Por Luis Turiba
Acabei de passar quatro dias no Rio de Janeiro antes da guerra urbana traficas X população ganhar contornos desumanos e terroristas.
Fomos trabalhar, fazer umas filmagens para um clipe do cantor e compositor Cacá Pereira em homenagem ao centenário do Noel Rosa, que acontecerá dia 11 de dezembro.
Foi tudo show de bola, sem nenhum tipo de transtorno, tumulto ou violência. Choveu, mas até o Flamengo venceu no Engenhão e fugiu da segundona.
Éramos uma equipe de cinco pessoas. Demos duro o dia inteiro na Avenida 28 de Setembro, antiga "Boulevard" de Vila Isabel. Filmamos na estátua de Noel e depois em cima das notas musicais dos seus sambas espalhadas pela histórica avenida do bairro.
Almoçamos na Feira de São Cristovão, visitamos a Lapa, praias de Copacabana, Ipanema, Leblon e, no sábado, samba madrugada adentro na sede da Mangueira, no morro que leva o mesmo nome. Tudo na mais santa paz de São Sebastião com a proteção de São Jorge.
De repente, atos terroristas atingem em cheio à população, queimando carros e ônibus, criando pânico entre os cariocas que amedrontados, começam a perder aquilo que têm de melhor: a espontaneidade, a alegria de viver na mais linda cidade do mundo.
Agora, é de se perguntar: será que isso já não era previsto depois da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora as UPPs?
Será que a polícia do Rio é realmente igualzinha àquela corrupta que assistimos em “Tropa de Elite 2” e o secretário Beltrame, uma espécie de “coronel Nascimento” que não consegue evitar que a guerra atinja à população civil?
E agora, por último: será que o povo carioca não será capaz de se levantar em protesto contra essa situação absurdamente bélica e surreal que pode atingir a qualquer um de nós, cidadãs e cidadãos trabalhadores e lutadores que temos que sair de casa para ganhar o pão nosso de cada dia?
Sim, não basta só polícia nas ruas nem políticos bem intencionados. O buraco agora é mais em cima. É “nóis” na parada.
O carioca precisa com urgência acordar e reinventar o Rio de Janeiro antes que seja tarde. Cada um de nós, moradores dessa cidade tão querida, cantada e amada no mundo inteiro, temos daqui por diante um papel imprescindível a desempenhar nessa reinvenção.
De imediato, escrevo esse artigo. Mas é pouco! Preciso editá-lo na blogosfera e espalhá-lo por aí para que mais e mais cariocas do Rio ou de qualquer parte desse mundo também pensem nisso e reajam.
Diga da sua maneira o seu basta à barbárie. Grite que chega! Que assim não dá, isso não é vida! Chega de violência gratuita! Pendure um lençol branco na sua janela, uma fita branca no carro. Dê você também uma chance à paz. Faça uma passeata de mil pessoas no Cristo Redentor. Ocupe a praia de Copacabana. Grite com a gente!
Carioca, não passe recibo ao terrorismo e à barbárie. O mundo precisa ouvir a voz do cidadão dessa cidade. Leve seu apito à Ipanema, dê um abraço no Maracanã, ocupe a Avenida Rio Branco com rosas brancas, suba às escadas da igreja da Penha com uma vela acessa. Não cruze os braços, dê às caras!
Afinal, carioca, qual é a sua? Vamos deixar incendiar o Rio de Janeiro como fizeram com Roma?
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9 comentários:
Moro no RJ e concordo com os comentários bem colocados do nosso amigo Jornalista e Poeta Luis Turibo.
Agora não é hora de julgarmos e culparmos as autoridades, mas sim de arregaçarmos as mangas e lutarmos todos juntos, pelo RJ.
Deixar de sair de casa nada vai adiantar, temos que manter a calma.
Vamos mostrar que o RJ é nosso e não da Bandidagem...
Afinal não estamos em Roma!!!
MEL SAMPAIO...
é isso mesmo Turiiba, estou com você e com o Jabor...deu sim pra trabalhar normalmente hoje junto aos clientes da cidade e da Gavea; e amanhã, vou acordar com um lençol branco na janela enquanto a Passeata pela PAZ vai se organizando por Copacabana... com certeza é preciso oferecer urgentemente formações viàveis, ràpidas assim como projetos profissionais para os que so sabem ganhar grana com o trafico, vamos tbém contribuir para acabar com essa miséria...
Abraço apertado
Domi
ESPETACULAR!!!
