segunda-feira, 31 de maio de 2010
ISRAEL, LIBERTE A BRASILEIRA
FERREIRA GULAR GANHA PRÊMIO CAMÕES DE 2010
Prêmio, no valor de 100 mil euros, foi criado por Brasil e Portugal em 1989.
Gullar, que faz 80 anos em 2010, também escreve crítica de arte e teatro.
Do G1 RJ
O poeta Ferreira Gullar foi o vencedor do Prêmio Camões da edição 2010, a maior honraria das letras lusófonas. O prêmio, no valor de 100 mil euros, foi criado em conjunto por Brasil e Portugal em 1989, e homenageia um escritor a cada ano por sua obra.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (31), em Lisboa, Portugal, pela ministra da Cultura daquele país, Gabriela Canavilhas.
Além de poeta, Gullar, que faz 80 anos em setembro, também é conhecido pela crítica de arte e dramaturgia. Ele ainda escreveu ensaios, crônicas, memórias e até ficções curtas. Sua obra "Poema sujo", escrito no exílio em 1975 e publicado apenas em 1976, mistura lembranças da sua infância no Maranhão com questões políticas.
Em 2007, foi vencedor do Prêmio Jabuti. É também ganhador, pelo conjunto de sua obra, do Prêmio Machado de Assis, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras.
No ano passado, Arménio Vieira, poeta de Cabo Verde, tinha levado o prêmio. Em 2008, tinha sido a vez do brasileiro João Ubaldo Ribeiro e, em 2007, do português Lobo Antunes.
Os brasileiros Lygia Fagundes Telles (2005), Rubem Fonseca (2003), Autran Dourado (2000), António Cândido de Mello e Sousa (1998), Jorge Amado (1995), Rachel de Queiroz (1993) e João Cabral de Melo Neto (1990) já tinham levado o prêmio também.
O júri deste ano era constituído por Helena Buescu (professora da Universidade de Lisboa), José Carlos Seabra Pereira (professor da Universidade de Coimbra), Inocência Mata (escritora santomense), Luís Carlos Patraquim (escritor moçambicano), António Carlos Secchin (escritor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Edla van Steen (a escritora brasileira).
INDECIFRÁVEL, poema inédito de Luis Turiba
Indecifrável
Luis Turiba
tô canto no meu quieto
santo milagre faz casa
qualquer grito a gente coisa
não consegui ler por medo
nem consegui decifrá-lo
o que está escrito em raro
vou revelá-lo aos detalhes
custo a crer no que curvá-lo
nos mínimos minimórius
crustáceos traços cavalos
provocativo hieroglifo
nitroglicerina inflável
fogo cruzado no fígado
domingo, 30 de maio de 2010
TURBANTES DE DURBAN, fragmento
sexta-feira, 28 de maio de 2010
ZÉLIA DUNCAN LEVA 10 MIL PESSOAS A 312 NORTE
quarta-feira, 26 de maio de 2010
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
MANUEL BANDEIRA
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90
Manuel Bandeira: sua vida e sua obra estão em "Biografias".
HOMENAGEADO NA FLIP, BANDEIRA AINDA MOSTRA PODEROSA INFLUÊNCIA SOBRE A NOVA GERAÇÃOE POETAS
REPRODUZIDO DO BLOG DE RUBENS JARDIM -
http://www.rubensjardim.com/blog.php?idb=22913
Meus caros:
Mais de 40 anos depois de sua morte, o poeta pernambucano Manuel Bandeira ainda é pedra de toque para a nova poesia brasileira. Com seu estilo simples e direto, o autor, que "soube estar, a um só tempo, dentro e fora do modernismo", como diz Eucanaã Ferraz, ensina que poesia não é feita só de "rendinhas, sabiás, corações engalanados" – palavras de Angélica Freitas. E, por isso mesmo, tem-se mantido como guia, uma espécie de "estrela da vida inteira", como cita e ao mesmo tempo nomeia Heitor Ferraz, para toda a lírica que se quer agora.
abraço fraterno
Rubens
Eis a íntegra do valioso artigo sobre Manuel Bandeira
ADESÃO E FUGA À REALIDADE, APEGO AO COTIDIANO E À ETERNIDADE. EIS AÍ O POETA MANUEL BANDEIRA COM SUA PRESENÇA TERNA E ETERNA
Manuel Bandeira foi o primeiro poeta encarnado que eu conheci --e não foi pessoalmente. Explico: todos os outros poetas de minha predileção adolescente já estavam mortos. Eram os românticos Alvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varela. Os inconfidentes Claudio Manuel da Costa e Thomaz Antonio Gonzaga. O parnasiano Olavo Bilac. E até o originalíssimo e inclassificável Augusto dos Anjos.
Mas Manuel Bandeira, embora tivesse registrado este verso notável --bendita a morte fim de todos os milagres -- fugia a todas regras e classificações do meu imaginário. Primeiro porque estava vivo-- ali mesmo-- na cidade maravilhosa. Sofria as contingências do tempo, morava em um Beco na Lapa --e tinha um quarto que iria ficar "intacto, suspenso no ar". E isso me atraía de forma quase que sequestradora. Aliás, sua figura frágil, extremamente simpática e humilde, funcionava como um combustível a mais em minha admiração.
