sábado, 3 de outubro de 2009

GOUGON DENUNCIA BARBÁRIE CONTRA POEMA NA CALÇADA



Caros amigos e amigas



Lamento informar que mais uma vez o GDF usou marreta, picareta e retroescavadeira para
acabar com poesia colocada... na sarjeta!!!
A poesia trucidada foi a de Reynaldo Jardim, jornalista, poeta e amigo.
A Caesb resolveu consertar um encanamento na última quarta-feira e nos últimos três dias
quebrou boa parte do piso do ponto de ônibus na 509/510. E junto com ele, a poesia do Reynaldo.
Não vou me queixar nem protestar. Nunca esperei nada decente deste governo. Logo que puder,
vou refazer a poesia do Reynaldo no mesmo buraco que a Caesb abriu e que, com certeza, vai deixar
aberto, sujo, ou mal tampado. Como de praxe.
|Abraços fraternos, Gougon

PS: Em anexo, fotos da poesia destruída do Reynaldo e da sujeira aprontada pela Caesb.
PS2: As demais poesias plantadas na sarjeta continuam no local, algumas atingidas pela sujeira, mas preservadas.

UMA ESTRELA POÉTICA DESPEDAÇADA

Por: Gougon e Paulo Timm

O poema acima estava solidamente registrado numa calçada da Av. W3 , em Brasíia. Ele é de autoria do grande jornalista e escritor Reynaldo Jardim, que hoje, na primavera dos seus quase 80 anos, ainda faz uma poesia todos os dias, além de seus outros ofícios de escritor. Para enaltecer a alma. Pois não bastou a genialidade de Reynaldo Jardim, sequer respeito à sua obra, à sua longa vida, às escavadeiras de Cia. de Saneamento e Água de Brasilia, que reduziram o firmamento de seu poema a uma estrela despedaçada.

5 comentários:

Anônimo disse...

Do poema na calçada
só sobrou uma estrela,
que ainda brilha solitária

Paulo Caco, poeta, Brasília

Anônimo disse...

ESSAS COISAS QUE ACONTECEM, ESSE DESRESPEITO, ME CHATEIAM TANTO... MAS NÃO
ME SURPREENDEM... E ISSO ME CHATEIA MAIS AINDA...
O QUE FAZER PRA ISSO NÃO ACONTECER DE NOVO, COM OS OUTROS POEMAS...
COLOCAR UMA PLACA? (rs)
TINHAMOS QUE COMEÇAR O PROJETO DAS CALÇADAS POETICAS PELA W3, NOS MOBILIZAR
NOVAMENTE. CONTEM COMIGO.
ABREIJOS, NICOLAS BEHR

Anônimo disse...

PAULO JOSE CUNHA ENVIOU

Amigo(a)s querido(a)s,

Estou aberto a sugestões. Vamos fazer alguma coisa, sim, e rápido. Da outra vez demoramos demais.

Na época aquela da destruição dos tótens do Gougon por conta de uma ordem mal explicada da administração de Brasília, fizemos o protesto que foi parar no Jornal Hoje e na capa do Correio Braziliense durante o qual um poema meu, escrito no fogo da indignação, Gougon converteu num belo painel que foi plantado no chão da 510 Sul. Ainda enfurecido com o que ocorria, escrevi um outro poema, advertindo que eles terminariam dando um jeito de destruir os painéis, mesmo colocados no chão.

Dizem (Ezra Pound) que os poetas são as "antenas da raça". Não me arrogo a tanto, mas que eu tinha avisado, tinha. O poema era meio premonitório da imbecilidade que eles acabam de cometer contra o painel com o poema do Reynaldo Jardim:


Só pelo prazer maldito
Paulo José Cunha


Porque já tiveste sede
e andavas pelas paredes
um dia te confinaram
no fundo de uma prisão

Mataram García Lorca,
calaram a voz de Torquato,
sumiram com Maiakovski,
por escreverem palavras
que andavam de mão em mão.

Depois, juraram de morte
o autor dos versos satânicos
que afrontaram o alcorão.

Fugiste para os botecos,
poesia marginal,
só os boêmios te ouviam
fugitiva, flor do mal.

Tu és feita de palavras
mais frágeis do que a brisa,
mas eles morrem de medo
só de ouvir o teu nome
pensam que és poderosa
e fazes revolução.

(será por isso que um dia
esmigalharam os tótens
que a mão sutil de Gougon
fez erguer na contramão?)

Agora moras no piso
da cidade que te acolhe
e apenas sentes os passos
do pedestre cidadão.
És a palavra mais pura
que alivia o dia-a-dia
na luta do ganha-pão.

Mas não te iludas, poesia!,
do jeito que as coisas vão
só pelo prazer maldito
de fazer calar teu grito
eles vão achar um jeito
e vão derrubar... o chão.

Anônimo disse...

Temos que fazer alguma coisa para que as calçadas de Brasília sejam compreendidas como uma mídia, um espaço público de expressão. Temos que encontrar formas de institucionalizar a idéia e de encontrarmos sinalizadores de que em tal ou tal ponto se encontra uma manifestação artística que deve ser respeitada. E temos que conquistar aliados, por exemplo, a própria Caesb. Senão, não haverá esclarecimento por parte de quem quebra calçada, seja com que intenção for – ainda com a boa intenção de consertar um vazamento – de que ali há uma obra de arte. Imagine se um cano se quebrar sob a calçada da fama em Los Angeles! Evidentemente, nenhum operário da companhia de águas, mesmo sob ordens de consertar vazamentos irá profanar uma estrela daquelas. Acho que está faltando isso, a institucionalização de espaços simbólicos. Minha solidariedade, Luiz Martins da Silva.

Anônimo disse...

Contem comigo!

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