, emocionada com o resultado do evento, ela se derramou ao falar dos participantes, em especial dos brasileiros.

    "A musicalidade, o talento e a energia que vocês trouxeram a Coruña é algo impagável, que desafia tudo que se pode chamar de globalização no seu sentido perverso", afirmou. "O ritmo e a qualidade do trabalho do Choro Livre vão marcar para sempre este encontro. Tanto é verdade que estou convidando vocês para voltar em 2010."

    Rosa Gonzalez se tornou amiga dos músicos brasilienses. Em outras edições do festival, recebeu Papo de Cordas, Carrapa do Cavaquinho & Cia de Música, Jorge Cardoso Trio, Sandra Duailibe Trio, Choro Positivo, Cacai Nunes Trio e o Duo Mandrágora. Em 2007, ela esteve na cidade. Conheceu a roda de samba do Bar do Calaf, foi a uma roda de choro na casa de Carlinhos Sete Cordas e assistiu até ao desfile das escolas de samba, no Ceilambódromo.



    http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/cultura/cadc_mat_50.htm




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    2 comentários:

    Anônimo disse...

    PARABÉNS RECO E TODOS OS MEMBROS DO GRUPO. NÓS BRASILEIROS FICAMOS ORGULHOSOS DE VCS. TEREI PRAZER EM APRESENTAR VCS TAMBÉM AOS AMIGOS ESPANHÓIS. ESPERO QUE ELES CONSIGAM ESTAR COM VCS LÁ. ENVIAREI ESTE PARA ELES. ABRAÇOS, IRANY

    Anônimo disse...

    Valeu Reco, nos orgulhamos de vocês
    Bola pra frente amigos

    Tuirba