domingo, 26 de dezembro de 2010

UM POEMA DE LUIZ MARTINS



O AMOR E O AMAR

 

Luiz Martins da Silva

 

Não tem fim o amor,

As pessoas, sim.

O amor é o vinho,

As paixões, garrafa.

 

A dor não tem fim,

Promessas, sim.

Há o que a dor adorna,

O não-amor, idólatra.

 

Os amantes vigiam,

Temendo, se vá.

Mas o amor não é voz,

Nem vazio do vão.

 

Pessoas pretendem

Elas próprias, o Ser.

E até O declamam,

Como um sino ao som.

 

Amor não é miragem,

Nem é sim sem dono,

Amar é a passagem,

Do exercício ao dom.

 

Pessoas são notas,

Mas não toda a música.

E amar já é assopro,

Da flauta ao cósmico.

 

Amor, alaga mar

Que os casais alugam,

Para o hábito de um lar,

Do oceano concha.

 

Mas, quando não oram

E se finda o não moro,

Não mais o inventam,

Como ao assovio.

 

Quem ama, jamais

Perde o fio, a inocência.

O amor não se vai

Se é eterna presença.

 

O amor não se quebra,

Qual um tino ao bronze.

O amor não é pedra,

Que um dia foi chama.

 

Mas amar tem aroma,

Como a essência ao vinho.

Não que um seja o outro,

Nem quando fundidos.


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