Grafiteiros premiados
Cultura em 13/10/2010 às 22:28O Sesi-DF divulgou os vencedores do Concurso de Grafite Pintando Minha Capital, em parceria da Central Única das Favelas (Cufa-DF). Doze grafiteiros do DF reproduziram, em painéis de compensado, os desenhos enviados para a seletiva - todos alusivos aos 50 anos da capital federal. Os três primeiros colocados foram na ordem Stevie Ramos de Abreu, Otávio Silva de Oliveira Lima e Fernando Elom da Costa, que levaram para casa premiação em dinheiro.
O destaque nos desenhos foi a presença marcante da figura do artista plástico Athos Bulcão. E foi exatamente o desenho em grafite deste renomado artista e arquiteto que garantiu a Stevie o primeiro lugar no concurso. "Geralmente, as homenagens a Brasília estão sempre ligadas às figuras de JK e Niemeyer. Eu quis homenagear Brasília por meio do artista Athos Bulcão", relatou o artista. Os painéis irão virar uma exposição itinerante em empresas do DF e Entorno.
Poema: Luis Turiba
Cá na Terra refletiu-se a ferida suicida
Sentiram-se pingos na noite... era sangue, chuva de vida
No canto da mãe sereia pautamos uma nota fria
Mas não sossegamos nisso. Fomos aos Alpes suiços e fixamos um aviso: dos signos, a linguagem é a mais subversiva.
E saímos a bordar paredes após paredes, brincando com a mão do mundo como quem tem fome ou sede...
Bem no Pico do Himalaia: se isso não é ímpar, é Maia
Nas cordilheiras dos Andes: pinocheteiros se mandem
No doce do Pão de Açúcar: eta vidinha insossa!
Na Estátua da Liberdade: teje presa, teja solta
Nos pastos da UDR: queremos leite é de moça
Tudo em letras garrafais, invisíveis, fortes, foscas
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Nada ssscapa do ssspaço de uma sspreytada de spray.
Spreytamos a monarquia, a coroa e o próprio Rey, que nu, como bem nascido, pichamo-lhe o corpo de uma cor e de outra o pobre umbigo.
Na Sibéria um carnaval
No Nepal um samba-enredo com sotaque oriental
Ideogramas chineses voaram dos dazibaos
E três hai-cais japones pousaram no Senegal
Em Wall Street alertamos pra praga dos pre-datados
No deserto do Saara camelamos enlatados
Em Manhattan desenhamos limunises e rataza NAS
E no Rio de Janeiro: aid's ti Copacabana
Lançamos Jesus pra Cristo e Picasso pra Platão
Ressuscitamos Virgílio, Nero, Pelé, Lampião
Nas fábricas nossos grafitis são sempre secos e breves
Fome! Falta! Fila! Falha! Greve! Greve! Greve! Greve!
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Na Escócio escoçamos uma garrafa de alambique, atravessando o Mancha manchados de mandraquices
No Torre Eifel penduramos tigres de papel crepom
Em Beirute nós berramos: carro-bomba não é bombom!
E nesse picha-picha-picha que não tem lixa que limpe
Paredes são galerias, taças - que tal um brinde??!
Pois....
Transmuta armas em flores e aroc-íris em fados
É que esses riscos supersônicos, mensagens do além do além
Têm muito mais que o anônimo daquilo que todos vêem
Em uma jatada de ciscos, sem estrondos, horror ou gritos
No riso de um simples elo, passa a ser templo ou sorvete,
Pirulito ou caramelo
Une judeus-palestinos
Separa a foice e o martelo
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