Conheça os enredos das escolas de samba do Grupo de Acesso do Rio
Nove escolas de samba disputam uma vaga na elite do carnaval carioca.
Desfiles acontecerão no sábado (18), na Marquês de Sapucaí.
De Corumbá a Nelson Rodrigues, as nove escolas de samba do Grupo de Acesso A do Rio de Janeiro prometem empolgar o público com enredos que enaltecem a cultura brasileira e desfiles grandiosos. Apesar da pouca verba e falta de estrutura, as agremiações apostam em carros luxuosos e em efeitos especiais para chegar à elite do carnaval carioca.
As escolas do Grupo de Acesso já deixaram de ser consideradas pequenas há muito tempo. Entre as agremiações que vão desfilar no sábado (18) estão campeãs como Império Serrano, Estácio de Sá e Viradouro. Elas terão 60 minutos para convencer cada um dos 40 julgadores que estarão espalhados ao longo da Marquês de Sapucaí, que ganhou novas arquibancadas após reforma.
A capacidade de público da nova Passarela do Samba aumentou para 72,5 mil lugares. A grande reforma pode ser resumida da seguinte forma: tudo que existe de um lado foi construído do outro, como se fosse um espelho, mas com algumas diferenças. Os camarotes ganharam varanda e ocupam dois andares em cada um dos quatro blocos de arquibancadas e frisas.
Pouca verba, mas muito luxo
A falta de patrocínio e o baixo investimento obrigam os carnavalescos a abusarem da criatividade para dar nova cara a alegorias usadas e apresentar um desfile luxuoso e inédito na Sapucaí.
Diante das dificuldades, os carnavalescos recorrem a materiais mais baratos e contam com a ajuda das escolas do Grupo Especial para montar o seu carnaval. Nos barracões, espalhados pela Zona Portuária, é comum encontrar esculturas que foram usadas em outros carnavais. Além disso, algumas agremiações cedem parte do seu ateliê para a confecção das fantasias.
Os velhos barracões, no entanto, podem estar com os dias contados. Em 2011, o prefeito Eduardo Paes anunciou a intenção de construir uma segunda Cidade do Samba. Nos próximos anos, as escolas terão que desocupar os galpões para as obras de revitalização da área. Na época, o prefeito chegou a informar que já está à procura de terrenos nos bairros de São Cristóvão e Benfica.
Nelson Rodrigues (Foto: Rodrigo Vianna / G1)
Entenda o regulamento
A ordem dos desfiles foi definida após um sorteio. Como no Grupo Especial, a escola campeã do Grupo de Acesso B abrirá a noite de apresentações. Segundo a Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (Lesga), o tempo de cada desfile será de, no mínimo, 52 minutos e, no máximo, 60 minutos, dois a mais do que em 2011. A agremiação que não respeitar esse tempo será penalizada.
Ainda de acordo com o regulamento, cada escola deverá fazer a dispersão de suas alegorias no tempo máximo de 60 minutos, contados a partir do término de seu desfile. Ainda de acordo com a Lesga, cada agremiação deverá desfilar com, no mínimo, 1,2 mil componentes, 40 baianas, 130 ritmistas, e três a cinco carros alegóricos. O não cumprimento acarretará na penalização de 0,5 ponto para cada infração.
Os 40 julgadores darão notas de 8 a 10 nos seguintes quesitos: bateria, samba-enredo, evolução, enredo, harmonia, alegorias e adereços, fantasias, comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira, harmonia e conjunto. Segundo o regulamento, a escola campeã subirá para o Grupo Especial. Já as duas últimas colocadas serão rebaixadas para o Grupo de Acesso B.