Tudo isso sem falar dos versos diretos e contundentes que mexiam com a minha alma. Eu também queria ir embora pra Pasárgada, e achava--junto com o poeta -- que a unica solução para os meus dramas, reais e imaginários, era dançar um tango argentino.
Um sem número de seus versos ressoavam, sempre pungentes e verdadeiros, em múltiplos momentos daquela fase inicial da minha vida : "a vida inteira que poderia ter sido e que não foi", "eu quero o lirismo difícil e pungente dos bêbados", "eu faço versos como quem morre","a paixão dos suicidas que se matam sem explicação", "Recife sem história nem literatura, Recife da minha infância"",
Nunca deixei de amar as criações do poeta Manuel Bandeira--e também amei a criatura. Ou a imagem dessa criatura--já que não tive o privilégio da convivência e da amizade. E sei que não estou sozinho nisso, pois como disse Otto Maria Carpeaux, ele deixou versos inesquecíveis gravados na memória da nação brasileira.
Outro poeta, articulador da Semana, crítico arguto e incansável batalhador da cultura brasileira, Mário de Andrade atribuiu-lhe o epíteto de São João Batista do Modernismo. E segundo Sergio Buarque de Hollanda foi Manuel Bandeira o primeiro a utilizar o verso livre entre nós. Aliás, é importante relembrar o alvoroço causado pelo seu poema Os Sapos, uma espécie de hino nacional dos modernistas.
Mas deixando essas questões de lado, quero destacar a insidiosa presença do poeta Manuel Bandeira na efervescente vida cultural brasileira dos anos 60.
Ressaltemos que, naquela época, a sociedade inteira estava passando por transformações profundas. O russo Gagárin dizia que a terra era azul, a capital do Brasil foi transferida do Rio para Brasília, Kennedy foi assassinado, Janio renunciou, o Muro de Berlim foi construído em 1961, os Beatles explodiram nas paradas de sucesso e o golpe militar de 64 arrancou João Goulart da presidência.
Afora isso, missaias, jeans e roupas coloridas alteravam o comportamento e o layout da juventude. Todos buscavam liberdade sexual e de expressão. Mas quem não era hippie, não ficava de braços cruzados e se alinhava aos movimentos estudantis de protesto
Pois bem: no meio conturbado de tudo isso, a voz de um dos poetas mais admirados e inspirados do Brasil continuava presente, com seu estilo sóbrio, direto e aparentemente simples. Nunca se falou em voz tão baixa na poesia brasileira, nunca entre nós poetas nenhum contou nessa voz misticamente grave, a que entretanto não falta aguda vibração emotiva. Assim se referiu Gilberto Freire ao poeta Manuel Bandeira.
Mas ele mesmo, Bandeira, considerava-se um poeta menor. Conforme está escrito em Itinerário de Pasárgada tomei consciência de que era um poeta menor; que me estaria para sempre fechado o mundo das grandes abstrações generosas; que não havia em mim aquela espécie de cadinho onde, pelo calor do sentimento, as emoções morais se transmudam em emoções estéticas: o metal precioso eu teria que sacá-lo a duras penas, ou melhor, a duras esperas, do pobre minério das minhas pequenas dores e ainda menores alegrias.
"Bandeira chega a elogiar e exaltar as coisas mais desprezíveis, os bichos mais abandonados, os objetos que não teriam destaque nem mesmo na casa dos dois mil réis. Há uma absoluta ausência de banhas nessa poesia esquemática e ascética: entendo que o poeta Manuel Bandeira, por esta ou aquela razão – aceito também a de ordem fisiológica – exerce na sua vida e na sua arte um método de despojamento, de desenfartamento que o afasta do espírito capitalista".
Esta última observação é do poeta Murilo Mendes. E eu assino embaixo.
HOMENAGEADO NA FLIP, BANDEIRA AINDA MOSTRA SUA PODEROSA INFLUÊNCIA SOBRE A NOVA GERAÇÃO DE POETAS
Mais de 40 anos depois de sua morte, o poeta pernambucano Manuel Bandeira ainda é pedra de toque para a nova poesia brasileira. Com seu estilo simples e direto, o autor, que "soube estar, a um só tempo, dentro e fora do modernismo", como diz Eucanaã Ferraz, ensina que poesia não é feita só de "rendinhas, sabiás, corações engalanados" – palavras de Angélica Freitas. E, por isso mesmo, tem-se mantido como guia, uma espécie de "estrela da vida inteira", como cita e ao mesmo tempo nomeia Heitor Ferraz, para toda a lírica que se quer agora.
Republico aqui trechos das intervenções desses três poetas na Festa Literária Internacional de Paraty, do ano passado.
