Um pouquinho de Noel Ana Magalhães Noel de Medeiros Rosa, filho de Manoel Garcia Rosa, o Neca como era chamado e de Martha Corrêa de Azevedo, nasceu no dia 11.12.1910, em Vila Izabel , no Rio de Janeiro, no dia em que passaria pelo Brasil o Cometa Harley, trazendo com ele um presságio do Fim do Mundo e morreu num outro presságio destes pois passaria por aqui o Cometa Hermes, no dia 04.05.1937. Nascendo e morrendo em dias de fim do mundo, acaba ficando imortal, atual e, sobretudo genial. Em 26 anos de vida, espírito inquieto, olhos atentos ao mundo que o cerca, boêmio contumaz, amante da rua, de gente, das pessoas, da música, da poesia e da mulher, constrói uma obra de aproximadamente 400 músicas, carregadas ora de um humor sarcástico, ora da dor de uma paixão, sempre irretocável na forma e na emoção, foi retratando a sociedade, a política, a boemia e o amor, de um jeito tão singular que se fez gênio, imortal e atual. Atemporal. Ainda menino, quando fazia um mau feito e sabia que seria pego, deixava lá um versinho se justificando ou mesmo mudando de assunto e lógico, era sempre perdoado. Estudou no Colégio São Bento e lá era o brincalhão da turma, começando a fazer paródias com o hino nacional e outras músicas já existentes e piadas com tudo o que via ou que lhe acontecia. Um dia teve um professor surdo e já velhinho. De repente levantava-se e dizia: profesor: posso mijar no seu bolso? Ou Posso ir lá fora comer sua mãe? Ao que o professor respondia: vá, mas volte logo. Das muitas descobertas de Noel, a que mais o fascina são as casas onde era possível comprar por alguns mil réis, os carinhos de uma mulher. Iniciou-se aos 12/13 anos e nunca mais parou. Daí partiu para a boemia, as madrugadas, as serenatas, rodas de botequins, aonde compõe grande parte de suas músicas. Define o botequim com uma entidade agregadora e altamente democrática. A instituição que mais serviços comunitários presta aos homens do bairro. Mais que igrejas, clubes e delegacia, ou seja – Vende refeições fiado, empresta dinheiro, fixa nas paredes anúncios manuscritos pedindo ou oferecendo empregos, põe seu telefone a serviço dos que não têm, oferece suas mesas a quem quer que seja, dá e recebe recados, etc. Aprendeu a tocar bandolim com sua mãe ainda pequeno, mas foi com o pai que aprendeu violão e ganhou a sua primeira notoriedade se apresentando nas festas da escola. Gostou e foi em frente pelas madrugadas afora. Aos 19 anos entra para o Bando dos Tangarás composto de Noel, Braguinha, Almirante, Alvinho e Henrique Brito, músicos talentosos em inicio de carreira, ganhando muito pouco o que valeu a frase de Noel: "Mais vale ir almoçar em casa de um parente do que trabalhar para ganhar o insuficiente." Com que Roupa? Marca o início do seu sucesso no mundo artístico e fonográfico concluindo que " O samba é a voz do povo, sem gramática, sem artifício, sem preconceito, sem mentira. É malicioso e ... ingênuo. O povo carioca sente a alma do samba." Noel, pra deleite e alívio da família entra na Faculdade de Medicina mas se vê dividido entre o samba e a medicina, até que um dia escolhe e conclui que: " Como médico eu jamais serei um Miguel Couto. Mas quem sabe não poderei ser um Miguel Couto do samba? E foi. E é até hoje. E será sempre o nosso Doutor Catedrático em SAMBA. E Viva Noel Rosa! |
4 comentários:
Lindo texto, Ana; um dos que melhores definem o compositor boêmio que foi Noel.
Valeu e fico orgulhoso de publicá-lo no meu blog
Luis Turiba
turibapoeta@gmail.com
Bravos Ana! você é uma grande especialista do Noël Rosa aqui no Rio e em Brasilia, e ainda por cima, escreve lindamente! é uma honra ser tua Amiga!
aquele abraço,
Domi
Turiba querido,
Abrigada. E orgulhoso fiquei eu de entrar no seu blog de que sou fã.
Do blog e de você, meu amigo, com esse seu jeito também inquieto e criativo, sempre com uma coisa nova pra nos oferecer. O poeta, jornalista, escritor, sambista e agora também cineasta. Ficou lindo o clip, Adorei. Beijos turiba
Orgulhosa, falou?
E não assinei tambem
Ana Magalhaes
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