domingo, 15 de junho de 2014

BRASIL NA COPA

VAI TER PENALTI

 

Luis Turiba

 

Juiz não rouba: juiz se engana. 

Neymar jogou melhor que o juiz japonês Yuichi (Arigatô Zen) Nishimura e Oscar jogou melhor que Neymar. Portanto, quem ganha ou perde jogos são os jogadores e não juízes. O Brasil ganhou porque jogou melhor.

Vou contar um caso histórico: na Copa de 62, no Chile, o Brasil perdia de 1 a 0 da Espanha. Pelé estava fora do jogo pois teve um estiramento muscular sério, que o deixou fora da competição. No seu lugar, entrou Amarildo. Lá pelas tantas, um atacante espanhol invadiu a área brasileira e driblou o lateral Nilton Santos. Ficaria sozinho frente a frente a Gilmar e certamente marcaria 2 a 0. Nilton Santos deu um toco e ao ver o espanhol desabando no chão, deu um passo à frente saindo da área. O juiz marcou falta no que seria um pênalti. A falta deu em nada e o Brasil virou o jogo: 2 a 1, dois de Amarildo. Fomos bicampeões do mundo.

Juízes vivem errando. O erro faz parte da paixão do futebol. Erros bestas, erros grosseiros, erros esquisitos. Nessa Copa, como em outras, juízes vão errar em todos os jogos. Erros já deram títulos a Inglaterra e a Argentina. Lembrem-se do gol "mão de Deus" de Maradona!

Quem não poderia ter errado ali, naquele momento, era o Fred. A virada do jogo dependia dele. E ele fez o que tinha de ser feito. Bastou aquele beque croata tocar firme no seu ombro, naquele puxa-puxa dentro da área, que Fred desabou com tamanha arte e artimanha, que o olhar puxadinho do japonês viu o pênalti, como todos nós vimos também. No futebol, o que vale é a cena-viva. Replays não contam.

Foi o pênalti do caboclo "Sai da frente". Pênalti espiritual, de encruzilhada mangalô três vezes; pois pênalti não se marca tão somente quando as faltas são claras, óbvias e verdadeiras – ou não. Futebol não é matemática. É pura emoção, tesão e tensão. Ninguém ganha uma Copa do Mundo sem manha, macumba e malandragem. Fred sabe disso. E a Fifa também. Tecnologia, por enquanto, só para sabe se a bola entrou ou não. Faltas são diferentes e há um cardápio infinito desse tipo de jogada. Há a falsa, a cavada, a não-declarada, a dissimulada e até a falta de vergonha. Tudo depende do subjetivo e da posição do juiz.

Não foi bem o caso desse pênalti. Se a falta não tivesse existido, o goleiro croata Sinusite certamente pegaria o chute de Neymar, pois os deuses do futebol jamais perdoariam tamanha injustiça. Como o Sobrenatural de Almeida nem sempre está do nosso lado, fica o dito por não dito e bola pra frente que outros pênaltis virão: contra ou a favor.    

Um comentário:

Amneres disse...


A gente joga essa bola com os amarelinhos e a gente vê o pênalti, mesmo onde não teria, o que vale é a alegria, alegria de canarinhos, viva, a bola rolando na bela e malandra crônica do Turiba.