Estou repassando de imediato. Querida ir te ver na BN hoje e aos demais amigos, mas estou debaixo de uma gripe com febre que há uns 10 anos não tinhas igual...rs..sério, baixa iimunidade depois de todos os entreveros do nosso Simposio, que no final saiu muito bom, pela avaliaçaõ de todos. O custo foi um pouquinho da saúde de sua amiga aqui. Mas passa...
Beijos ao meu amigo carioca, valente e apaixonado pela cidade maravilhosa - mais que todos.
Sylvia
Turiba como voce disse voce passou 04 dias aqui trabalhando na paz, isto ta acontecendo e nos nao podemos virar refem desses bandidos nem do medo nos devemos sim, continuar com nossa rotina e nao nos intimidar e cobrar das sevcretarias de segurancas maior rigor e exercito na rua . EDUCACAO em primeiro lugar porque ela e a saida.Carioca e confiante !!!
Dorina
Enviado do meu BlackBerry® da Oi.
Grande Turiba! Estou espalhando.
Abração
Xico Chaves
Anja
Vamos colocar os pingos nos is. Esse "salve geral" que rola no Rio tem a mesma origem do que aconteceu em São Paulo. Transferência de vários chefões do tráfico para penitenciárias de segurança máxima em outro estado (Paraná, no caso). E em São Paulo foi muito mais bem articulado, tanto que as "ôtoridades" voltaram atrás.
E essa "guerra" urbana, como sempre, atinge as áreas mais pobres da cidade. O trânsito ontem na zona sul estava um caos, muito mais pelo pânico do que por alguma coisa mais concreta nas áreas turísticas. Culpa da imprensa, que adora dar dimensões apocalípticas ao que está acontecendo. Na verdade, pouco a mais (fora os incêndios em carros nas áreas pobres e carentes-com menos policiamento) do que o que rola diariamente nas "comunidades".
Erro de avaliação do Turiba. A implantação das UPPs ainda não atingiu nem 30% das favelas (ops, comunidades). Ainda existem muitos "territórios" ocupados onde os traficantes se escondem e mandam.
O pau vai quebrar mesmo quando começar a implantação da UPP no Complexo do Alemão. Ali se concentrou o maior poder de fogo dos traficantes. Apareceram cenas na TV de muitos traficantes chegando de moto ao Alemão, fuzis em punho. E ali, área pobre e carente, é onde o pau quebrou com mais intensidade nesses dias. Inclusive o Bope está lá. Mas a implantação da UPP ali ainda está em fase de estudo. Segundo as "ôtoridades" vai ser um processo de retomada de território muito mais difícil, de forma a não provocar baixas na população civil.
Eu, como carioca residente, já me acostumei. Vivo entrando em uma favela quase tão perigosa quanto o Complexo do Alemão, a Maré (tb. ainda sem UPP), mas já com o PAC, onde mora um marceneiro que trabalha no estaleiro e faz serviços para mim. Outro dia estava estacionado dentro da favela e passaram duas motos com caras armados de fuzil. Nem te ligo...
Enquanto isso vou vivendo minha cidade com tranquilidade, na minha ilha mais do que segura e na minha casa na serra. Outro dia me roubaram uma muda de jaboticabeira. Coisa horrível...
Bem, o Rio é o Brasil profundo, belo e violento, mais exposto. E não vai ser com lencinhos brancos que a gente vai consertar essa situação.
Bj. Kk
Olá Turiba, concordo com o que você escreveu. É uma situação complicada. O Rio de Janeiro merece a paz, e com fé em Deus isso irá acontecer. Só Deus pode nos salvar, vamos orar.
-Felipe
Turiba, tudo muito bonitinho, mas parece que teremos que quebrar muitos ovos para fazer este omelete.
Quanto a subir a igreja da Penha com uma vela, prefiro subir com um colete a prova de balas.
Josias
O tráfico movimenta milhões e qdo é acuado parte para a guerra contra a polícia, pouco se lixando prá população civil. Um basta na violência e nessa guerra covarde passa pelo consumo e é nisso que a população que não consome tem que gritar e reagir. Essa guerra não vai ter fim enqto houver um consumo alto de drogas que financia a violência do tráfico, isso tá mais do que provado. A política de enfrentamento, junto com políticas sociais, é justa, pq os governos anteriores eram complacentes com os chefões do tráfico que dominavam a cidade (lembram-se do terror que o tráfico impunha ordenando fechamento de lojas, escolas e interferindo violentamente no cotidiano da cidade? Eu me mudei do Rio pq não compactuava com isso. Os governos anteriores compactuavam.) Mas só o enfrentamento e as UPPs não vão resolver o problema se não diminuir o consumo ou se não legalizarem as drogas.
Jane Alencar, jornalista
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