Alguém já disse que há dois tipos de poetas: os que admiramos e os que amamos. Amo e admiro Manuel Bandeira.Mas acho curioso que Bandeira sempre me pareça um autor que está em todos os "lugares". Poderia resumir dizendo que procuro mostrar o quanto os versos de Bandeira são complexos estética e existencialmente e o quanto a sua obra – ao contrário do que se pode pensar – é exigente e se entrega aos poucos.
Gosto de pensar que escrevo poesia, em grande medida, por causa desse poeta, que escrevo para poder, algum dia, me aproximar dele, tomando-o como mestre seguro. Isso é querer muito, eu sei. Eucanaã Ferraz
Eu tinha uns 10 anos quando li Manuel Bandeira pela primeira vez. Foi no colégio. A professora de português nos trouxe este poema:
"Vi ontem um bicho/ Na imundície do pátio/ Catando comida entre os detritos.// Quando achava alguma coisa,/ Não examinava nem cheirava;/ Engolia com voracidade.// O bicho não era um cão,/ Não era um gato,/ Não era um rato.//O Bicho, meu Deus, era um homem."
Foi o primeiro poema sem firulas que li na minha vida. Me nocauteou. Não havia nada ali só para embelezar. Desde pequenos, todos associávamos poesia a rendinhas, sabiás, corações engalanados. Mas esse Bandeira era diferente. Ele me fez imaginar o bicho homem no pátio de casa.
Desde então, volto sempre. E faço um serviço de utilidade pública: leio poemas do Bandeira para amigos, especialmente os de Libertinagem e Estrela da manhã, meus livros favoritos.
Minha vida me fez uma pessoa arredia a interpretações. Sou uma pessoa que cria. Deste lugar, posso dizer que é uma sorte ler a poesia do Manuel Bandeira.Angélica Freitas
Na adolescência, quando comecei a me interessar por poesia, eu lia os poetas procurando respostas imediatas. Procurava aquele poema que me dissesse algo, que me ajudasse diante de algum impasse, alguma dor indeterminada. Posso dizer que Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade foram bons companheiros nessas horas.
E não me canso de dizer que Itinerário é um das obras mais bonitas da literatura brasileira. Muito do que aprendi de poesia veio desse livro, escrito numa prosa rara, envolvente, que guarda o tom de suas crônicas, mas num registro mais amplo e de maior fôlego.
Ainda bem que depois encontrei uma edição da Aguilar, de 1974, e que até hoje me acompanha.Minha ediçãozinha verde desbeiçada da Aguilar seguirá sempre comigo – até à hora da morte.Heitor Ferraz
Publicado por Rubens Jardim em 26/05/2010 às 10h48
terça-feira, 25 de maio de 2010
UMA OBRA-PRIMA DE NOEL ROSA
De me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um gardanapo
E um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita
Com muito cuidado
Que eu não estou disposto
A ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Não me levanto e nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
E um cigarro pra espantar mosquito
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste uma revista
Um cinzeiro e um isqueiro
De me trazer depressa (...)
Para três quatro quatro três três três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda chuva
Aqui pro nosso escritório
De me trazer depressa (...)
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente
De me trazer depressa (...)
A VOLTA, DE ROBERTO CARLOS
Estou guardando
O que há de bom em mim
Para lhe dar
Quando você chegar
Toda ternura
E todo meu amor
Estou guardando
para lhe dar...
E toda vez
Que você me beijar
A minha vida
Quero lhe entregar
Em cada beijo
Certo ficarei
Que você não
Vai me deixar...
Grande demais
Foi sempre o nosso amor
Mas o destino
Quis nos separar
E agora que está perto
O dia de você chegar
O que há de bom
Vou lhe entregar...
Só vejo a hora
De você chegar
Para todo o meu amor
Poder mostrar
Mas quando eu
De perto te olhar
Não sei se vou
Poder falar...
Grande demais
Foi sempre o nosso amor
Mas o destino
Quis nos separar
E agora que está perto
O dia de você chegar
O que há de bom
Vou lhe entregar...
Só vejo a hora
De você chegar
Prá todo o meu amor
Poder mostrar
Mas quando eu
De perto te olhar
Não sei se vou
Poder falar...
domingo, 23 de maio de 2010
TRÊS POEMAS BRASILEIROS
quinta-feira, 20 de maio de 2010
SAIU VENCEDORES DO CONCURSO POÉTICO "BRASÍLIA: 50 ANOS"
São eles: 1º lugar - "Ode à Brasília", do mineiro Éder Rodrigues; "Lívido Concreto" de Paulo Henrique Costa Longuinho, de Brasília; e "Candanga", de Paulo José Cunha, também de Brasília.
Os prêmios serão entregues no dia 16 de junho, às 19h30, na sede da Associação Nacional de Escritores (Ane), na 905 Sul.
Ode à Brasília
"Era um rabisco e pulsava"
Carlos Drummond de Andrade
Era só um rabisco no ermo que atordoa os poetas
Um sopro ponteando o nada
aos mais concreto do lugar nenhum.
Um verso solto que de tão plano,
devia só ter a altura de um horizonte embaçado.
Desses que só os olhos desertos de utopia
são capazes de umedecer.
