quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

MATAGAL TOMA CONTA DE BRASÍLIA - CARTA-PROTESTO DE MARIA ELISA COSTA, FILHA DE LÚCIO COSTA

 
Maria Elisa Costa

POR QUÊ ???

 

Frequento Brasília, rotineiramente, há 50 (cinquenta) anos – a trabalho, por conta de relações familiares, por prazer.

Na semana passada, quando cheguei na cidade para representar a família numa homenagem da CAPES a Lucio Costa, tomei um susto: todos os gramados estavam transformados em pastos, com capim e mato alto de todos os tipos crescendo à vontade, sem a menor cerimônia.

Pensei comigo: "será que o DPJ fechou? que a NOVACAP não existe mais? que o governo do DF está de férias ???". Soube que tinha havido uma greve na NOVACAP – mas a explicação não justificou o estado geral de menosprezo, de falta de cuidado, de ausência de manutenção geral no conjunto dos "detalhes urbanos" que a presença acintosa do matagal me fez ver de perto. E a pergunta não me sai da cabeça: POR QUÊ???

Uma manutenção constante e bem feita não custa nenhuma fortuna, é só questão de saber administrar – qualquer dona de casa sabe disso. Volto para o Rio – tudo normal, sem mato onde é grama, calçadas varridas, sem lixo acumulado em todo canto... Por que será que em Brasília não está sendo assim?

Acabei achando que a origem disso está na transformação do Distrito Federal num estado como os demais (só que de mentira, já que as despesas são pagas pela mamãe federal).

É possível que essa decisão tenha tido origem no calor do momento da redemocratização do país – mas para quem, como eu, conviveu, quando a capital era no Rio, com o DF tratado como um Distrito FEDERAL, para cuja administração o presidente da república nomeava um prefeito (sujeito a ser demitido se não desse conta do recado) para tomar conta da casa, sendo os interesses da população local representados numa câmara de vereadores eleita, fica a pergunta: como lidar com a estrutura administrativa do atual DF?

Porque, do jeito que está, paulatinamente Brasília foi passando a ser vista como a capital do "estado" chamado Distrito Federal, e não como a capital DO PAÍS – ou seja, houve uma melancólica e absurda "provincianização" do olhar do governo para a cidade... Se não fosse pela excepcional qualidade e coragem do Plano Piloto de Lucio Costa, e pela beleza dos projetos de Oscar Niemeyer... a capital do Brasil hoje não passaria de uma cidade de interior como qualquer outra.

E volto à pergunta: o que fazer para corrigir este estado de coisas?

 

 



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