quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

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Conheça os enredos das escolas de samba do Grupo de Acesso do Rio

Nove escolas de samba disputam uma vaga na elite do carnaval carioca.
Desfiles acontecerão no sábado (18), na Marquês de Sapucaí.

Rodrigo ViannaDo G1 RJ
 

De Corumbá a Nelson Rodrigues, as nove escolas de samba do Grupo de Acesso A do Rio de Janeiro prometem empolgar o público com enredos que enaltecem a cultura brasileira e desfiles grandiosos. Apesar da pouca verba e falta de estrutura, as agremiações apostam em carros luxuosos e em efeitos especiais para chegar à elite do carnaval carioca.

Estácio de Sá vai fazer uma homenagem à musa Luma de Oliveira (Foto: Rodrigo Vianna / G1)Estácio de Sá vai fazer uma homenagem à musa Luma de Oliveira (Foto: Rodrigo Vianna / G1)


As escolas do Grupo de Acesso já deixaram de ser consideradas pequenas há muito tempo. Entre as agremiações que vão desfilar no sábado (18) estão campeãs como Império Serrano, Estácio de Sá e Viradouro. Elas terão 60 minutos para convencer cada um dos 40 julgadores que estarão espalhados ao longo da Marquês de Sapucaí, que ganhou novas arquibancadas após reforma.

A capacidade de público da nova Passarela do Samba aumentou para 72,5 mil lugares. A grande reforma pode ser resumida da seguinte forma: tudo que existe de um lado foi construído do outro, como se fosse um espelho, mas com algumas diferenças. Os camarotes ganharam varanda e ocupam dois andares em cada um dos quatro blocos de arquibancadas e frisas.

Pouca verba, mas muito luxo
A falta de patrocínio e o baixo investimento obrigam os carnavalescos a abusarem da criatividade para dar nova cara a alegorias usadas e apresentar um desfile luxuoso e inédito na Sapucaí.

Diante das dificuldades, os carnavalescos recorrem a materiais mais baratos e contam com a ajuda das escolas do Grupo Especial para montar o seu carnaval. Nos barracões, espalhados pela Zona Portuária, é comum encontrar esculturas que foram usadas em outros carnavais. Além disso, algumas agremiações cedem parte do seu ateliê para a confecção das fantasias.

Os velhos barracões, no entanto, podem estar com os dias contados. Em 2011, o prefeito Eduardo Paes anunciou a intenção de construir uma segunda Cidade do Samba. Nos próximos anos, as escolas terão que desocupar os galpões para as obras de revitalização da área. Na época, o prefeito chegou a informar que já está à procura de terrenos nos bairros de São Cristóvão e Benfica.

Vice-campeã em 2011, Viradouro vai falar sobre Nelson Rodrigues (Foto: Rodrigo Vianna / G1)Vice-campeã em 2011, Viradouro vai falar sobre
Nelson Rodrigues (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

Entenda o regulamento
A ordem dos desfiles foi definida após um sorteio. Como no Grupo Especial, a escola campeã do Grupo de Acesso B abrirá a noite de apresentações. Segundo a Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (Lesga), o tempo de cada desfile será de, no mínimo, 52 minutos e, no máximo, 60 minutos, dois a mais do que em 2011. A agremiação que não respeitar esse tempo será penalizada.

Ainda de acordo com o regulamento, cada escola deverá fazer a dispersão de suas alegorias no tempo máximo de 60 minutos, contados a partir do término de seu desfile. Ainda de acordo com a Lesga, cada agremiação deverá desfilar com, no mínimo, 1,2 mil componentes, 40 baianas, 130 ritmistas, e três a cinco carros alegóricos. O não cumprimento acarretará na penalização de 0,5 ponto para cada infração.

Os 40 julgadores darão notas de 8 a 10 nos seguintes quesitos: bateria, samba-enredo, evolução, enredo, harmonia, alegorias e adereços, fantasias, comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira, harmonia e conjunto. Segundo o regulamento, a escola campeã subirá para o Grupo Especial. Já as duas últimas colocadas serão rebaixadas para o Grupo de Acesso B.