Pura cicatriz em nanquim, regada a lápis de cor.
Depois vieram os retoques, as curvas
arquitetadas com inspiração dos céus.
Esperamos os quase mil dias de tua gestação
para te ver nascer poesia concreta,
além dos números, suspensa,
na alvorada que toca deus e o chão.
Abençoada pelas mãos de Drummond
Estampada nos vãos, na urbana legião de amores,
ideologias, praças e poderes.
"Teus endereços sem alma"
fingem a igualdade que só se conhece
com o sabor do humano que te inventa.
Mimeografei o futuro na geração
que poemou farinha com iogurte.
Aprendi teus sotaques e o candango
jeito de provebiar-te simples como o povo.
Só para cantar teu contorno nave
Só para abençoar teu corpo pássaro
que agora prepara as asas para o grande vôo
que pressente a história.
UM POUCO DE LEMINSKI NÃO FAZ MAL A NINGUÉM
poema da noite - Extraído do blogdonoblat
Amor bastante - Paulo Leminski
quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
Paulo Leminski Filho (Curitiba, 24 de agosto de 1944 - Curitiba, 7 de junho de 1989) - Além de poeta, foi escritor, tradutor e professor. Foi também um grande biógrafo, tendo escrito as biografias de nomes como Cruz e Sousa, Edgar Allan Poe e Trotski. Leminski também escreveu letras de música em parcerias com Caetano Veloso e o grupo A Cor do Som. O poeta era faixa preta de Judô.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
SÓ DÁ NIEMEYER
DOCUMENTÁRIO INÉDITO SOBRE OS "ROLLING STONES"
"Stones in exile' foi exibido em Cannes na presença de Mick Jagger. Filme inclui cenas de 'Cocksucker blues', registro não-autorizado pelo grupo.
Diego Assis Do G1, em Cannes
Dirigido por Stephen Kijak sob encomenda do próprio Jagger, o filme foca o período das gravações do álbum "Exile in Main St.", mítico álbum duplo da banda lançado em maio de 1972, período em que os Stones se submeterem a um exílio forçado por estarem devendo mais em impostos no Reino Unido do que tinham em dinheiro para pagar.
Enquanto Jagger mudou-se para Paris e casou-se com Bianca, Richard alugou uma mansão paradisíaca no sul da França e o local acabou servindo de estúdio para gravação de boa parte do álbum.
"Nós éramos jovens, bonitos e estúpidos. Agora somos só estúpidos", brincou Jagger antes do início da exibição,lembrando do início da década de 1970. "Nixon estava na casa Branca, a Guerra do Vietnã acontecia, e nós não sabíamos nada disso porque estávamos trancados naquela casa fazendo esse disco."
Com apenas 61 minutos de duração e estreia marcada para 10 junho deste ano na TV francesa, "Stones in exile" é composto de três fontes principais: entrevistas com os músicos e amigos da banda hoje, fotos de arquivo e, mais interessante, sobras de imagens de um documentário jamais lançado oficialmente chamado "Cocksucker blues", de Robert Frank.
Em 1972, Frank foi autorizado a acompanhar a turnê da banda e espalhar câmeras por toda a parte, deixando que qualquer um fizesse gravações. Como em "Gimme shelter", de Albert e David Maysles, a proposta era capturar os momentos mais à vontade da banda.
O problema é que os registros acabaram comprometedores demais e a banda proibiu na Justiça o lançamento da versão final de "Cockscuker blues". Desde então, apenas sessões esporádicas - sempre na presença do diretor - e cópias piratas do filme foram realizadas.
"Quando fomos convidados a fazer o filme, nós tivemos acesso a esse quarto secreto em Londres repleto de raridades. Parecia aquela cena do 'Caçadores da arca perdida', mas tudo era dos Rolling Stones, desde os primórdios da banda", contou Kijak após a exibição de "Stones exile" em Cannes. "Tinha 30 ou 40 caixas de rolos de filme só com as sobras do 'Cocksucker blues'. Foi como encontrar ouro brilhando nas estantes."
Para preencher os buracos e tentar reconstruir aqueles dias de gravação, o diretor reproduz negativos e páginas de contato do fotógrafo francês Dominique Tarlé, que passou seis meses hospedado de favor na casa de Richards. "Ele me dizia para concentrar nas fotos e na música, que ele cuidaria de todo o resto," lembra o fotógrafo em depoimento no filme.
Além, das imagens de Tarlé, completam a parte visual do documentário fotos inéditas de Jim Marshall, feitas no Sunset Sound, em Los Angeles, onde a banda teve de se "exilar" novamente nas últimas semanas de gravação do álbum porque os relatos de consumo de drogas na mansão de Richards haviam colocado os Stones na mira da polícia francesa.
Diferente dos filmes dos irmãos Maysles ou do espetáculo em alta-definição de Shine a light", de Scorsese, no entanto, as imagens de "Exile" são mais fragmentadas, como uma colagem, e devem interessar mais aos fãs ávidos por qualquer pedaço de informação inédita da banda.
