quinta-feira, 20 de outubro de 2011

AS OBRAS "PRIMAS" DE CHICO ALVIM E ELIAS FAJARDO,


 
"O metro nenhum" e "Ser tão menino"
 
Recomendo que comprem, leiam e dêm de presente no Natal
 
Luis Turiba, Enviado via iPad
 

Hoje quero escrever sobre dois livros de dois autores diferentes que, embora diferentes, têm algo em comum além do amor à construção do mundo através de palavra e literatura: ambos são mineiros. E isso não é pouco, pois em se tratando de literatura e poesia no cenário brasileiro, ser mineiro não é tão somente um status geográfico, mas sim um merecimento histórico, diria até divino e por isso mineiramente misterioso.

São eles o poeta Francisco Alvim, que acaba de lançar "O Metro Nenhum", pela Companhia das Letras; e o escritor Elias Fajardo, autor de "Ser tão menino", lançado em meados do ano pela  7 Letras. Devorei ambos, não os autores, mas os livros nesse último mês. E aqui escrevo para fazer apresentações deles e, por que não, recomendar na véspera do Natal de que aproxima, essas duas obras que não são irmãs, mas podem ser primas, como, quem sabe, um bom presente nas festas natalinas.

Como já disse antes, são autores diferentes. Um de tão conciso, sobra. Outro falta, de tão farto. Elias Fajardo, por exemplo, se derrama no seu romance de memórias  em narrativas poéticas transcendentais de um tempo de meninices entre montanhas na velha e boa Minas Gerais.

Ao mesmo tempo que sua história (dele, o menino personagem) é contada delicadamente em cenas independentes e fragmentadas que funcionam como contos, Elias se posiciona como narrador crítico que interfere, une e dá a dimensão de atualidade a sua literatura.

"Escrever não mais para exorcizar fantasmas, mas para desvendar o lado oculto do mundo. Mergulhar no invisível contido no visível, fazer vir à tona pequenos ecos, intenções, barulhos, climas. Cristalizar o fugidio, extrair o mistério escondido no cotidiano e expô-lo como flor delicada aos olhos dos leitores", é assim que o narrador explica a proposta do romance-memória.  

Já nosso querido poeta Chico Alvim, pinga ao longo de 90 páginas poemas no seu já conhecido estilo folha-seca. Como um Drummond à maneira de Oswald, há um poema intitulado "Meio do caminho" que diz: "dá vontade/de sentar dar/ nem/ um passo à frente ou/ atrás". Ele espremeu tão liricamente sua linguagem, que há poema no tempo de um piscar de olho: "Não disse? Eu sabia".

Coube ao misterioso Zuca Sardan, que a gente nunca sabe se existe mesmo ou não, assinar o texto de orelha-apresentação de "O metro nenhum". E lá pelas tantas, Zuca me sai com essa: "Francisco Alvim (...) um Pierrot Lunar com meia-sombra lunar. As caveiras de Minas não acham graça; apenas fingem-que, mas de sorriso azedão. O Inferno é perigoso e o Paraíso um saco) e naquela encruzilhada metro nenhum passa, nem sequer para o Purgatório."

Para Zuca, a linguagem trágica do poeta Alvim "é também a lyrica, um lyrismo de irônica melancolia, que mal esconde o abysmo que se escancara atrás do sofá, enquanto pela janela se espraia o horizonte, onde passa a gaivota."

Mas o melhor de tudo isso é que esses dois livros estão a disposição dos espertos leitores nas melhores livrarias do ramo. Corram.....



2 comentários:

Anônimo disse...

Turiba, o eletro-reporter da musga e... poeziiiia... bela presenta§áo-crítica dos lan§amentos d'Alvim e Fajardo... e pela lembran§a da zorelha do Metro... Tio Zuca diz merci. Abbrazzzzzone << vostro xempre <<< Zuca

zzzzzzzucazzzzzzz
ESPERAN§A // Salve lindo Ferrolho / Rolha da Esperan§a / da Pátria Amada salve / Linda Máe Gentil / do sovaco varonil / Olé Olé muchachas ... //
LAUREL // Mas até parece o Gardel / como canta bem o Laurel / Acho que talvez ele fosse / papagaio de bordel... / Como si fuera esta noche / de luna en torbelino fatal... //
ARREBOL // Arrebol ao por-do-sol / vai morrer o rouxinol... / Madame parici silvuplé / é o rádio de pau-rosa / dezoito válvulas treze fre- / quéncias d'ondas plissé . //
zzzzzzzzzzzzzzzzz

Unknown disse...

Estou estudando profundamente as obras do Chico... É incrível. Sem palavras. Um poeta com uma visão do mundo e das coisas, como raramente vimos ao longo da história.