CONHEÇA OS ENREDOS DAS ESCOLAS DE SAMBA DO GRUPO DE ACESSO A
Paraíso do Tuiuti (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

1ª - Paraíso do Tuiuti
Campeã do Grupo de Acesso B no carnaval de 2011, a Paraíso do Tuiuti quer conquistar o seu espaço com o enredo "A tal mineira", do carnavalesco Jack Vasconcelos. Com 5 carros alegóricos e 2,3 mil componentes, a escola vai fazer uma homenagem à cantora Clara Nunes, com alegorias grandiosas e muita cor. A religiosidade será um dos pontos altos do desfile.

Estreante na agremiação, o carnavalesco adiantou que as baianas virão representando as mães de santo. O abre-alas será acoplado e terá cinco coroas, um dos símbolos da escola, que vão ganhar movimento na Avenida. Uma de suas paixões, o mar será representado na segunda alegoria, que vai trazer sereias e uma escultura do rosto da homenageada, com uma coroa de conchas.

No carro, 25 bailarinos coreografados por Andrea de Cássia vão simular o balanço do mar, com fitas e dança. Uma das alegorias vai trazer uma réplica da águia da Portela, escola de samba da cantora, com 13 metros de comprimento. "É um enredo muito lúdico. Pesquisei mais de 200 letras de músicas para montar esse desfile, e acho que a Sapucaí vai se emocionar com a Tuiuti", disse Jack.

Rocinha (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

2ª - Acadêmicos da Rocinha
A comunidade da Rocinha vai colocar o seu carnaval literalmente na praça. Com o enredo "Vou colocar o teu nome na praça", do carnavalesco Luis Carlos Bruno, a escola vai levar para a Avenida diversas praças do Brasil e do mundo usadas como espaço de democracia e convívio do povo. Símbolo da república brasileira, a Praça dos Três Poderes, em Brasília, será representada no último carro. Nele, também vira uma sósia da presidente Dilma Rousseff.

Em seu segundo ano na Rocinha, o carnavalesco Luis Carlos Bruno quer mostrar como uma praça pode influenciar no nascimento de uma cidade. Com colunas gregas e estátuas vivas, o abre-alas vai representar a praça ateniense. Já o segundo setor ganha um ar romântico ao abordar o surgimento de uma praça na cidade brasileira, com direito a igreja e coreto.

Uma das 5 alegorias que a Rocinha vai levar para a Sapucaí também vai representar componentes vestidos de bebês dentro de um grande carrinho levado por uma babá. As modalidades esportivas estarão no quarto setor da escola, que vai representar a Praça da Juventude. Cerca de 2 mil bolas foram usadas para compor a alegoria, segundo Luiz Bruno.

Estácio de Sá (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

3ª - Estácio de Sá
Após reinar anos à frente de baterias das escolas de samba do Rio, a musa Luma de Oliveira será o enredo da Estácio de Sá, que vai levar 5 alegorias e 2,5 mil componentes para voltar ao Grupo Especial. E será com um grande cortejo que a vermelha e branca quer fazer essa homenagem, com o enredo "Luma de Oliveira: coração de um país em festa!", do carnavalesco Marcus Ferreira.

De acordo com o carnavalesco, o enredo não é biográfico. Ele contou se inspirou no texto "I give love", de João Bosco, para o carnaval da Estácio. O leão, símbolo da escola, virá em dois momentos, na abertura e no encerramento, conduzindo a homenageada. As manifestações carnavalescas brasileiras vão dar o tom do desfile, pedindo passagem para a musa.

Repleto de telhas de alumínio, fotos da homenageada e 2 km de neon, o abre-alas vai representar a favela carioca, trazendo personagens como compositores, mães baianas e negros vestidos de nobre. Uma das alegorias vai representar o carnaval da Cinelândia e terá como anfitrião o bloco de rua Cordão do Bola Preta. "Será um desfile a altura de uma eterna rainha", disse Marcus.

