terça-feira, 4 de maio de 2010

POEMA PARA A LÍNGUA À BRASILEIRA

Língua à brasileira

 

Luis Turiba

 

 

Ó órgão vernacular alongado

Hábil áspero ponteado

Móvel Nobel ágil tátil

Amálgama lusa malvada

Desgusta deglute deflora

Mas qual flora antropofágica

Salva a pátria mal amada

 

Língua-de-trapo Língua solta

Língua ferina Língua douta

Língua cheia de saliva

Sarava Língua-de-fogo e fósforo

Viva & declinativa

Língua fônica e apócrifa

Lusófona & arcaica

Crioula iorubaica

 

Língua-de-sogra Língua provecta

Língua morta & ressurecta

Língua tonal viperina

Palmo de neolatina

Poema em linha reta

Lusíadas no fim do túnel

Caetano não fica mudo

Nem "Seo" Manuel lá da esquina

 

Por ti Guesa Errante, afro-gueixa

O mar se abre o sol se deita

Por Mários de Sagarana

Por magos de Saramago

Viva os lábios!

Viva os livros!

 Dos Rosas Campos & Netos

Os léxicos, Andrades, os êxtases

Toda a síntese da sintaxe

Dos erros milionários

Desses malandros otários

Descartáveis, de gorjetas.

 

Língua afiada a Machado

Afinal, cabeça afeita

Desafinada índia-preta

Por cruzas mil linguageiras

A coisa mais Língua que existe

É o beijo da impureza

Desta Língua que adeja

Toda a brisa brasileira

Por mim

             Tupi,

                      Por tu Guesa

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