Talvez por conta da supervisão rigorosa de Mick Jagger, dos depoimentos chapa-branca ou mesmo da memória um tanto apagada dos integrantes do grupo, "Stones in exile" não traz grandes revelações sobre o que realmente aconteceu naquelas semanas.
Quem quiser saber mais terá de continuar recorrendo ao proibidão "Cocksucker blues" ou, quem sabe, conseguir as chaves para o misterioso quartinho da banda em Londres.
POETAS DO CERRADO
No Cerrado há poetas de todas maneiras
Poetas de Tribo, poetas Radicais,
Poetas sem eira e poetas do Beira
Esse Grande Barco fez daqui um cais
Era um tal de Oipoema e tchau poema
Que a rima não sabia se ficava ou se ia
E os poetas logo resolveram o problema
Não importa a forma. Fez sentir? É poesia
A poesia não morreu, está muito Vivoverso
Pois nosso Coletivo de Poetas nunca erra o tom
Seja na Barca ou no Lago Paranoá submerso
Ou até mesmo no projeto Sarau Sanitário.com
segunda-feira, 17 de maio de 2010
A REVOLUÇÃO CULTURAL DA PERIFERIA
A continuação da Revolução Cultural Tropicalista
"Começou a circular o Expresso 2222
Que parte diretor de Bonsucesso pra depois"
A alegria é a prova dos nove
Mu mulher, tu tu mimi fifi zeste um escravo....
Chegou a hora desse gente bronzeada mostrar seu valor
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato insoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O mar quando quebra na praia: Viva a Vaia! Viva a Vaia!
Gil é grill
Gil no Ministério da Cultura é
O homem certo na hora do circo
Uma dádiva de Padim Padre Cícero
O poder da música no poder do risco
Uma onda azul num mar de arco-íris
Mais do que possível, é o magnífico
Mais do que previsto, é o impossível
Mais do que as verbas, os versos vivos
Mais do que o PV, o prazer no poder
Mais do que o prazer, é o por fazer
O fim da cena e o início da cena acessa
O fim do círculo e o começo da antena
A parabólica lep-top do poeta da raça
Uma banda dada dentro da banda larga
Não representa partidos, mas é inteiro
É o planetário global bem brasileiro
O fim do mito que o artista não administra
Mais que o sonho é o sim da senha
Para o povo fazer sua revolução cultural
Vivíssima em cada lágrima, em cada riso, em cada benção
Gil foi a utopia que esperávamos do presidente torneiro-mecânico
Um rasta sem mistério no comando do Ministério
Salve Luiz Gonzaga! Gordurinha! Geraldo Pereira! Noel Rosa!
Salve Valdir Azevedo! Pixinguinha! Clementina de Jesus!
Filhos de Gandhy e Estação Primeira da Mangueira!
Vamos lá, Gil, vá chorar e cantar com o presidente Lula
Vamos lá, Gil, poeta-maestro, diga um afiado "fico" e vá vivendo
Fique pra comandar a revolução cultural tropicalista que o AI-5 abortou
Fique pois prum filho de Legun-Edé "tudo tudo vai dá pé"
Fique e mostre por mundo como se dança um baião
No sítio do Picapau Verde & Amarelo
Fique pro Cartola e Bob Marley, por Irmã Dulce e Mãe Menininha
Fique por Caetano, Gal, Betânia, Torquato, Nara e Afonsinho
Pelos maestros Rogério Duprat, Júlio Medaglia, Rogério Duarte, Tom Zé, Capinam, José Agripino de Paula, Jorge Mautner, Zé Celso Martinez, Glauber Rocha, Roberto Pinho, Dominguinhos, Jorge Benjor, Milton e os Concretistas, Rita Lee, os Mutantes são demais!!!!!
Fique pela Geléia Geral Brasileira
Pelo hip-hop e as canções gospel
Fique como voz vez e viés da grande reparação cultural
Dos 500 anos de escravidão de índios, negros, pobres & favelados
Fique, mas não pare de cantar
Suba neste talco sua alma cheira a palco como bebê de bumbum
Bem-vindo à Brasília, ministro Doce Bárbaro
O Fogo Cerrado te aguarda
Baiano planetário portelense
Bat Macumba Iê Iê
Bat Macumba Obâ Babá
Ministério sempre há de pintar por aí
Mas cultura? Ah...e a civilização, ah...
Elas que se danem. Ou não?
Fazer um gol nessa partida não é fácil, meu irmão
... Aquele abraço...
sexta-feira, 14 de maio de 2010
ARTIGO EXPLICA PORQUE DUNGA NÃO CONVOCOU NILMAR
Artigo do escritor Lourenço Cazarré
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O CASMURRO SENHOR BLEDORN VERRI
Mesmo sem o auxílio de uma pesquisa, me arrisco a dizer que a esmagadora maioria dos torcedores brasileiros não ficou contente com a convocação de Dunga. Nenhuma novidade: desde que me dou por gente, sempre escutei o rugido das multidões descontentes. Com exceção da época em que o comandante era Telê Santana, é claro. O povo amava o grande Telê e suas seleções de jogo bonito, que perderam duas copas.