Inocentes de Belford Roxo (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

4ª - Inocentes de Belford Roxo
Com patrocínio forte, a Inocentes de Belford Roxo fará uma viagem a Corumbá, pequena cidade situada no Mato Grosso do Sul. Para conquistar o tão sonhado título, a escola vai levar 5 alegorias e 2,5 mil componentes para contar o enredo "Corumbá - Ópera Tupi Guaikuru", do carnavalesco Wagner Gonçalves. Índios, lendas e a fauna mato-grossense compõe as 21 alas.

O carnavalesco que fazer uma releitura da cidade e causar no público o mesmo impacto que ele teve ao visitar o município pela primeira vez. Com carros grandiosos, coloridos e repleto de movimentos, a Inocentes quer ganhar o seu espaço no Grupo Especial e, para isso, não mediu esforços. Macunaíma, personagem de Mário de Andrade, foi o escolhido para conduzir essa viagem.

Com muito verde, o abre-alas vai representar a "sinfonia da natureza", com a presença de índios e diversas espécies de plantas. Já a Guerra do Paraguai virá no terceiro setor, com caveiras e uma fragata, que promete surpresas na Sapucaí. Por fim, a Inocentes vai falar sobre a preservação e vai trazer uma alegoria mais high tech com efeitos de neon, projeções e movimento.

Império da Tijuca (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

5ª - Império da Tijuca
Com o enredo "Utopias - Viagens aos confins da imaginação", do carnavalesco Severo Luzardo, a Império da Tijuca quer despertar os maiores desejos do público na Sapucaí. Após conquistar o sétimo lugar em 2011, a verde e branca vai levar 5 alegorias e 2,5 mil componentes para uma viagem a mais de 50 lugares utópicos retratados em obras literárias do mundo todo.

Severo explicou ainda que o enredo Utopia é alegre, imaginário e cultural. O carro abre-alas é todo branco e falará sobre a Ilha Encantada da Utopia, criada pelo escritor irlandês Thomas Moore. No segundo setor, a Império da Tijuca mostrará os mundos que despertam fascínio e mexem com o imaginário humano. Os elfos e os reinos de unicórnio serão algumas passagens presentes no setor.

Jujubas, tortas, wafles e sorvetes prometem despertar o interesse das crianças no terceiro setor da escola. Em seguida, a Império da Tijuca fará uma viagem ao mundo do Macondo, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, dos corsários e piratas, até chegar ao mundo do Reino de Sabá. No encerramento Severo promete transformar o Morro da Formiga no reino de Eufônia, o mundo das notas musicais.

Viradouro (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

6ª - Unidos do Viradouro
Vice-campeã do Grupo de Acesso A no carnaval de 2011, a Unidos do Viradouro vai apostar numa homenagem ao escritor Nelson Rodrigues para voltar ao Grupo Especial. Com o enredo "A vida como ela é, bonitinha, mas ordinária... Assim falou Nelson Rodrigues", desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada, a vermelha e branca de Niterói vai levar alegorias coreografadas e surpresas para a Sapucaí.

O desfile da Viradouro será baseado nas obras, personagens e nas frases do escritor, de acordo com o carnavalesco Júnior Barata, que trabalha em parceria com o carnavalesco Alexandre Louzada. E será com uma grande máquina de escrever que a escola vai abrir o seu desfile, mostrando o lado cronista de Nelson Rodrigues. Cerca de 50 componentes virão como teclas.

Em seguida, os personagens do cotidiano de Nelson Rodrigues começam a invadir a Sapucaí e tomam conta do enredo. Obras importantes como "Vestido de noiva" e "A Serpente" virão representadas num dos 5 carros alegóricos da vermelha e branca. De acordo com Júnior Barata, a ousadia do escritor estará estampada nas fantasias dos 2,8 mil componentes, divididos em 27 alas.

