Joel chega e diz que armará Fla em função de R10: 'O craque é o craque'
Após 'papo romântico' com jogadores, técnico espera clima leve no
clube: 'Toda vez que estive aqui deu certo. Espero que seja assim
desta vez'
Por Janir Júnior e Richard Souza
Rio de Janeiro
O técnico Joel Santana viveu nesta segunda-feira o primeiro dia de sua
quinta passagem pelo Flamengo. O treinador, que assinou contrato até o
fim do ano, chegou ao Ninho do Urubu às 15h30m e não foi a campo. Ele
limitou-se a ter uma conversa reservada com os jogadores. Depois,
vestindo uma camisa polo azul, vermelha e branca, cores do Bahia, seu
ex-clube, Joel adentrou a sala de imprensa lotada para conceder uma
entrevista coletiva.
- É a quinta vez que venho para essa casa, casa essa que toda vez que
estive aqui deu certo. Espero que seja assim desta vez. Eu me lembro
que a última vez que trabalhei aqui a torcida me levou ao Corcovado.
Fez uma coisa que nunca tive na vida, que era uma bandeira com o meu
rosto. Isso tudo vai mexendo com o treinador. Se soubesse que ia
acontecer o que aconteceu não teria saído. Mas estou voltando - disse
Joel, referindo-se ao fato de ter aceito o convite para dirigir a
seleção da África do Sul, em 2008, e de ter sido demitido antes da
disputa da Copa de 2010.
De azul, vermelho e branco, cores do Bahia, Joel vai para a coletiva
(Foto: Janir Jr. / Globoesporte.com)Uma das primeiras indagações
feitas a Joel foi sobre o relacionamento com Ronaldinho Gaúcho. Foi
por bater de frente com o craque que Vanderlei Luxemburgo teve sua
saída decretada. O atual treinador adotou tom conciliador.
- Não vai ter nenhum tipo de problema. Nunca teve e não teremos agora.
Somos pessoas maduras, experientes, com objetivos traçados. Ronaldo
não chegou por acaso onde chegou. Chegou porque é talentoso. Não sei
se existe fórmula (para lidar com estrelas). Sei que nós nunca tivemos
problemas de lidar com ídolos da torcida, do time. É o jogador que faz
a diferença. Nós vamos nos ajudar. Eu não jogo, ele que joga e vai
resolver os nossos problemas. Papo foi normal, natural, comecei com
todo mundo lá dentro. Fomos apresentados hoje (segunda) e amanhã
(terça) começa o trabalho realmente - acrescentou Joel.
Se você tem uma peça de valor, sempre vai estar à primeira vista para
você. O craque é o craque. Se ele (R10) gostar mais do lado direito
que do esquerdo, não tem problema. Vamos armar em cima dele"Joel
SantanaO técnico, depois, disse que Ronaldinho vai ter a liberdade de
jogar no setor que quiser. A ideia é montar o time em função do camisa
10.
- Preferência é onde ele gostar mais de jogar. Se é centroavante, pelo
lado do campo... Quanto mais ele desenvolver o talento dele, melhor
para nós. Se você tem uma peça de valor, sempre vai estar à primeira
vista para você. O craque é o craque. Se ele gostar mais do lado
direito que do esquerdo, não tem problema. Vamos armar em cima dele -
revelou.
Contido e cauteloso no ínicio da entrevista, o treinador foi aos
poucos se soltando e fazendo habituais brincadeiras com os jornalistas
ao dar suas respostas. As frases curiosas também se fizeram presentes.
Ao comentar o primeiro contato com os jogadores, Joel disse ter falado
pouco e voltou a fazer uso, à sua maneira, de tom conciliador.
- Tivemos um papo romântico. Uma conversa normal sobre o que gosto de
fazer. No dia a dia a gente não fica falando muita coisa. Quando
começa a se entender, até no olhar já sabe o que está acontecendo. A
mesma coisa é o jogador. Quando você tem um grupo, não precisa falar
muito. Ninguém vai dar chicotada em ninguém. Temos de tomar decisões.
Carregamos uma torcida enorme. Nós somos manchete. Eu também.
Confira outros trechos da entrevista.
Quinta passagem
- Cada um coloca de uma maneira, vê de um jeito. Trabalhar uma vez é
uma honra. Trabalhar cinco vezes me deixa numa situação agradecida. É
esse o carinho que a torcida sempre teve comigo. O que a torcida quer,
eu quero. Vencer jogos, ganhar títulos. Esse é meu trabalho aqui. Nada
mais do que isso.
Memória EC: Joel no Fla: dois títulos, dois salvamentos e um triste de
adeus. Relembre
Atitude ao chegar
- Providência é ganhar jogos. Dois jogos pelo Carioca, quinta e
domingo, já temos Libertadores na outra semana. Primeiro temos de sair
dessa situação desagradável de terceiro lugar. Depois começar a
Libertadores, jogo fora de casa, time argentino. Vamos devagar, com
muita calma nessa hora.
Estilo
- Vamos manter nossa forma de trabalhar, sou meio à moda antiga em
algumas coisas. Vamos ver se conseguimos sucesso, torcida vai nos
acompanhar, definir os nossos caminhos. Se Deus quiser vai dar tudo
certo.
Sala de imprensa esteve lotada para a entrevista coletiva de Joel
(Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)Retomada na Libertadores
- Não sei, vamos ver o final do filme. Flamengo é assim, acontece com
uma grande rapidez. Estou mais uma vez aqui, acima de tudo com
respeito ao torcedor, nosso maior patrimônio, e carregando a
responsabilidade. Uma torcida que cobra, vibra, apaixonada. Vou fazer
parte mais uma vez dessa história.
Vantagem de conhecer boa parte do grupo
- Ajuda, sabem a minha maneira de trabalho. Soldado no quartel já
conhece, sabe das coisas que gosto, jogadores que foram campeões
comigo, respeito bastante. E com certeza vão ajudar. Os jogadores
perguntam. Não estou aqui para inventar. Faço parte de um grupo, de
uma equipe desse porte e mais uma vez tenho a oportunidade de
desenvolver meu trabalho. Me considero um felizardo de cinco estrelas
por estar pela quinta vez nessa casa.
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Ou a gente se Raoni
Ou a gente se Sting
Luis Turiba