Evento literário alternativo reunirá mais de 50 artistas. Entre os convidados estão os poetas Thiago de Mello e Nicolas Behr e o músico Kiko Zambianchi
Natalia Emerich_Brasília 247
– Arte na rua, de graça e para todos. Assim será a Bienal do B – evento alternativo que substituirá a 2ª Bienal Internacional da Poesia (BIP), que deveria ter sido realizada em setembro, mas foi cancelada pelo governo do Distrito Federal por falta de recursos. De 26 a 28 de outubro, o Açougue Cultural T-Bone sediará o encontro literário, que reunirá mais de 50 poetas, artistas plásticos e músicos na comercial da 312 Norte. A programação inclui bate-papos, declamações de poesia, shows, lançamentos e venda de livros e teatro de bonecos.
A ideia de realizar a Bienal do B surgiu da insatisfação de artistas pelo cancelamento da BIP na última hora. Como eles mesmos argumentam, a melhor forma de protestar é fazer cultura e não deixar as ideias morrerem. De acordo com o proprietário do T-Bone, Luís Amorim, a iniciativa representa a força que a arte tem na capital. "É uma criação coletiva e será manifestada ao ar livre, sem burocracia", disse. A lista de convidados locais, nacionais e estrangeiros que estarão na Bienal do B confirma.
A expectativa é grande. O poeta Nicholas Behr vê na bienal uma oportunidade para que Brasília respire. "É a desconstrução dessa realidade mecânica e cruel em que vivemos, de metas e produção", afirma o poeta, brasiliense de coração. "Nada é tão inútil, nem tão necessário." De acordo com ele, o livro é só um depósito de palavras, "A poesia deve sair das páginas e tocar os ouvidos", destaca. Behr declamará poesias e participará de bate-papos. "Não basta fazer títulos, poeta que é poeta tem que ler e apresentar o seu trabalho", diz. "Vou lá mostrar serviço."
Considerado um dos maiores poetas brasileiros, o amazonense Thiago de Mello, autor de "Os estatutos do homem", estará no evento alternativo. "Não vou como escritor profissional, vou como escritor solidário", justifica o poeta, que aceitou o pedido de um amigo e não cobrou para comparecer. Na capital, ele pretende repartir a esperança que guarda em si. "A poesia é instrumento de mudança e formação de consciência, não é só arte", diz. No bate-papo, Mello afirma que cada um deve fazer a sua parte trabalhando na mudança para endireitar a vida dos que sofrem no país;.
Na Bienal do B também haverá homenagens. Os escolhidos são o poeta Ezio Pires, o livreiro Ivan Silva, da Livraria Presença, e a coordenadora da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, Maria da Conceição Moreira Salles. "É maravilhoso ver o resultado do trabalho realizado na biblioteca reconhecido", diz Maria da Conceição. "Sempre procuramos destacar autores da Brasília e dar espaço para que eles divulgassem suas obras."
Embora os locais e a estrutura do festival poético tenham mudado, o anfitrião será o mesmo: o presidente da Biblioteca Nacional de Brasília – e poeta –, Antônio Miranda.
Interação artística
Música é poesia e por isso músicos de Brasília e de outras cidades se apresentarão nas três noites literárias e participarão de bate-papos com o público. Entre eles estão Kiko Zambianchi, Jorge Mautner, Rênio Quintas, Fernanda Porto, Marcio Cipriano e o grupo Sopro & Cordas.
Além de música e poesia, a bienal alternativa terá exposição de artistas plásticos locais, bancas para a compra e venda de livros e apresentação do mímico Miqueias Paz. Para as crianças, a partir das 18h, se apresentarão o bonequeiro Carlos Machado, a Companhia de Teatro Pilombetagem e o grupo Circo Boneco e Riso.
O evento é uma iniciativa da Organização Não Governamental Viva Arte – idealizada por Luis Amorim, dono do Açougue Cultural T-Bone. A bienal tem apoio da Petrobras e a contribuição voluntária dos artistas. "A nossa ideia é mostrar que a arte existe independentemente do apoio do Estado", afirma o porta-voz do Viva Arte e poeta, Vicente Sá.
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