O AMOR E O AMAR
Luiz Martins da Silva
Não tem fim o amor,
As pessoas, sim.
O amor é o vinho,
As paixões, garrafa.
A dor não tem fim,
Promessas, sim.
Há o que a dor adorna,
O não-amor, idólatra.
Os amantes vigiam,
Temendo, se vá.
Mas o amor não é voz,
Nem vazio do vão.
Pessoas pretendem
Elas próprias, o Ser.
E até O declamam,
Como um sino ao som.
Amor não é miragem,
Nem é sim sem dono,
Amar é a passagem,
Do exercício ao dom.
Pessoas são notas,
Mas não toda a música.
E amar já é assopro,
Da flauta ao cósmico.
Amor, alaga mar
Que os casais alugam,
Para o hábito de um lar,
Do oceano concha.
Mas, quando não oram
E se finda o não moro,
Não mais o inventam,
Como ao assovio.
Quem ama, jamais
Perde o fio, a inocência.
O amor não se vai
Se é eterna presença.
O amor não se quebra,
Qual um tino ao bronze.
O amor não é pedra,
Que um dia foi chama.
Mas amar tem aroma,
Como a essência ao vinho.
Não que um seja o outro,
Nem quando fundidos.
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