Mas nem o ódio permanente da massa contra o selecionador nem a polêmica convocação serão examinados aqui. O que proponho é tentarmos entender como funciona a mente do nosso atual treinador. Tenho uma hipótese meio estrambótica. Vamos a ela.
Para explicar as convocações de vários jogadores que os torcedores consideram cabeças de bagre e para justificar a ausência de uns poucos craques mirins, Dunga usou basicamente duas palavras: comprometimento e coerência.
Acho que chegou até mesmo a usar uma palavra que provoca tremuras em brasileiros bem pensantes — obediência. Poderia, claro, ter recorrido à "disciplina", que é a versão correta politicamente, mas que também não goza de unanimidade em terras próximas à linha do Equador.
Para entender Dunga, acho, temos que começar o exame pelos seus dois sobrenomes: Bledorn Verri, de origem alemã e italiana. Ele é descendente em terceira ou quarta geração das duas grandes correntes migratórias europeias que vieram para o Rio Grande do Sul no século 19. Os alemães chegaram primeiro (em 1824), os italianos, bem depois (1875).
O fracionamento das propriedades, decorrente da divisão das heranças, logo expulsou do Estado os filhos desses pioneiros. Eles então partiram para Santa Catarina (a partir dos anos 20), Paraná (anos 40 e 50), Mato Grosso e Rondônia (anos 70).
Ao se deslocarem para outros Estados, esses gaúchos expatriados se moviam sempre em grupos, com familiares ou vizinhos, às vezes sob o comando de um padre ou pastor. Para dominar a nova terra, todos tinham de trabalhar duro, colocando de lado seus interesses pessoais em função das metas coletivas. Além do trabalho pesado e da coesão comunitária, essa gente era extremamente apegada à ordem: se há uma lei, cumpra-se!
É essa fórmula mágica que Dunga quer implantar na Seleção, porque também ele é um migrante gaúcho.
Carlos Caetano Bledorn Verri saiu do Estado e foi ganhar a vida igualmente no campo. Trabalhou duro. Removeu a terra fofa dos deslumbrantes gramados alemães nos seus inesquecíveis e incontáveis carrinhos. Ganhou muito dinheiro, mas nunca abriu muito a mão, como todo "gringo" desconfiado e cauteloso. Em suma, manteve-se fiel à ética inflexível dos migrantes.
Foi essa voz profunda, foi esse nó que não se desata, foi esse algo que não pode ser descrito, que lhe ditou as justificativas na demorada entrevista coletiva. Não era bem o Dunga que falava ali. Eram centenas de milhares de agricultores gaúchos — descendentes de alemães e italianos, gente raçuda e ríspida — que discursavam para o país tropical, esta carnavalesca e futebolística nação, que os desconhece. Finalmente, depois de mais de século de anonimato, eles se fizeram ouvir através do casmurro selecionador.
Quem não levar em conta as origens profundas do nosso treinador, a sucessão de agricultores rudes e determinados que o antecederam, jamais vai entendê-lo. O certo é que, entendendo-o ou não, gostando dele ou não, teremos de engoli-lo, como dizia um de seus antecessores.
» Lourenço Cazarré, jornalista e escritor, é autor de A Misteriosa Morte de Miguela de Alcazar (Bertrand).
Publicado no caderno de Esportes do Correio Braziliense em 14 de maio de 2010.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
UMA DAS PRIMEIRAS COMPOSIÇÕES DE NÖEL ROSA
De Nöel Rosa
O leão ia casá
Com sua noiva leoa
E São Pedro pra agradá
Preparou uma festa boa
Mandou logo um telegrama
Convidando os bichos macho
Que levasse todas dama
Que existisse cá por baixo
Pois tinha uma bela mesa
E um piano no salão
Findo o baile, por supresa
No banquete do leão
Os bichos todo avisados
Tavam esperando o dia
Tudo tava preparado
Para entrá firme na orgia
E no tar dia marcado
Os bichos tomaram banho
Foram pro céu alinhoa
Tudo em ordem por tamanho
O mosquito entrou na sala
Com um charuto na boca
Percevejo de bengala
E a barata entrou de toca
Zunindo qual uma seta
Veio o pingüim do pólo
E o peixe de bicicleta
Com o tamanduá no colo
O siri chegou atrasado
No bico do passarinho
Pois muito tinha custado
Pra botá seu colarinho
E o gato foi de luva
Para assistir o casório
Jacaré de guarda-chuva
E a cobra de suspensório
O porco de terno branco
Com o sapato sem sola
E o tigre de tamanco
De casaca e decartola
De lacinho a borboleta
Veio o veado galheiro
E o burro de luneta
Montado num carroceiro
O macaco com a macaca
Com o rouge pelo focinho
Estava engraçada a vaca
De porta-seio e corpinho
Vou breviá o discurso
Pra não dizê tantos nome
Lá foi a muié do urso
Da cebeleira à La homme
Quando o leão foi entrado
São Pedro muito se riu
E pros bicho foi gritando
"Caiu, primeiro de abril."
quarta-feira, 12 de maio de 2010
VAMOS COMEMORAR O CENTENÁRIO DE NÖEL ROSA
TARZAN, O FILHO DO ALFAIATE
Samba-choro de 1936, homenagem ao centenário de nascimento do poeta Nöel Rosa, a ser comemorado em dezembro deste ano
Noel Rosa e Vadico
Quem foi que disse que eu era forte?
