"Poeta é a antena da raça", escreveu Ezra Pound. Pois o nosso poeta-sambista Paulo César Pinheiro , autor dos mais lindos sambas contemporâneos, de certa forma antecipou a necessidade de radicais mudanças nos paradigmas das comunidades que habitam as favelas do Rio de Janeiro.
Ele só não escreveu que "nem a SS conseguia paz no Complexo do Alemão". No mais, está tudo nesse samba.
Nomes de Favela
Paulo César Pinheiro
Composição: Paulo César PinheiroO galo já não canta mais no Cantagalo
A água já não corre mais na Cachoeirinha
Menino não pega mais manga na Mangueira
E agora que cidade grande é a Rocinha!
Ninguém faz mais jura de amor no Juramento
Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus
Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres
E a vida é um inferno na Cidade de Deus
Não sou do tempo das armas
Por isso ainda prefiro
Ouvir um verso de samba
Do que escutar som de tiro
Pela poesia dos nomes de favela
A vida por lá já foi mais bela
Já foi bem melhor de se morar
Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda
Ou lá na favela a vida muda
Ou todos os nomes vão mudar
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