Santa Cruz (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

7ª – Acadêmicos de Santa Cruz
Por 60 minutos, a Marquês de Sapucaí vai se transformar numa grande estação de rádio. Pelo menos é o que propõe o enredo "Nas ondas do rádio... Acorda Brasil para escutar! O show do Antônio Carlos está no ar", desenvolvido pelo carnavalesco Lane Santana, da Acadêmicos de Santa Cruz. A verde e branca promete fazer uma viagem pelas ondas sonoras e uma homenagem ao radialista Antônio Carlos, com direito a locutores e auditório.

"A gente pega um grande ícone do rádio brasileiro que é o Antônio Carlos, que é muito popular, e contamos a história do rádio no Brasil. Nós vamos abrir o desfile com a descoberta das ondas eletromagnéticas e teremos a comissão de frente como cientistas. A partir daí a gente começa a falar da descoberta do rádio aqui no Brasil, como um artigo de luxo", disse Lane Santana.

Uma das cinco alegorias que a escola vai levar para a Sapucaí promete se transformar em pleno desfile. De acordo com o carnavalesco, componentes vão sair de dentro do carro alegórico e vão formar um auditório no meio da Avenida. O homenageado virá em cima do último carro e fará uma transmissão ao vivo de cima da alegoria. De acordo com o carnavalesco, o público que estiver com um rádio poderá conversar com Antônio Carlos ao longo do desfile.

Império Serrano (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

8ª – Império Serrano
Considerada uma das escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro, com nove títulos do Grupo Especial na bagagem, a Império Serrano fará uma homenagem à cantora Ivone Lara no carnaval deste ano. Para contar o enredo "Dona Ivone Lara: o enredo do meu samba", desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, a verde e branca vai levar para a Avenida 5 carros alegóricos e 2,2 mil componentes.

De cara, o abre-alas chama a atenção pela grandiosidade e luxo. Com cerca de 30 metros de comprimento, a alegoria vai representar a cultura afro, com esculturas de leões, antílopes e marfim. Em seguida, a Império vai falar sobre o Theatro Municipal e o colégio Orsina da Fonseca, onda a sambista teve aulas de música. No alto haverá uma grande escultura de Vila Lobos.

Com ousadia, o carnavalesco vai levar no terceiro carro 18 casais coreografados encenando um baile e seis componentes como pianistas há cerca de nove metros de altura. De acordo com Mauro Quintaes, Ivone Lara foi a primeira mulher a ganhar um samba-enredo na Império Serrano. As baianas da escola serão homenageadas no último carro, onde também estará a cantora.

Cubango (Foto: Rodrigo Vianna / G1)

9ª - Acadêmicos do Cubango
Para fechar a noite de desfiles do Grupo de Acesso A, a Acadêmicos do Cubango vai fazer uma homenagem ao Barão de Mauá com o enredo "Barão de Mauá - Sonho de um Brasil moderno", desenvolvido pelo carnavalesco Jaime Cezário. Para contar a história do banqueiro, a verde e branca de Niterói promete carros grandiosos, com bom acabamento e efeitos especiais.

O abre-alas representará o Rio de Janeiro da época de Pedro II. Os costumes europeus, a riqueza, o tráfico de escravos, a cana de açúcar e o café também estarão na abertura do desfile da escola. A escola pretende passar um pouco do sentimento defendido pelos barões de café. Em seguida, a escola vai falar sobre a industrialização, com o surgimento do Estaleiro Mauá, em Niterói. No estaleiro foram feitos 72 navios, alguns deles usados na Guerra do Paraguai.

Com direito a teatralização, o terceiro carro vai falar sobre o surgimento do banqueiro. Barão de Mauá cria um novo banco dando um percentual de retorno para quem aplicasse. O negócio começa a todo vapor e torna-se o maior banco do Brasil. Para fechar a noite, a Cubango pretende falar sobre a modernidade, com um trem-bala partindo para a estação Brasil e esculturas de três metros de altura.

ém

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