Múltiplas linguagens transmídias
Luis Turiba*
"A internet é o LSD dos nossos tempos", dizia apaixonadamente Claudio Prado, bicho-digital e ex-assessor cibernético do então ministro da Cultura Gilberto Gil.
Pensando bem, o que aconteceu na última terça-feira (12/11) no auditório do Oi Futuro Flamengo, por ocasião da terceira etapa do projeto "Inter-Agir – na rua, na rede, na cena contemporânea" foi uma verdadeira "viagem lisérgica" à utopia colorida e imediata que as novas mídias digitais nos propiciam, especialmente no espaço da cultura.
Foi uma noite de vanguarda e quem disse que ser vanguarda é fácil. Poucas linhas na imprensa. Chovia muito e quando chove o carioca vira caracol. Mas a noite do "Inter-Agir" não foi nada silenciosa. Tudo que aconteceu ali foi transmitido pela internet para milhões de olhares planetários. A interação, portanto, foi imensurável.
Coordenado pela produtora Ana Lucia Pardo, que há quatro anos reúne cabeças pensantes em debates, oficinas, performances e intervenções artísticas, o "Inter-Agir" reuniu numa mesma noite diversas linguagens e seus múltiplos usos na (e da) mídia digital. As primeiras etapas desse ousado projeto que começou em 2008, estão reunidas no livro "Teatralidade do Humano", com 480 páginas e apresentação de Gilberto Gil.
Mas voltemos à noite de vanguarda no Oi Futuro. Quem estava lá pode assistir uma peça transmitida pela internet – "Vozes Urbanas", do Teatro para Alguém, de São Paulo, que começou no palco e se desenvolveu na rua com postagem direta para o auditório; uma aula-show sobre os múltiplos usos do telefone celular como ferramenta para fazeres artísticos (poesia, clipes, documentários, instalações visuais, etc), dada pelo multimídia Giuliano Chiaradia, fundador do Set Experimental e diretor de TV da Globo; e intervenções da atriz Sonaira D´Ávila, fundadora do Studio Escola de Atores.
A estrela do "Inter-Agir", porém, foi o documentarista alemão Florian Thalhofer, artista multimídia audiovisual e inventor do sistema de filmagens "Korsakow" que cria filmes com narrativas não lineares. Florian fará uma oficina sobre seu software para 20 jovens cariocas.
Uma coisa ficou clara. A internet e as novas mídias digitais (tablets, micros, celulares) são usadas em nosso cotidiano por quase todo mundo. No entanto, pouquíssimas são as pessoas que conseguem potencializar essas ferramentas para criações de novas linguagens e conceitos. Com um celular na mão, nem o céu é o limite.
Mas depois de muito papo cabeça pra lá da Califórnia, e antes de partir para sua ilha de edição no Projac, Giuliano Chiaradi, que começou seu papo pedindo que todos ligassem seus celulares, deu uma de maestro e regeu a platéia num coral de luzes e chamadas. Foi a coisa mais esquisita que já vi num palco, mas também a mais pós-moderna. Um cyberneticoro.
Luis Turiba, poeta e jornalista
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