Nunca pratiquei esporte
Nem conheço futebol
O meu parceiro sempre foi o travesseiro
E eu passo um ano inteiro
Sem ver um raio de sol
A minha força bruta reside
Em um clássico cabide
Já cansado de sofrer
Minha armadura é de casimira dura
Que me dá musculatura
Mas que pesa e faz doer
Eu poso pros fotógrafos
E distribuo autógrafos
A todas as pequenas lá da praia de manhã
Um argentino me disse
Me vendo em Copacabana:
"No hay fuerza sobre-humana
Que detenga este Tarzan"
De lutas não entendo abacate
Pois o meu grande alfaiate
Não faz roupa pra brigar
Sou incapaz de machucar uma formiga
Não há homem que consiga
Nos meus músculos pegar
Cheguei até a ser contratado
Pra subir em um tablado
Pra vencer o campeão
Mas a empresa pra evitar assassinato
Rasgou logo o meu contrato
Quando me viu sem roupão
PEDALA, MOLEQUE, PEDALA
Mas, este é o ponto crucial. Há muito, a seleção não é mais nossa, isto é, não é mais de cada brasileiro que, segundo o adágio, é um técnico em potencial, e, o que é mais grave, não é nem mesmo do testa-de-ferro Dunga. A Seleção é o balcão de negócios da CBF, et pour cause, de Ricardo Teixeira que, fora do âmbito do Clube dos 13, é quem manda soltar e prender. Por isso, a imagem de uma seleção operária, naquele sentido retrô — aquém da revolução de outubro poetizada pelo vertiginoso Sergei Eisenstein —, em que o mais conveniente era reificar o passivo sujeito que sabia tudo de apertar parafusos, calha muito bem antes aos interesses do patrão da CBF do que ao sargentismo sentimental de Dunga no comando da equipe canarinho.
O criticado retranquismo de Dunga serve, para todos os efeitos, de contraparte estóica e verticalizante à administração no mínimo anuviada do mandatário da CBF. Para além dos fossos da CBF, Dunga, estafeta do castelo, encarna, talvez, a imagem-clichê do secretário entre pragmático e ético que pretende mudar o sistema por dentro, levando para as entranhas da instituição seu perfil nervosamente obediente à hierarquia que, mais cedo ou mais tarde, serve à prevaricação. E por outro lado, desvia a nossa atenção crítica de jogadores de botão para aquilo que menos importa, a saber, para a sua coerente teimosia que subsume o esquema de jogo à fidelidade soldadesca de um time cujo coletivo mimetiza o caráter mais esforçado do que brilhante do futebol que ele mesmo cumpria enquanto jogador. Um vencedor a custa de paixão e disciplina.
Todos reclamam que o técnico não chamou os melhores jogadores em atuação no momento. Ficaram de fora, por exemplo, os meninos-celebridades do time santista. Convocando-os, Dunga ratificaria uma tradição mágica de jovens craques, menores de idade (mascotes-talismãs), que em Copas passadas, jogando ou não, acabaram fazendo parte de times vencedores. Pelé e Ronaldo, os modelos sempre lembrados. Ainda pensamos em termos de um futebol de outros carnavais. Mas, Dunga é um personagem dos westerns de John Ford (Maradona também). Como no filme do diretor irlandês, Sangue de heróis, ele é a um só tempo o personagem do Coronel Thursday, interpretado por Henry Fonda, cujas estratégias de batalha suicidas parecem loucura a vista de todos, menos dele mesmo, e também os durões e sentimentais cabos e soldados veteranos que se submetam às suas ordens talibanescas. Um exército de corajosos homens conduzidos para uma batalha memorável onde serão dizimados por índios Apaches. John Wayne, no papel do Capitão York, é acusado de traição por Thursday quando se recusa a cumprir suas ordens insanas. Sempre rente à hierarquia, cortado do grupo, York observa, de longe, o Coronel e seus comandados serem cercados pelos Apaches que formam uma nuvem de poeira onde seus corpos desaparecem.
Após o anuncio dos convocados de Dunga, uns, com humor, já abriram o seu voto: vão torcer pela seleção Argentina. A melancólica maioria, entretanto, diz com resignação que, apesar do casmurro Dunga, vai torcer pelo Brasil. Inclusive porque ele é o técnico, mesmo, e que não tem volta: temos que respeitar suas escolhas.
Afinal, nossa identidade (perdida) de potência futebolística acaba falando mais alto. E mesmo que, desgraçadamente, deparemos um revés, haverá um poeta e seu epigrama dizendo mais ou menos assim: "lembremos, nestas tumbas, os boleiros que em partidas esforçadas/ morreram pela paixão à bola, nesta terra tão rica de peladeiros,/ para que os pernas-de-pau de outras bandas/ não lhes tirassem das frontes o laurel do futebol-arte". Pedala, moleque!
terça-feira, 11 de maio de 2010
UM POEMA INÉDITO DO LIVRO "MEIAOITO"
Quidiabeísso!
