O RIO DE JANEIRO EXPLODIU EM GENTE, ALEGRIA E FANTASIA. O BICHO VAI PEGAR....
Por Luis Turiba
O já tradicional carnaval de rua do Rio de Janeiro, que existe desde o tempo dos bondes e dos desfiles em carros abertos sem capotas, mas com muito lança-perfume, isso lá pelos 40/50, passa a ser a partir desse 2010 um fenômeno a ser reverenciado, estudado e revirado pelo avesso.
O Rio literalmente explodiu em gente, alegria e fantasia. Ultrapassou em milhões o número de foliões do tão participativo (e uniforme) carnaval de Bahia. Quatro milhões contra 2 milhões em Salvador. Mais de 500 diferenes blocos de bairros, bandas de praia, bailes em praças, nos ônibus, nas linhas do Metrô. E cadê os táxis? Sumiram...
O eixo popular do carnaval carioca mudou. Embora o centro nervoso continue sendo o mágico desfile do Sambódromo, a juventude, o povão, os turistas passaram a se divertir mesmo nas ruas e nos circuitos alternativos como Copa-Ipanema-Leblon; Lapa-Av. Rio Branco-Terreirão do Samba; Jardim Botânico-Gávea, Santa Teresa e nos subúrbios de Madureira, Méier, Irajá, Tijuca, Bonsucesso, Vaz Lobo.
Depois de Paulo Barros, a Sapucaí transformou-se em uma espécie de Cirque du Soleir do samba e isso não é bom nem ruim. Simplesmente é.
Em cada esquina um bloco, em cada bloco um samba. O morro desce, a cidade sobe. O bloco do Boitatá, que faz uma hiper-baile na Praça XV, é exemplo vivo desse novo carnaval carioca. Quem não estiver fantasiado, nem que seja com uma simples máscara, vai se sentir absolutamente nu.
Alguns desses blocos arrastam milhares de pessoas e criaram uma tradição momesca que já dura décadas. Banda de Ipanema, Simpatia é Quase Amor, Suvaco do Cristo, Carmelitas, etc. Como explicar um milhão de foliões, com 40 graus à sombra, atrás do Cordão do Bola Preta na abertura oficial do carnaval carioca? Sei lá, não sei....
Assim, entre esses novos focos de folia, destacam-se alguns cujo espírito carioca-folião está no nome de batismo de seus blocos. Alguns nem desfilam, ficam só concentrados.
Vejam alguns exemplos das novas agremiações carnavalescas: É pequena mas balança, Kutuca que ela pula; Imaginô? Agora amassa; Xupa mas não baba; Vem nim mim que sou facinha; Rola preguiçosa; Que merda é essa; Banda do Peru Pelado; Galinha do Meio Dia; Sufridos de Copacabana; Perereca Imperial; Os Infiéis; Banda das Quengas; Me enterra na quarta; Se me der eu como; Parei de beber, mas não de mentir; Empurra que entra; O negócio tá feio e teu nome tá no meio; e o Encosta que ele cresce.
A sensualidade já não está tão somente nas bundas. Está solta nas bandas, nos cantos, nos passos do samba que ecoa lindamente em cada esquina da cidade e nas estações do Metrô, transporte oficial do carnaval. Festa que trás em si a própria crítica quer seja à política corrupta ou aos costumes do momento. O tradicional mijão (mijona) de rua foi permanentemente vigiado pelo mijão do lado. Esse novo carnaval aparentemente sem limites, precisa achar suas fronteiras para sobreviver a si próprio. A Riotur ainda terá muito trabalho pela frente, pois o bicho vai pegar.
As ruas do Rio criaram uma nova dinâmica bem mais democrática e libertária que as passarelas de luxo. Também, uma máscara estilo carnaval de Veneza custa 10 reais em qualquer camelô da Avenida Atlântica, assim como uma cabeleira punk multicor quase o mesmo preço. Uma latinha em média dois reais e a alegria é totalmene gratuita e fartamente distribuída pelas artérias do Rio de Janeiro. "Olha a cabeleira do Zezé/ Será que ele é? Será que ele é?"
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Um comentário:
Velho mano!
Me sentir na vielas do Rio e nas entranhas do samba carioca, que bom ler essa energia do carnaval...2011 me leva que eu vou...
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