quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ROCK BRASÍLIA NO CINE BRASÍLIA

 
Carlos Mattos escreveu:

"Mas será mesmo Rock Brasília um filme sobre rock no sentido que se espera do gênero, com ritmo veloz, som em alto volume e imagens de rebeldia? Não é bem assim. Rock Brasília é, isso sim, um filme de Vladimir Carvalho. Um filme sobre como as pessoas se lembram das coisas e são capazes de contá-las cara a cara com o diretor. Na verdade, mais do que sobre rock, este é um filme sobre Brasília.(...)
Russo, que Vladimir considera "o maior poeta do rock brasileiro", é o eixo individual mais importante na narrativa de Rock Brasília, mas divide o tempo de tela com integrantes da Legião, Capital e Plebe, bem como respectivos familiares. No fundo, é uma história de famílias o que ali se conta. Em sua maioria filhos de professores, diplomatas e altos servidores públicos, os roqueiros saídos de Brasília tinham um acesso privilegiado à cultura estrangeira – e as influências de Bob Dylan, do Police e do movimento punk ficam patentes. Tinham, por outro lado, a pecha de "filhinhos de papai" para desmentir com atitudes e letras de música. A última cena do filme, puxando bem para o lado emocional, completa o sentido familiar dessa saga.
Para ser um legítimo filme de rock, Rock Brasília precisaria ter mais música e menos falas. Precisaria ter capas de disco fazendo piruetas na tela, fãs se descabelando e uma certa exaltação das emoções em jogo. Mas aí talvez não fosse um filme de Vladimir Carvalho. Não há um interesse específico em celebrar o êxito das bandas. Os relatos da formação, da dissolução e de uma ressurreição superam a crônica dos anos de maior sucesso. Isso fica para outro tipo de filme ou programas de TV. Vladimir, como sempre, sai atrás das histórias humanas que rebatem na política. Sai atrás das memórias que ficam depois que a poeira baixa e a reflexão substitui a dor e a euforia."
 

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