Luis Turiba
A lógica dos lógicos já não me interessa
Fugi do ventre-mãe e não deu em nada
O ontem e o hoje só me causam náuseas
Meu tempo está no vento peso q não pesa
Me tomam como louco porque sou oblíquo
Entrei prego na fábrica & sai parafuso
Quem cai por uma causa não cai no ridículo
Meu Deus (ó credo em cruz) mas quidiabeísso
Quisera ter um só pouquinho desse tanto
De que me serve o pulso se não tenho bússola
Andei como sonâmbulo em sete mares santos
Eu sou a luz do brejo e não me sinto a última
Quebrem meus sigilos meus elos meus códigos
Desenho por desenho como seres mórbidos
Jamais descobrirão aonde mora o triste
Não apague a luz interna e intensifique-se
Entre um tédio e outro mando o mundo a
Penso que me prepararam para um paraíso
Enquanto durmo noite enlaço mil conflitos
E se assim não for aposento meu fígado
E entre alforrias e centopéias em órbitas
Crápulas sátiras ratos sapos mentecaptos
Cada macaco no seu cacto – banana mágica
Sou cego e calado e escrevo emputrefático
segunda-feira, 10 de maio de 2010
LUCIO COSTA, O ARQUITETO
LUCIO COSTA – arquiteto
Uma grande exposição dedicada ao criador de Brasília celebra os 50 anos da Capital Federal. Lucio Costa – arquiteto, que será exibida de 13 de maio a 3 de agosto no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, traz um panorama completo da obra do arquiteto brasileiro que ficou conhecido no mundo com o projeto do Plano Piloto.
Com curadoria e projeto da Casa de Lucio Costa e produção da DOISUM Produções, patrocínio do BNDES e Brasiliatur, com o apoio do Minc e do Iphan e Secretaria de Cultura do Distrito Federal, a exposição não vai se limitar apenas ao brilhante traço de Lúcio Costa que deu origem a Brasília.
A idéia é mostrar toda a trajetória profissional do arquiteto, ainda pouco conhecida pelos brasileiros, que, de fato, o habilitou a dar conta de "inventar" – absolutamente sozinho –, a capital brasileira que completa meio século em 2010.
A exposição apresenta os projetos de Lucio Costa em ampliações, fotos e, sobretudo, maquetes,inclusive os que originaram Brasília. O público poderá fazer um passeio por toda a sua carreira, incluindo sua presença em momentos decisivos, no âmbito do seu ofício, a exemplo da reforma do ensino em 1930 com o prédio do Ministério da Educação e Saúde (hoje Palácio Capanema), no Rio de Janeiro, e do Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York. Esses trabalhos revelaram ao mundo a arquitetura moderna brasileira.
Estará presente na mostra sua atuação em outras áreas, como o Patrimônio Histórico, além de aspectos do seu pensamento abrangente, seja sobre arte, ciência ou tecnologia ou política.
Lucio Costa foi, também, um grande humanista e pensador brasileiro, atuante ao longo de todo o século XX. Sempre teve total confiança no Brasil, "um pais precursor, acho que vai ser, dará o seu recado no tempo certo" porque "O Brasil não tem vocação para a mediocridade".
Lucio Costa – arquiteto utilizará recursos audiovisuais e de multimídia, que oferecerão ao visitante a possibilidade de ver e ouvir comentários do próprio Lucio Costa sobre todo o acervo ali exposto. No mezanino do museu, reservado exclusivamente a Brasília, o público entrará em contato com o contexto em que Brasília nasceu por meio dos originais do Plano Piloto apresentado no concurso e dos estudos que o precederam.
Outro ambiente da exposição mostrará o marcante e inusitado projeto de Lucio Costa para o Pavilhão da Trienal de Milão, em 1964, chamado Riposatevi (Repousem), que será reproduzido em escala 1/1 com quatorze redes de dormir, nas quais os visitantes poderão relaxar.
A exposição contará, ainda, com programa educativo, um seminário internacional e fará parte da programação do encontro do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco a se realizar em Brasília, no final de julho. Será também lançada, pela PubliFolha, a 3ª edição do livro "Lucio Costa – Registro de uma Vivência".
Progrme-se: Exposição Lucio Costa – ArquitetoData: De 13 de maio a 03 de agosto.
Local: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República Setor Cultural Sul, Lote 02, Esplanada dos Ministérios - Brasília – DF. Tel.: (61) 3325-5220 / 6234. Horário de funcionamento: De terça a domingo, das 9h às 18h30. Entrada franca.
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Secretaria de Cultura do Distrito Federal
Anexo do Teatro Nacional Claudio Santoro: (61) 3325-3144 e 3325-6218
Centro Administrativo do GDF: (61) 3355-8631 e 3355-8673