terça-feira, 13 de abril de 2010

"MESMA MINEIRA EM BRASÍLIA", um poema de João Cabral para a capital

 

MESMA MINEIRA EM BRASÍLIA

 

No cimento duro, de aço e de cimento,

Brasília enxertou-se, e guarda vivo,

esse poroso quase carnal da alvenaria

da casa de fazenda do Brasil antigo.

Com os palácios daqui (casas-grandes)

por isso a presença dela assim combina:

dela, que guarda no corpo o receptivo

e o absorvimento de alpendre de Minas.

 

*

 

Aqui, as horizontais descampinadas

farão o que os alpendres remansos,

alargando espaçoso o tempo do homem

de tempo atravancado e sem quandos.

Mas ela já veio com a calma que virá

ao homem daqui, hoje ainda apurado:

em seu tempo amplo de tempo, de Minas,

onde os alpendres espaçosos, de largo.


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