CONHEÇA OS ENREDOS DAS ESCOLAS DE SAMBA DO GRUPO DE ACESSO A | |
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| 1ª - Paraíso do Tuiuti |
| 2ª - Acadêmicos da Rocinha Em seu segundo ano na Rocinha, o carnavalesco Luis Carlos Bruno quer mostrar como uma praça pode influenciar no nascimento de uma cidade. Com colunas gregas e estátuas vivas, o abre-alas vai representar a praça ateniense. Já o segundo setor ganha um ar romântico ao abordar o surgimento de uma praça na cidade brasileira, com direito a igreja e coreto. Uma das 5 alegorias que a Rocinha vai levar para a Sapucaí também vai representar componentes vestidos de bebês dentro de um grande carrinho levado por uma babá. As modalidades esportivas estarão no quarto setor da escola, que vai representar a Praça da Juventude. Cerca de 2 mil bolas foram usadas para compor a alegoria, segundo Luiz Bruno. |
| 3ª - Estácio de Sá De acordo com o carnavalesco, o enredo não é biográfico. Ele contou se inspirou no texto "I give love", de João Bosco, para o carnaval da Estácio. O leão, símbolo da escola, virá em dois momentos, na abertura e no encerramento, conduzindo a homenageada. As manifestações carnavalescas brasileiras vão dar o tom do desfile, pedindo passagem para a musa. Repleto de telhas de alumínio, fotos da homenageada e 2 km de neon, o abre-alas vai representar a favela carioca, trazendo personagens como compositores, mães baianas e negros vestidos de nobre. Uma das alegorias vai representar o carnaval da Cinelândia e terá como anfitrião o bloco de rua Cordão do Bola Preta. "Será um desfile a altura de uma eterna rainha", disse Marcus. |
| 4ª - Inocentes de Belford Roxo O carnavalesco que fazer uma releitura da cidade e causar no público o mesmo impacto que ele teve ao visitar o município pela primeira vez. Com carros grandiosos, coloridos e repleto de movimentos, a Inocentes quer ganhar o seu espaço no Grupo Especial e, para isso, não mediu esforços. Macunaíma, personagem de Mário de Andrade, foi o escolhido para conduzir essa viagem. Com muito verde, o abre-alas vai representar a "sinfonia da natureza", com a presença de índios e diversas espécies de plantas. Já a Guerra do Paraguai virá no terceiro setor, com caveiras e uma fragata, que promete surpresas na Sapucaí. Por fim, a Inocentes vai falar sobre a preservação e vai trazer uma alegoria mais high tech com efeitos de neon, projeções e movimento. |
| 5ª - Império da Tijuca Severo explicou ainda que o enredo Utopia é alegre, imaginário e cultural. O carro abre-alas é todo branco e falará sobre a Ilha Encantada da Utopia, criada pelo escritor irlandês Thomas Moore. No segundo setor, a Império da Tijuca mostrará os mundos que despertam fascínio e mexem com o imaginário humano. Os elfos e os reinos de unicórnio serão algumas passagens presentes no setor. |
| 6ª - Unidos do Viradouro O desfile da Viradouro será baseado nas obras, personagens e nas frases do escritor, de acordo com o carnavalesco Júnior Barata, que trabalha em parceria com o carnavalesco Alexandre Louzada. E será com uma grande máquina de escrever que a escola vai abrir o seu desfile, mostrando o lado cronista de Nelson Rodrigues. Cerca de 50 componentes virão como teclas. Em seguida, os personagens do cotidiano de Nelson Rodrigues começam a invadir a Sapucaí e tomam conta do enredo. Obras importantes como "Vestido de noiva" e "A Serpente" virão representadas num dos 5 carros alegóricos da vermelha e branca. De acordo com Júnior Barata, a ousadia do escritor estará estampada nas fantasias dos 2,8 mil componentes, divididos em 27 alas. |
| 7ª – Acadêmicos de Santa Cruz |
| 8ª – Império Serrano |
| 9ª - Acadêmicos do Cubango O abre-alas representará o Rio de Janeiro da época de Pedro II. Os costumes europeus, a riqueza, o tráfico de escravos, a cana de açúcar e o café também estarão na abertura do desfile da escola. A escola pretende passar um pouco do sentimento defendido pelos barões de café. Em seguida, a escola vai falar sobre a industrialização, com o surgimento do Estaleiro Mauá, em Niterói. No estaleiro foram feitos 72 navios, alguns deles usados na Guerra do Paraguai. |
ém
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