sexta-feira, 16 de julho de 2010

BELÔ POÉTICO CANTA "OU A GENTE SE RAONI OU A GENTE SE STING"


Por Luis Turiba

Belo Horizonte (16/07) - Faz bem ao poeta sentir que seu verso está plantado e eternizado na voz do povo. É algo que não lhe pertence mais, "está no vento" como diz a velha canção de Bob Dylan. Virou camiseta, samba enredo, pichação de parede. 

É essa a sensação que sinto com "Ou a gente se Raoni/ Ou a gente se Sting". O verso ganhou viva própria, foi para as ruas, para duas músicas diferentes, outras vozes e vai por aí ainda surpreendendo e surpreendendo-me.

Esse verso foi o lema do 6º Belô Poético que está acontecendo em BH, Minas Gerais, reunindo poetas e amantes dos livros de Minas, do Brasil e até de Portugal, como é o caso do poeta lusitano Fernando Aguiar, criador do soneto ecológico de Matosinhos, um verso escrito com árvores, algo inusitado (www.ocontrariodotempo.blogspot.com). A organização do Belô fica por conta do incansável poeta Rogério Salgado e da sua companheira Virgilane Araújo e tem como chamada planetária o grito de "Poetas unidos em prol do equilíbrio ecológico. É um encontro "amigo do clima". De Brasília estão participando Nicolas Behr, Antônio Miranda e esse que vos dá essas notícias. Lemos poemas e fomos saudados carinhosamente pelo poetariado mineiro.

"Ou a gente se Raoni ou a gente se Sting" ganhou uma forte versão em Belô feita e gravada pelo performático músico das enxadas percurssivas Babilak Bah, um negro paraibano que faz muito sucesso por aqui. Na abertura do Belô, Babi fez uma ousada apresentação de seu último poema sonoro "Corpo Letrado" que deixou todo mundo parado e na expectativa. Depois ele pegou sua enxada percussiva e fez todo o auditório cantar sua versão de "Ou a gente se Raoni". Me emocionei, fui para a palco a seu convite, cantei, dancei, falei, recitei. Superbacana. 

"Ou a gente se Raoni"  é o canto indígena e o rock roll gritando  que a vida não tem jeito, ou dá ou desce, ou vai ou racha. Foi criado em meados dos anos 80 quando o cacique Raoni andava com o roqueiro Sting, e na UnB fazia um encontro latino de arte e cultura dirigido pelo então reitor professor Cristovam Buarque. Esse verso virou lema da sala de imprensa e depois se espalhou por aí.

Belô Poético faz parte do circuito de poesia que é uma tradição e que tenta ligar a Minas ao Gerais. Polemizam muito entre eles, mas sempre é agradável vir a esses encontros. Logo de cara, encontrei com o articulador do 24º Psiu Poético que anualmente se realiza em Montes Claro, norte de Minas. No histórico prédio modernista Paulette, no centro, também fomos saudados pelo poeta mineiro de versos forte Ricardo Aleixo, com suas tiradas certeiras e mortais. 

Aqui no Belô lancei meu livreto LUÍSA LULUSA, A ATRIZ PRINCIPAL para adultos e crianças. Ganhei livros do paraibano Ricardo Bezerra, o infantil Amani, de Jorge Dikamba, com ilustrações de Juliana Buli, o "Poesia Sonora" de Branda Marques Pena, o "Corpo Letrado", de Babilak Bah, e o lindo CD "Cinama Falado", do músico clássico Robson dos Santos.

Ao Belô e aos poetas mineiros(as) oferto o meu longo poema ' SER MINÉRIO É COISA SÉRIA", a sair no livro "meiaoito" que está no prelo.   

Um comentário:

Jorge Dikamba disse...

Turiba,
obrigado por citar meu livro no blog.Quando li Luísa Lulusa fiquei emocionado, muito. Sou pai solteiro, cuido de três filhos com a força de Zambi e as demonstrações de amor deles me emocionam. Meus filhos não saem ou chegam sem vir tomar-me a benção. As meninas não dormem sem vir me dar um beijo e Dandara, a caçula, deixa sempre uns bilhetinhos pedindo desculpas dos erros (coisinhas de nada) e dizendo do seu amor por mim. É o que me gratifica e faz lutar cada vez mais por eles. Parabéns e vindo a Belô me avise, minha casa (e a adega)estará à sua disposição.
Abraço
Jorge Dikamba